Fomento em marcha, pode deduzir-se que, no complexo da electricidade nacional, os sectores da produção e transporte se encontram devidamente dotados para que este país possa ver assegurado o seu futuro abastecimento de energia eléctrica nas condições permissivas do progresso constante do seu uso, como ocorre em toda a parte.

Aliás é sabido de todos hoje que não basta produzir e transportar, pois a técnica e a economia de tais operações são inadequadas não só às utilizações mais vulgares e frequentes da corrente eléctrica, como a sua difusão pela superfície do território nacional.

E essa difusão é indispensável, pois para 99 por cento dos utilizadores da energia eléctrica, é esta que procura aqueles, e não aqueles que se deslocam para junto desta.

Se o sucesso e desenvolvimento do uso da electricidade se explicam pelas virtudes próprias desta forma de energia, é, com certeza, primordial neles a influência da facilidade e comodidade da sua distribuição, que permite utilizá-la em qualquer recanto sem as sujeições, por vezes irremovíveis, que nutras fontes de energia, como a lenha, o carrão, o petróleo, etc., apresentam.

Isto significa que o sector da distribuição de electricidade é, pela sua missão, tão importante como o da produção ou transporte, formando todos um conjunto

cujo desenvolvimento harmónico tem de verificar-se para que a colectividade obtenha da obra feita ou do dinheiro gasto o maior rendimento possível.

Ter centrais porá produzir energia e não ter linhas para a transportar já toda a gente sabe que não está bem.

Até já se sabe que é preciso ter linhas para interligar as diferentes centrais.

Mas ter uma coisa e outra e não ter redes de distribuição que possam entregar u todos os portugueses a energia produzida e que lhes faz falta para as suas actividades industriais, comerciais, agrícolas, artesanais, domésticas, etc., é aleijar o conjunto, impedindo-o de dar todos e talvez os melhores dos seus frutos, e a perfeita noção de que assim é parece não ressaltar ainda tão firme e evidente à consciência dos portugueses como as duas primeiras.

O esforço feito em centrais e transporte dará menor, muito menor rendimento à colectividade nacional, se não se verificar o correspondente e harmonioso desenvolvimento do sector da distribuição.

A confirmação insofismável do que se afirma encontra-se nos números do quadro seguinte, que estabelecem uma relação entre os investimentos de vários países nos três sectores considerados:

(Ver quadro na imagem)

E para dar uma breve ideia da importância em valor absoluto do sector da distribuição, acrescenta-se que a despesa inglesa andou por 40 milhões de libras e a americana por 1290 milhões de dólares.

Mais importante ainda é o facto do se verificar ao longo de muitos anos o quase paralelismo destes investimentos e só assim, como .atrás se disse, o complexo eléctrico pode fornecer todo o seu rendimento.

Não consta de documentos oficiais o que o País tem feito no sector da distribuição e só agora o Plano de Fomento inscrevo previsões de investimentos para tal efeito, previsões cuja modéstia esta Câmara já teve ocasião de apreciar (vide parecer da secção de Electricidade sobre o Plano de Fomento) e que praticamente não se concretizaram além do que representa a concessão de comparticipações pelo Fundo de Desemprego, cujo valor o que consta dos números do quadro seguinte:

Pode assim concluir-se que o sector da distribuição está muito atrasado em relação aos outros dois e que esse atraso se agravará caso não se lhe dedique aquele somatório de esforços e capitais em proporção com o que se faz na produção e no transporte.

Pela analiso dos números citados e do que se escreveu, a situação de atraso do sector da distribuição já devia ser mais saliente aos olhos da Nação, e parece interessante explicar, de forma muito concisa e breve, porque o não é na escala devida, a fim de cada um melhor se preparar para acolher, compreendendo, que em matéria de distribuição o País precisa de fazer um esforço enorme se quiser tirar da electricidade que está em vias de produzir - todo o proveito material e social, semelhantemente ao que acontece nos países já avançados neste ramo de economia.

Duas ordens de razões fazem menos aparente a deficiência da distribuição. As (primeiras derivam do facto de os investimentos iniciais na produção e transporte, por grandes que tenham sido, se destinarem principal-