O problema das receitas extraordinárias será analisado com maior pormenor no respectivo capítulo. Agora apenas se dirá que o que se contém em «Diversos» provém de entregas do Fundo de Fomento Nacional e de fundos de contrapartida ainda relativos ao auxílio americano. Com as limitações mencionadas acima verificou-se que o volume, destas receitas, quando expresso em escudos do ano, foi o mais alto até agora atingido. Também se pode acrescentar que parece não ter havido dificuldades na sua cobrança. O ano de 1953 foi um ano que muitos consideram bom na relatividade do meio, em matéria de produção, porque as colheitas em geral ultrapassaram as médias nos trigos e no vinho e foram excepcionais no azeite, além de altos preços em produtos como a cortiça, o café e outros, com reflexos na economia metropolitana e ultramarina. De admirar é que as receitas ordinárias não fossem superiores às obtidas.

Se, na verdade, o sistema tributário se baseasse nos rendimentos, com certeza isso teria acontecido, embora deva acrescentar-se que em outros anos haveria talvez dificuldades em atingir as cobradas.

Receitas orçamentadas e cobradas Manteve-se no mesmo nível a diferença entre as receitas ordinárias orçamentadas e as que foram efectivamente cobradas. A diferença nos últimos dois anos tem andado à roda de 700 000 contos, bastante mais do que nos anteriores. Não se vê bem a razão desta súbita elevação na diferença. Em 1952 orçamentou-se menos do que em 1951, mas em 1953 o aumento foi grande. Apesar disso, a diferença para mais foi sensivelmente a mesma, como se nota a seguir:

Nota - Nos anos de 1938 e 1999 não foram incluídos neste mapa os créditos especiais nas receitas, orçamentais, o que se fez agora.

É interessante notar que em 1942 e 1943. anos de grandes saldos na balança de pagamentos, se deu também fenómeno idêntico - quer dizer: houve grandes desvios entre as receitas orçamentadas e cobradas. O facto foi relembrado neste lugar o ano passado.

Relação entre as receitas e despesas ordinárias e as extraordinárias O saldo de gerência obtém-se pela diferença entro o conjunto das receitas e o das despesas. Sem entrar por agora no estudo das despesas extraordinárias, tendo em conta os preceitos constitucionais, pode desde já dizer-se terem sido muito elevadas as despesas extraordinárias embora se não avizinhassem ainda do período posterior à guerra, data em que atingiram valores bastante altos, com as consequências bem conhecidas.

Em 1953 ultrapassaram o milhão e meio de contos, pagos em grande parte por força das receitas ordinárias, que tiveram grandes excessos, como indicado.

No quadro seguinte dá-se a diferença entre as receitas e despesas extraordinárias:

A diferença foi pago por força dos excessos das receitas ordinárias, que um 1953 contribuíram para esse pagamento com 1 251 874 contos, um pouco mais do que em 1952. Deve, contudo, notar-se que neste ano foram bem menores as despesas extraordinárias, como, aliás, se nota no mapa.

Nos números acima indicados está incluído o produto de empréstimos, que nos últimos anos quase constituíram a totalidade das receitas extraordinárias.

No quadro seguinte estão deduzidos os empréstimos.

Apenas nos dois últimos anos se notam receitas extraordinárias que não provêm de empréstimos, e já se indicou acima a sua origem - quer do auxílio americano, quer de entregas do Fundo de Fomento Nacional.