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Estes produtos representam 65 por cento das exportações totais. A cortiça por si só conta com perto de 20 por cento. Os tecidos de algodão e vinhos dependem em grande parte do mercado ultramarino.

Os problemas da exportação são por isso perigosos. Há necessidade de procurar diversificar as produções, conquistar mercados para outras mercadorias susceptíveis de serem exportadas, algumas das quais já foram indicadas nos pareceres das contas, e sobretudo aumentar a actividade produtiva interna.

Importância do comércio externo na metrópole e no ultramar Um dos índices da projecção da comunidade portuguesa na economia mundial é, sem dúvida, o do volume e valor das suas trocas com o resto do Mundo. Para avaliar essa importância há que considerar as importações e exportações da metrópole e dos territórios de além-mar.

Não é possível, infelizmente, para os últimos anos oferecer resultados para todas as províncias. Os dados da Guiné só alcançam até ao ano de 1951. Haverá vantagens em actualizá-los, de modo a que seja possível obter uma visão de conjunto para todos os territórios metropolitanos, africanos e asiáticos. Por outro lado, Gabo Verde é entreposto marítimo de relevo: importa combustíveis sólidos e líquidos para abastecimento da navegação sul-atlântica. Neste caso as importações são anuladas pêlos abastecimentos: há apenas uma troca de valores sem efeito na economia da província, além do pagamento de serviços e parte dos lucros resultantes dos negócios, quer pela estada de barcos quer por gastos das t ripulações.

No entanto, com a utilização dos números apurados, e excluindo a Guiné, é possível formar um quadro interessante, que dá vista geral da importância do comércio externo na metrópole e nas províncias africanas de Gabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique:

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O ano de 1953 foi excepcionalmente interessante para as províncias de África do ponto de vista de exportações, quer pelo seu volume quer pêlos preços atingidos por alguns produtos, como o café. Foi assim possível realizar um saldo volumoso, que, embora longe de anular o déficit tradicional da metrópole, concorreu bastante para o saldo positivo da balança de pagamentos do conjunto da área do escudo.

Contudo, não se pode adormecer sobre os louros colhidos neste ano, dada a natureza errática das produções e a oscilação anormal dos preços de produtos ultramarinos e de alguns metropolitanos. Se for estudado o período de 1949-1953, obtêm-se resultados bastante variáveis e que até certo ponto iluminam o carácter oscilatório da economia nacional.

Os saldos negativos da balança do comércio vistos em conjunto tiveram oscilações nos últimos cinco anos, entre mais de 5 100 000 contos e um mínimo de 1500 000, números redondos. Os números são os seguintes:

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Como se nota no quadro, as províncias africanas beneficiaram em dois anos de saldos positivos na sua balança de comércio com o estrangeiro de quantitativo superior a l milhão de contos.

Não é possível, com os números à vista, determinar os valores dos restantes factores da balança de pagamentos. Seria de grande utilidade procurar obter os que se referem a serviços, visto eles representarem, sobretudo em Moçambique, um papel importante na sua estrutura económico-financeira.

Os saldos da balança do comércio deram-se principalmente em Angola, assim como é ainda esta província que contribui em elevado grau para a carteira de dólares, dadas as suas exportações para os Estados Unidos. Não se devem extrair conclusões apressadas dos números insertos. Eles revelam, contudo, certo vigor da vida da comunidade em matéria de comércio externo.

No último período -1951-1953 - a média do comércio externo aproxima-se de 20 milhões de contos por ano, o que representa cifra respeitável. No entanto, não foi possível irradiar da vida nacional o déficit da balança do comércio, embora num ano, o de 1951, ele não atingisse l 500 000 contos.

Outros elementos na metrópole e em Moçambique concorreram para os saldos positivos da balança de pagamentos, que, no fundo das coisas, interessa fundamentalmente à sanidade financeira e económica da comunidade.

Como foi considerado o conjunto das economias provinciais africanas e da metrópole, excluindo a Guiné, não se levaram em conta as trocas entre os diversos membros da comunidade, quer dizer: as importações e exportações da metrópole com o ultramar e entre as províncias ultramarinas.

Também, por se tratar de números alfandegários, não se consideraram os possíveis desvios nos valores