(...) de certos produtos de preço fixo, em contingentes a exportar para a metrópole e vice-versa. Possivelmente o somatório das quantidades exportadas alteraria os resultados aqui ou além. Mas no conjunto seria de pouca importância a sua influência. Os problemas levantados pelo exame cuidadoso do comércio externo na área considerada são sérios e complexos, porque Angola vive das exportações, e, embora seja grande em Moçambique a influência do valor dos serviços que presta aos países vizinhos, sobretudo à União Sul-Africana e à Rodésia, que se hão-de acentuar com a exploração da linha férrea do Pafuri, também nesta província as exportações têm grande relevo.

Os territórios de além-mar são, por natureza do seu próprio desenvolvimento, grandes consumidores de produtos especializados. Necessitam, além disso, de capitais, que terão de aumentar na medida em que se opera o seu próprio progresso económico.

Uma parte desses investimentos terá de provir da formação de capital dentro de cada província. Assim já tem sucedido até agora. Os auxílios financeiros da metrópole suprem as faltas de formação de capitais internamente sob a forma líquida, que são naturais c até de desejar em países novos, por denotarem vitalidade construtiva.

Natureza das produções ultramarinas Já por diversas vezes se fez notar nestes pareceres o carácter delicado da economia nacional, tanto no que se refere à metrópole como ao ultramar. Aconselhou-se então um esforço coordenado no sentido do que então se designou por «diversificação» das cultura s e das produções industriais.

A economia de um país ou de uma comunidade é tanto mais sã quanto menos riscos se antepuserem ú sua expansão ou estabilidade.

Ora as exportações da metrópole paru o estrangeiro concentram-se em meia dúzia de produtos: a cortiça, as conservas, os vinhos, as resinas, os minérios em tempos de guerra o pouco mais.

Do modo que, quando qualquer destes produtos é afectado por crise de baixa de preços ou outra razão de natureza política, como no caso do volfrâmio, o conjunto da economia ressente-se logo. O volume das importações não tem contrapartida nas exportações.

O exame da balança de comércio da metrópole nos últimos anos assinala bem esta oscilação perigosa. Embora o País tenha obtido resultados satisfatórios das variações de preços de origem política, a própria instabilidade económica destrói o proveito anterior, como aconteceu de 1946 a 1949.

Ao estudar o comércio externo da metrópole nota-se que mais de 60 por cento das exportações provêm de menos de meia dúzia de produtos, entre os quais a cortiça nos últimos tempos ocupa lugar de relevo, com perto de 20 por cento do total em 1953. Se forem excluídos os tecidos de algodão, que escoam a maior parte das suas exportações para o ultramar, os vinhos, as conservas e, em menor escala, o volfrâmio, as madeiras e os resinosos ocupam o primeiro lugar e concorrem com mais de um terço.

Assim, quando porventura se dá qualquer forte oscilação num dos produtos que fornece os 60 por cento ou mais da exportação, a balança do comércio ressente-se gravemente.

Por exemplo: a exploração dos minérios de volfrâmio, no total de 2639 t, que valiam 92 677 contos em 1950, subiu em 1902 para 4398 t, no valor de 553 000 contos, Naquele ano a balança de pagamentos teve o saldo positivo de 426 000 contos, que é menos do que a diferença entre o valor da exportação do volfrâmio entre 1950 e 1952, ou seja 460 000 contos.

Assim, se não fora a alta do volfrâmio, proveniente de acontecimentos políticos externos, seria deficitária a balança de pagamentos. No caso das províncias ultramarinas o problema ainda ressalta melhor.

Com efeito, é delicada a estabilidade da balança do comércio. O seu exame no período 1938-1953 revela persistência de saldos negativos em Cabo Verde e Moçambique, alternativas sérias na Guiné e saldos positivos em S. Tomé e Príncipe e Angola.

Os saldos positivos ou negativos variam com a cotação de poucos produtos.

Tomando S. Tomé e Príncipe, nota-se que em 1953, por exemplo, 99,4 das suas exportações consistiram em cinco produtos, mas só um tem relevância: o cacau. O óleo de palma, o coconote, a copra e o café, que formam os quatro restantes, contam por menos de um terço da exportação do cacau. Nos outros anos acontece coisa idêntica.

Em Angola, dadas as aptidões da sua larga superfície, o número de produtos de relevo é um pouco maior. Mas em 1953, tirando o café, os diamantes, o peixe (seco e farinha) e o sisal - todos com mais de 100 000 coutos e o café com perto de 2 milhões de terço - para todas as outras exportações.

O comércio externo e a balança de pagamentos A balança de pagamentos da zona do escudo tem um saldo positivo de 3 119 000 contos desde 1949 e de 5 155 000 contos nos quatro anos que decorrem de 1950 a 1953.

O déficit em 1949 foi de 2 036 000 contos, e a partir desta data os saldos positivos atingiram nalguns anos, como em 1951, valores muito altos.

Já se explicaram as razões, filiadas em grande parte na alta dos preços que caracterizou a eclosão do conflito na Coreia.

Mas a influência da subida dos preços de alguns produtos nacionais, de origem mineral, agrícola ou florestal, também concorreu muito para as melhorias da balança do comércio e, portanto, para o saldo dos pagamentos.

Os dois produtos de maior projecção no comércio externo são hoje, na metrópole, a cortiça e, no ultramar, o café. A fim de determinar a influência da sobre-