Vejamos em primeiro lugar os totais das despesas reduzidas a escudos de 1938 e de 1953:

(Ver tabela na imagem )

Tem sido muito difícil a recuperação das despesas públicas quando se exprimem, para efeito de comparação, em valores de antes da guerra. E só os de 1953 se aproximam dos de 1938, apesar riu o seu volume, em escudos correntes, ser cerca de duas vezes e meia o daquele ano - 4 892 000 contos em 1903, contra 1 925 000 em 1938.

Seria interessante agora repartir as despesas, reduzidas a denominador comum, pêlos diversos capítulos orçamentais, de modo a verificar onde se encontram as maiores quebras - se em pessoal, em material ou em qualquer outra rubrica. A inflação, que trouxe delicadas alterações na vida orçamental, torna-se ainda mais aparente se forem calculadas as capitações das receitas e despesas públicas nos diversos anos.

A população aumentou bastante e só a partir de 1949 ou 1900 se acentuou a corrente «migratória, que reduziu apreciavelmente os saldos líquidos.

As capitações indicam que a subida pura a normalidade, se se convencionar ser o ano de 1938 normal, ainda tem sido mais penosa, porque a capitação da despesa em 1953, reduzidos os números ao padrão de 1938, ainda nem sequer alcançou deste ano - 256$ em 1938 e 198$ em 1953.

É o que se depreende dos números que seguem:

(Ver tabela na imagem )

Na primeira coluna, a da capitação expressa em escudos de 1938. nota-se a influência do índice de preços e do aumento da população, enquanto na segunda coluna apenas se considera a população. Daí a discrepância que parece existir. Os números da primeira coluna exprimem maior aproximação da realidade, não apenas no que diz respeito à actualização do valor do escudo, mas porque o desenvolvimento demográfico deve acartar logicamente despesas públicas mais acentuadas.

A descida na capitação das despesas ou das receitas não significa nem pode significar progresso - porque progresso implica gradual melhoria de nível de vida -, tanto no que diz respeito a consumos como a outros aspectos relacionados com a vida do Estado.

Parece estar a findar, neste aspecto, o período de depressão orçamental - e com a subida das receitas e despesas, calculadas cm valores de 1938, e com intervenção do factor demográfico, poderá considerar-se atenuada bastante a influência do período guerreiro nas finanças nacionais.

Muitos poderão perguntar se teria sido possível evitar tão forte quebra no valor intrínseco do escudo, pela aplicação, em tempo oportuno, das medida em que habitualmente se utilizam nesse objectivo.

Não vale a pena entrar no pormenor ou na análise da matéria, porque seria agora puramente académica qualquer discussão. Contudo, costuma dizer-se que a experiência « mestra da vida, e, embora com a profunda repulsa por acontecimentos que tão catastróficos efeitos tiveram no Mundo e durante seis anos perturbaram a vida, não é supérfluo assinalar os factos.

Os problemas que as guerras nos legam pesam largamente na vida dos povos e deixam às vezes atrás de si rasto tão pernicioso como as próprias guerras. No quadro seguinte dão-se as despesas ordinárias desde 1928-1929, reduzidas a escudos de 1938 e 1953:

As contas Atingiram 6 4006 548 coutos as despesas ordinárias e extraordinárias. Dado que a subida no índice foi pequena, é relevante o aumento entre 1952 e 1953, a caminhar para os 600 000 contos. O acréscimo representa cerca de 10 por cento e repartiu-se pelos dois capítulos das despesas.

Comparados os dois anos, obtêm-se os números seguintes:

(Ver tabela na imagem )