Os problemas levantados pela análise dos números mostram sintomas agudos de preferência, sobretudo quando comparados com os elementos relativos à rede construída. Os três distritos de Lisboa, Porto e Santarém consumiram cerca de 31 por cento - quase um terço - das dotações, se forem excluídas as imas e os gastos gerais, ou 26 por cento, incluindo-as. Os restantes 69 por cento distribuíram-se pêlos outros distritos.

Estradas Considerando apenas as dotações utilizadas ein estradas, quer na construção, quer na reparação, obtém-se o total de l 642 370 contos para os anos sujeitos a exame. A maior parte foi despendida na conservação e reparação, como pode ler-se nos números do mapa seguinte, discriminados por distritos.

A maior verba pertence aos distritos de Lisboa e Porto, e com mais de 140 000 contos no primeiro e mais de 100 000 no segundo. Se forem excluídos os serviços centrais e as ilhas adjacentes, os dois distritos consumiram quase 18 por cento do total gasto em estradas desde 1946 e aos restantes quinze distritos compete a diferença.

Nas verbas de conjunto, além de Lisboa e Porto, já mencionadas, há a destacar: Beja, Santarém, Évora, Aveiro e Setúbal, com dotações superiores a 80 000 contos; entre 50 000 e 80 000 encontram-se os distritos de Braga, Portalegre, Guarda e Leiria com mais de 70 000. Castelo Branco, Viseu e Faro com mais de 60 000 e finalmente Coimbra e Bragança com mais de 50 000.

Os outros distritos de Vila Real e Viana do Castelo tiveram dotações gastas para construção e conservação, de 1946 a 1953, inferiores a 50 000 contos.

Estas dotações referem-se a conservação e reparação e à construção de novos vias.

Na construção as verbas para os oito anos totalizaram 662 000 contos, excluindo as ilhas, mas incluindo perto de 100 000 para os serviços centrais. Talvez com propriedade se possa dizer que as verbas gastas directamente na construção de estradas, nos últimos oito anos, andam à roda de 564 000 contos. Lisboa, com 80 284 contos, representando 14,2 por cento, é o distrito de maior consumo, com larga margem, seguindo-se o Porto, com 46 458, e Setúbal, com 41 657.

O que se utilizou em novas vias nalguns distritos, como Vila Real, Viana do Castelo e Viseu, não chegou a 20 000 contos em oito anos e em certas regiões, afastadas do litoral as verbas nSo atingiram 30 000.

Quanto à conservação e reparação, também o distrito de Lisboa, com 57 640 contos, é o primeiro consumidor de dotações, seguido por Beja, Santarém, Évora e Porto, todos com mais de 50 000.

Ainda neste aspecto, de consumo de verbas, os distritos de Viana do Castelo, Tila Beal, Bragança, Castelo Branco, Faro e Guarda se apresentam como os menos contemplados.

Os problemas que estes números levantam são sérios e dizem respeito ao próprio desenvolvimento económico de zonas bastante povoadas. Se forem conjugados com os relativos às receitas dos municípios dos distritos mais afastados, e, por consequência, com as possibilidades de construção de estradas municipais e caminhos vicinais, ainda aparece mais nítido o estado de atraso de uma larga área escassamente dotada de comunicações e, por esse motivo, em circunstâncias que dificultam o aproveitamento das -possibilidades agrícolas ou industriais que porventura encerrem.

Parece ser indispensável estabelecer um plano de revalorização e recuperação de muitas dessas áreas, tendente, em primeiro lugar, a orlar condições de desenvolvimento regional, de modo a melhorar os seus rendimentos e o seu nível de vida. As comunicações desempenharão um papel do grande relevo, e já se provou que, por si, podem concorrei para consideráveis melhorias.

Não é impossível, por política adequada de distribuição de verbas, num programa razoável e prático de comunicações, transfoimar, em relativamente pouco tempo, zonas de estagnação económica confrangedora. Deve também ser essa uma das finalidades da Junta Autónoma- de Estradas, em conjunção com outros órgãos do Estado. A importância total despendida em pontes somou 261 217 contos, mas mais de metade foi gasta na Ponte Marechal Carmona, em Vila Franca de Xira, que custou 137 000 contos.