(ver tabela na imagem)
Nota-se imediatamente a relação entre os depósitos totais e os saldos da balança de pagamentos.
Em 1941, 1942, 1943, 1944 e 1940 os depósitos subiram consideravelmente. Nesse período os saldos da balança de pagamentos somaram cerca de 15,6 milhões de contos.
Grande parte das disponibilidades da balança de pagamentos - os 15,6 milhões de contos mencionados - avolumou os depósitos em bancos e caixas económicas, sobretudo os dos primeiros.
Se considerarmos que a balança de pagamentos se refere à metrópole e ao ultramar e os depósitos apenas dizem respeito á metrópole, teremos estabelecido a correlação uma e outra.
Mas o quadro também nos dá indicações interessantes sobre a relação entre depósitos e balança de pagamentos, que foi deficitária em 1947, 1948 e 1949.
Nestes três anos o déficit atingiu perto de 8 milhões de contos. Os depósitos diminuíram de 16 mil hões em 31 de Dezembro de 1946 para 14,8 milhões no mesmo dia de 1949. A baixa não foi tão acentuada como seria de prever.
Para explicar o fenómeno haveria que considerar as disponibilidades do Tesouro e outras entidades financeiras no Banco de Portugal, que, até certo ponto, enfrentaram as saídas ocasionadas pelo déficit da balança de pagamentos naqueles anos.
Os depósitos e o índice de preços
Há-de ver-se adiante, quando forem traduzidos em escudos de determinado ano, e para o efeito se tomaram os anos de 1938 e 1953, que não parece oferecer grandes perigos o uso do índice de 1927, visto apenas se requerer aproximação relativa.
Com efeito, comparando os quantitativos respeitantes aos últimos cinco anos (1949-1953), expressos tanto nos índices de 1927 como no de 1948, bastante mais aperfeiçoado, nota-se serem pequenas as diferenças - cerca de 5 por cento no caso mais extremo.
O nível de preços está também em relação com os depósitos, como se deduz do quadro III. Os surtos no índice, a partir de 1940, são bastante acentuados. Por exemplo: entre fins de 1940 e 194i a elevação do índice foi de 117 pontos, os depósitos subiram 7,576 milhões de contos e o desenvolvimento da balança de pagamentos atingiu cifra bastante alta, como indicado - cerca de 2 milhões de contos de aumento.
No período da crise desta última, a partir de 1947, a variação nos depósitos e no índice foi muito pequena.
Mas logo que de novo se acentuáramos saldos, tanto os depósitos como o índice de preços retomaram a ascensão primitiva, até atingirem os máximos em 1953, respectivamente 18,5 milhões de contos nos depósitos e 292,3 por cento no índice de preços (1927=100), ou 116 (1948=100).
É evidente que a subida dos preços não derivou só dos importantes saldos na balança de pagamentos, que trouxeram maiores rendimentos e maiores consumos.
A alta dos preços assinala-se a partir das dificuldades no Oriente e só se estabiliza, com tendências para diminuir, a partir do segundo semestre de 1953. Aliás, outro tanto aconteceu na maior parte dos países europeus.
Origem e natureza dos depósitos
Com efeito, os investimentos disponíveis dependem em grande parte do saldo entre os rendimentos e os consumos.
A acumulação destes saldos e a sua identificação constituem um elemento de grande influência no desenvolvimento económico de um país.
Parecem demonstrar os números que a evolução dos depósitos está intimamente relacionada com a evolução dá balança de pagamentos.
No longo período que decorreu desde 1939 há apenas três anos com saldo negativo. Nos quinze anos (1939-1953) o saldo da balança de pagamentos obtém-se deste modo:
1939-1946 ............. + 17 053
1950-1953 ............. + 5 155
Saldo positivo .... + 14 244
O aumento nos depósitos (na metrópole), no mesmo período de tempo, atingiu 14 300 000 coutos - cifras bastante similares, se atendermos a que a balança de pagamentos se refere também ao ultramar.
Quer dizer: os saldos da balança de pagamentos (seria melhor dizer balança cambial) alcançaram 14,2 milhões de contos em 15 anos e o aumento de depósitos elevou-se a 14,3 milhões.
Convém reter estes números, porque eles comandaram a vida económica, e até financeira, desde o início da guerra.
Assim, parece não haver dúvidas de que uma das origens dos depósitos foi indubitavelmente a considerável melhoria na balança de pagamentos durante a guerra, e também no período de 1950-1953, em que houve dificuldades políticas internacionais. Deve acrescentar-se às consequências da guerra a alta nos preços de alguns produtos ultramarinos (café) e metropolitanos (cor-