menos na ordem moral por serem divergentes as opiniões sobre, a conveniência de favorecer a natalidade.

Bem sabem todos os que me ouvem que há países onde se faz política da natalidade, quer procurando aumentá-la, quer procurando restringi-la. A divergência depende, de serem diferentes os propostos. No primeiro caso é o de engrandecer a nação pela multiplicação dos cidadãos, em que reside a primacial força dos estudos ,e a garantia da, persistência vitoriosa da, raça; no segundo caso é o de conseguir um melhor nível de vida pelo maior quinhão que a cada um caberá dos recursos nacionais.

Na pequena medida dos meus conhecimentos de economia social, tenho estudado este assunto, sumamente interessante pura um apaixonado pêlos problemas etnográficos. E cheguei à conclusão de que quem tem razão, por todos os motivos, são os que pregam por alta natalidade. Não é aqui a ocasião apropriada à exposição dos argumentos em que me apoio; seria alongar este arrazoado sem utilidade para a matéria de que trato.

Os tão falados alto nível de vida e superpopulação têm muito que se lhes diga

Não que seja, em princípio, partidário de uma activa, imperiosa política demográfica. O Estado deve intervir o menos possível no foro íntimo dos indivíduos. Que tenham ou não tenham filhos; os casais, é questão que só a este respeita. Mas porque os casais prolíficos são os que asseguram, repito, a continuidade da Nação e mais contribuem para uma saudável vida social têm de se galardoar com obreiros do futuro da Pátria.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Em suma, alinho entre os que entendem que os subsídios familiares devem estender-se a todos os casais com filhos, tanto aos que sem eles não podem criá-los satisfatoriamente, como aos que podem dispensá-los, e a estes como reconhecimento da mencionada, contribuição patriótica.

De resto, ainda que fosse apologista de uma política demográfica de incitamento à fecundidade, ela não seria precisa entre nós. Apesar da quebra que tem sofrido, na esteira de uma corrente mundial, a natalidade portuguesa é ainda alta figurando no cimo da escala de quotas natalícias dos países da Europa civilizada, com uma taxa de 23,6 nados-vivos por 1000 habitantes no último triénio.

Sr. Presidente: assente que os casais com filhos devem receber subsídios, o que há a discutir é a maneira de os estabelecer. Por igual, na razão aritmética do número de filhos ou tanto mais valiosos quanto maior for o número destes?

Para emitir opinião sobre este ponto á preciso ver quem concorre para a futura população nacional, se são as famílias com pequena prole ou se são as famílias numerosas.

Ainda alguns números, extraídos de dois mapas do último censo da população: um diz respeito às mulheres não solteiras segundo o números de filhos havidos, tendo em conta a idade à data d o último casamento; outro respeitante ao número de filhos vivos dos casais. Do primeiro mapa aproveito a parte respeitante a mulheres de longa vida matrimonial, com o máximo de 29 anos de idade à data do casamento, pois são estas as que podem dar melhor ideia da produtividade de novos seres.

Feitas as operações sobre os elementos ali exarados, simplificando, cheguei aos resultados que menciono a seguir.

(Ver tabela na imagem)

As que não tiveram filhos figuram na proporção de 11 por cento, um pouco exagerada, pois fisiológicamente deve andar por uns 8 a 9 por cento o número de casais estéreis, por vias masculina e feminina juntas.

As que ,só tiveram um filho representam 17.8 por cento do total, o que sai fora das normas, pois não é admissível que em tão larga proporção tivessem cessado em curto prazo a vida conjugal ou tivessem ficado impossibilitadas de gerar por virtude de lesões resultantes do primeiro parto; anda aqui, com certeza, influência malthusianistar, movida por egoísmo, mal sabendo esses pais o futuro que os espera, de preocupações constantes se amam o rebento único, e o destroço, em regra irreparável, se ele vem a faltar.

Para que a população do País não diminua nas actuais circunstâncias da nupcialidade e natalidade ilegítima é necessário que cada casal tenha, em média, dois filhos.

Na série que acabo de apresentar a média foi de 3,6. Tal produtividade só alcança este valor graças às famílias numerosas, com quatro filhos, pelo menos, às quais coube mais de três quartas partes da nascença total; e entre elas apreciável parcela compete às de abundante prole, de oito ou mais filiais, que contribuíram com um terço desse total.

Se a natalidade ilegítima baixar para razoáveis termos, então será preciso que cada casal produza mais de dois filhos, e mesmo mais de três se a natalidade continuar a descer.

Do segundo dos aludidos mapas aproveito a parte relativa ao número de filhos- vivos, à data do recenseamento da população, na generalidade dos casais, para verificação da importância assinalada às famílias, numerosas. Eis o que diz:

(Ver tabela na Imagem)

A média de filhos por casal era para a totalidade dos casais, de 2,5.

A proporção em que os casais com quatro