curadas, em afluência impossível de atender, por católicos e não católicos.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Bem podia aspirar-se a que alargassem o âmbito da sua acção não só ampliando os cursos técnicos, como pela fundação de outras escolas de grau de ensino mais elementar. Confiado à sua iniciativa e orientação, desde que lhes fossem assegurados com garantias de continuidade os meios materiais necessários para semelhante empreendimento .

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - A obra do ardina, existente em Lisboa e em Coimbra, é também um testemunho vivo do que pode a acção educativa, integral, em meios que tão prejudicados são pela lacuna a que tenho estado a referir-me, pois tem levado o autêntico garoto da rua à categoria de operário competente no seu ofício e de sã formação moral.

Para a educação de raparigas, o semi-internato» depende da Assistência aos menores (secção da Casa Pia) e dirigido pelas Irmãs Missionárias de Maria é também um exemplo colhido dentre outros - este, em regime oficial de cooperação com o Estado - para levantar sugestões sobre este importantíssimo problema, dados os resultados magníficos que tem sido possível obter.

A acção educativa realizada a maneira destas instituições - estas citações não invalidam os méritos de algumas outras - em que predomina o externato e semi-internato, seria suficientemente completa para que ficassem reservados os internatos para os casos em que a família não existe ou é extremamente deficiente do ponto de vista educacional.

Dentre as instituições desde natureza não há obra que sobreleve a magnífica «Obra do Gaiato», fruto de uma imensa caridade, cujo fundador, o padre Américo, merece a veneração e o reconhecimento de todos os portugueses.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

A Oradora: - É, no entanto, sabido que a família, quando existe e apenas dela se afastaram os filhos por motivo de pobreza, esquece facilmente os seus direitos e os seus deveres. E a criança, o adolescente criado em ambiente de asilo, em regime de internato, só com dificuldade se forma eficientemente para a vida real em que há-de tomar um dia o seu lugar; consegue-o, porém, quando as instituições em que faz a sua educação têm o cunho de lar, o ambiente da família que lhe falta, e o amparam como seu próprio filho, carinhosamente, ainda depois do dia em que ele as abandona.

Sr. Presidente: alonguei-me excessivamente, abusando da paciência e da atenção da Câmara (não apoiados). É que eu tenho vivido tão apaixonadamente este assunto que só lamento não o ter tratado com a largueza que desejava.

É tão consolador ouvir da boca dos estrangeiros e dos portugueses que se ausentaram e hoje regressam à Pátria a afirmação do espírito renovador que anima o País, é tão grato, sobretudo, sentirmos a verdade que existe nas suas palavras, que bem podemos dizer que a Revolução faz lembrar as grandes conquistas de outrora, os grandes empreendimentos que nos deram a conhecer ao Mundo.

E nós sabemos, nós confiamos em que a «Revolução há-de continuar enquanto houver um lar sem pão»!

Quando nós tombarmos outros hão-de seguir-me no render da guarda, com novas luzes, novas energias e o mesmo amor à Pátria. Há que merecê-los, há que prepará-los.

Os rurais, os pescadores, os operários, os técnicos, os intelectuais, os missionários ... um a um, todo s os portugueses.

Esta é a preocupação do País.

Esta é a nossa, das famílias.

Pobres e ricos, ignorantes e cultos, todos nos unimos na mesma inquietação: o futuro dos filhos. Podemos pensar com naturalidade em dispensar o supérfluo, em

reduzir o essencial, em dividir em minguadas fatias o

último bocado de pão, em trabalhar sem repouso, e ainda seremos felizes se nos luzir como uma esperança radiosa o futuro daqueles que são uma parcela da nossa vida.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Este é o problema educacional português, em toda a sua medida.

Resolver-se-á, querendo Deus, quando desaparecerem os compartimentos estanques entre aqueles que o têm nas mãos.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Quando ele se tornar cada vez mais objectivo na solução do pormenor, mais amplo na visão conjunta.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Quando a unidade de pensamento, a perseverança de sistema, a continuidade de actuação sobre a criança, façam dela um valor.

Trabalharemos, pois, todos e cada um como se tudo dependesse de nós, confiando em Deus, porque tudo depende D'Ele, nós, as famílias, na vanguarda, esclarecidas e amparadas pela Igreja, que é a dispensadora das luzes e graças necessárias à nossa missão; auxiliadas, protegidas, social e económicamente, pelo Estado, com a eficácia de quem tomou como sua a nossa preocupação.

Assim poderemos estar cada vez mais à altura da nossa missão.

Assim poderemos responder «presente», e essa será a nossa maior honra e alegria.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

A oradora foi muito cumprimentada.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão. A próxima será amanhã, com a mesma ordem do dia de hoje.

Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas c 30 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão

António Augusto Esteres Mendes Correia.

António Bartolomeu Gromicho.

Caetano Maria de Abreu Beirão.

Carlos de Azevedo Mendes.

Francisco Eusébio Fernandes Prieto.

Manuel de Magalhães Pessoa.

Manuel Maria Múrias Júnior.

Ricardo Malhou Durão.

Rui de Andrade.