Pelas 17 horas deu entrada na sala das sessões o Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, S. Ex.ª o Sr. Dr. João Café Filho, acompanhado pelos membros das Mesas da Assembleia Nacional e da Câmara Corporativa.
Na tribuna da direita encontravam-se já os Ministros das relações Exteriores e da Marinha do Brasil, Ex.mos Srs. Dr. Raul Fernandes e Vice-Almirante Edmundo Amorim do Vale, acompanhados dos demais membros brasileiros e portugueses da comitira presidencial.
Na tribuna da esquerda assistia todo o Corpo Diplomático acreditado em Lisboa.
Recebido de pé e com calorosa oração pelos Srs. Deputados e Dignos Procuradores, o Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, acompanhado dos Presidentes das duas Câmaras, dirigiu-se para a Mesa e, a convite deles, tomou o lugar da presidência.
O Sr. Presidente da Assembleia Nacional ao abrir a sessão, pelas 17 horas e 5 minutos, proferiu as seguintes palavras:
Em nome da Assembleia Nacional e da Câmara Corporativa, aqui reunidas, eu quero agradecer a alta honra da presidência de. V. Ex.ª a esta sessão conjunta. É, efectivamente, a maior honra a que podíamos aspirar, ao mesmo tempo a mais expressiva homenagem que poderíamos prestar à Nação Brasileira e ao seu Primeiro Magistrado. O facto passa sobre quaisquer disposições regimentais.
Superior a estas paira a realidade dominadora e simpática da existência duma verdadeira comunidade do nações, que a força não engendrou, que os vinculos políticos não atam, que os interesses mercantis não alimentam nem prolongam.
(Apoiados gerais e aplausos).
Comunidade de história, de língua, de crenças, de sangue, de sentimentos, de espírito de nobres aspirações, que um oportuno instrumento diplomático, em pleno desenvolvimento, felizmente reconheceu e sancionou, ela recebeu hoje aqui, com a presença de V. Ex.ª no seio da Representacão Nacional, a mais solene e a mais comovida das consagrações.
(Grande oração. A assistência, de pé, volta a oracionar o Chefe do Estado do Brasil).
É o sangue irmão, fiel ao longo das idades e na sucessão das gerações, que, dum lado e do outro do Atlântico, se alvoroça e se exalta, no legitimo orgulho do seu nobre passado, nas luminosas perspectivas dum grandioso destino comum.
As duas Câmaras exprimem, Sr. Presidente, os mais calorosos votos para, que essa comunidade seja cada vez mais intima, mais forte, mais eficiente, com maior projecção no Mundo, para que os dois povos irmãos mais e mais se compenetrem de que ainda há na vasta humanidade gloriosas missões de civilização e de paz a realizar conjuntamente.
(Calorosos aplausos).