que tantas vezes esgotou os cofres do Estado com as importações maciças.

Tenho presentes elementos fornecidos pelo organismo oficial - a Federação Nacional dos Produtores de Trigo -, em boa hora criado e que tem sabido corresponder às necessidades da lavoura, devido à inteligente orientação dos seus dirigentes.

Tirei dos números referentes aos últimos dez anos os seguintes elementos, que são elucidativos e por isso não me dispenso de citar.

O trigo adquirido a lavoura por aquele organismo foi:

(Ver tabela na imagem )

Analisando estes quadros, verificamos que o trigo produzido no Pais, nos primeiros cinco anos, passou de 126 259 736 kg em 1945 para 198 446 100 kg em 1949, o que representa um aumento sensível.

Nos cinco anos seguintes, a principiar em 1949, ano em que a tabela dos preços passou a ser publicada no inicio das campanhas, a produção aumentou de forma mais sensível: de 198 446100 kg nesse ano subiu para 488.517 048 kg em 1954, devendo ainda aumentar este numero, pois está indicado só até 25 de Janeiro de 1955, data em que há ainda trigos a entrar.

As correspondentes importações, que tinham aumentado de 189 447 822 kg em 1945 para 230 270 052 kg em 1949, baixaram em 1950 para 158 040 019 kg, continuando a baixa até 29 210 690 kg em 31 de Dezembro de 1954.

O aumento das produções nacionais, traduzido em escudos, fez baixar o valor das importações de 874 778 contos em 1948, ano da maior importação, para 63 445 contos em Dezembro de 1954.

É possível que tenhamos de importar mais algum trigo da campanha de 1954, mas será apenas aquele que por acordos internacionais nos comprometemos a receber.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Se passarmos agora a analisar a evolução da produção média de trigo por hectare, e limitando a análise, para simplificar, apenas aos trás distritos maiores produtores - Beja, Évora e Portalegre -, temos, segundo os elementos colhidos na mesma origem pela Federação Nacional dos Produtores de Trigo e para o mesmo número de anos, os seguintes dados:

Colheitas por hectare em quilogramas

(Ver tabela na imagem )

A leitura destes números mostra-nos que as produções por hectare, que se mantiveram fracas nos primeiros cinco anos até 1948, aumentaram sensivelmente no segundo período, desde 1949, até atingirem em 1953 as produções respectivamente de 1074 ha no distrito de Beja, 1079 ha no de Évora e 880 ha no de Portalegre, o que representa umas boas médias para um clima tão irregular.

Pode dizer-se que fomos favorecidos por uma série de anos com condições de clima favoráveis às culturas. Em parte pode ser certo, mas não devemos esquecer, para ser justos, que os ensinamentos dos técnicos oficiais e a boa compreensão da lavoura em muito tom contribuído para a melhoria das produções.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - As máquinas modernas - a que o lavrador da terra já se habituou e que se encontram às centenas por esse celeiro do País -, além de lhe permitirem o aumento da área cultivada, pela arroteia de muitas terras próprias para trigo, mas que sem a potente máquina não o seriam tão cedo, trouxeram-lhe a possibilidade de fazer uma boa mobilização das terras, com bons alqueives, na época própria, protegendo a futura planta da falta ou excesso de água, e abreviaram as sementeiras, pela rapidez, o que permite escolher a época mais conveniente.

Podemos afirmar que hoje o agricultor da terra se não melhora a sua exploração de forma a torná-la mais económica e progressiva não é por ignorância ou rotina, mas porque tem sempre diante de si o pesadelo das crises periódicas de trabalho, em que é preciso absorver uma grande parte dos milhares de trabalhadores que a indústria ou as culturas de regadio não podem empregar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Sr. Presidente: atrevo-me a afirmar que no ano corrente a presente campanha cerealífera, devido ao excesso de chuvas caído nos longos meses de Inverno, seria catastrófica se as terras tivessem a antiga preparação.

Julgo que esse excesso de água deve ter provocado uma quebra de 25 a 30 por cento na próxima colheita. O trigo que este ano colhermos será em grande parte devido à boa mobilização das terras fortes, quo drenou o excesso de água.

Sem nos determos na análise de outros géneros igualmente necessários à economia, se passarmos aos gados, encontramos uma grande melhoria. Os nossos técnicos