Em 1 de Janeiro de 1955 essas possibilidades aumentaram para o transporte de 385 000 t de carga e 8345 passageiros, isto é, a execução do plano superiormente concebido e facilitado pelo Governo deu-nos um aumento de 68 por cento no transporte de mercadorias e de 136 por cento no transporte de passageiros.

E, se tivermos em conta que a maior velocidade dos novos navios aumentou consideràvelmente a sua eficiência, reduzindo o tempo de duração das viagens, seremos forçados a concluir que o rendimento da nova frota, relativamente à sua capacidade de transporte, se torna ainda bem superior.

Sr. Presidente: em 1945 a marinha mercante nacional movimentou 1 947 888 t de carga. Em 1953 o transporte de cargas em navios portugueses ascendeu a 3 785 876 t, ou seja um aumento de 94 por cento.

O número de passageiros transportados em .1945 foi de 75 000. Em 1953 o movimento de passageiros em navios nacionais atingiu 141 019, o que representa um aumento de 88 por cento.

O grande realizador desta extraordinária obra, é justo dizê-lo, foi o almirante Américo Tomás, actual Ministro da Marinha, a quem desta tribuna presto as minhas homenagens e o preito da minha sincera admiração.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Ao seu espírito clarividente, à sua prudente reflexão, u sua sempre delicada persistência, à sua extraordinária vontade de vencer as dificuldades ou críticas destrutivas, ao seu corajoso ânimo de prosseguir, lutando contra os velhos do Restelo, fica o País devendo uma obra que poderá classificar-se como uma das maiores realizações da nossa época.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - A frota nacional atingiu um desenvolvimento que não teve igual nos anais da marinha mercante e inclui navios de carga com as características essenciais para acudir às necessidades de qualquer transporte, não esquecendo mesmo os casos especiais dos combustíveis líquidos, frutas e gado vivo.

No que respeita à condução de passageiros, temos hoje navios que emparelham ao lado dos grandes transatlânticos e constituem os melhores embaixadores de Portugal nos portos em que ufanamente mostram a sua bandeira.

Gastaram-se na construção das novas unidades perlo de 4 000 000 de contos.

Para ajuda dessa despesa contribuiu o Estado com um empréstimo de 865 000 contos ao juro de 2,75 por cento e cuja amortização deverá efectuar-se em vinte anos.

De juros receberam os cofres do Estado, até hoje, 120:302.007$90. As amortizações pagas até à data totalizam 53:250.000$.

Sr. Presidente: ocupemo-nos agora dos resultados que a economia nacional colheu pêlos serviços da nova frota de comércio, dentro do quadro das chamadas exportações invisíveis.

Para tal teremos de distinguir entre os serviços prestados ao País no tráfego de importação e - exportação e os serviços executados entre portos estrangeiros, a que se dedicam os navios que são dispensados do tráfego nacional.

No primeiro caso, a utilização da marinha mercante portuguesa evita a saída de cambiais correspondentes aos fretes que haveria a pagar aos navios estrangeiros se não possuíssemos navegação própria.

No segundo caso, pelos serviços prestados aos países estrangeiros recebem-se fretes, em moeda estrangeira, que entram no País como divisas importadas.

O quadro seguinte dá-nos ideia da forma como evolucionou a contribuição prestada a economia nacional pela marinha mercante nas duas modalidades acima referidas no decorrer dos anos e à medida que se foi operando o engrandecimento da frota:

(Ver tabela na imagem)

O abaixamento na economia de cambiais nos anos de 1950 e 1951 foi motivado pelo recurso ao Plano Marshall, que, como se sabe, reservou apenas 50 por cento dos transportes aos navios nacionais.

As baixas na importação de divisas verificadas nos anos de 1952 e 19õ3 não foram devidas ao menor volume de carga movimentada entre portos estrangeiros, mas à baixa dos fretes no mercado internacional.

Quer dizer: o benefício para a balança económica, que em 1948 foi de 166000 contos, ascendeu em 1903 461 000 contos, o que representa um aumento de 187 por cento.

O quadro a seguir mostra a posição assumida pela marinha mercante nacional na importação de dois produtos essenciais à vida do País.

(Ver tabela na imagem)

A redução do transporte de cereais em navios portugueses nos anos de 1950 e 1951 foi devida, como se disse, ao recurso do Plano Marshall.

Os números falam por si e dispensam comentários.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Na distribuição dos navios pelos diferentes tráfegos houve sempre a preocupação de, em primeiro lugar, ligar todos os territórios nacionais por linhas regulares de navegação que correspondessem às necessidades de expansão do seu comércio marítimo. Em segundo lugar, levar ao 3 núcleos mais importantes