Como de todos nós é sabido, a posição da balança comercial do Estado da Índia foi sempre deficitária.

Pelo quadro que apresento verifica-se que a diferença entre os valores da importação e da exportação foi subindo negativamente de 1946 até 1950 e que a partir deste ano até 1953 tem vindo a decrescer, baixando o deficit comercial de 71 417 milhares de rupias para 27 539 milhares.

Tem vindo, pois, a melhorar a posição da balança comercial, devido ao aumento do valor da exportação, como no quadro se vê.

Em 1950 aquele Estado chegou a pagar mais de oito vezes o valor do que recebeu; em 1953 pagou pouco mais de dois terços do valor recebido.

A que foi isto devido? Unicamente ao valor das exportações dos minérios de ferro e de manganês.

Os minérios estão a influir consideràvelmente na melhoria da situação económica do Estado da índia.

Em 1949 o valor total do minério exportado foi de cerca de 2 milhões de rupias, em 1951 de 15 811 milhares, em 1952 de 34 7 73 milhares e em 1953 atingiu 57 835 milhares.

São estes valores do minério exportado que têm feito diminuir o saldo negativo da balança comercial do Estado da Índia e tem contribuído para fortalecer a independência económica daquela nossa província ultramarina.

Em 1950 este Estado exportou minério de ferro para a Alemanha, para a Holanda e para o Japão.

No mesmo ano exportou minério de manganês para a Suécia e para os Estados Unidos da América. O manganês é disputado nos mercados mundiais. O desenvolvimento da indústria siderúrgica japonesa tem provocado o aumento da procura deste minério.

Para esclarecer sobre os principais produtos de exportação, quantidades e valores nos anos de 1951 a 1953, vou apresentar o seguinte quadro:

Neste mapa se vê claramente a grande influência que os minérios de ferro e de manganês tem na economia do Estado da Índia em relação aos restantes produtos de exportação.

E, como estes minérios não são exportados para a União Indiana, também se fica sabendo que a economia da nossa província da Índia não se encontra dependente daquela república como mercado consumidor dos seus minérios.

Quanto aos outros produtos, devo esclarecer que outrora a União Indiana era o seu melhor mercado, assim como era também o seu maior fornecedor. No entanto, talvez a seguir ao fim da guerra mundial, começou a sentir-se a pouco e pouco algum desprendimento dos laços comerciais entre a mossa província e a União Indiana.

Desde 1946 vem notando-se que gradualmente o comércio de Goa se emancipa da União Indiana, procurando outros mercados abastecedores, onde encontra maior margem de lucros, além de outras vantagens.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A maior parte das mercadorias importadas fornecida pelo Reino Unido, pelos Estados Unidos da América, pela metrópole e pelas províncias ultramarinas.

Em 1951 recebeu daqueles dois países mercadorias no valor aproximado de 22 milhões de rupias e no mesmo ano recebeu da metrópole e das províncias: ultramarinas mercadorias cujo valor atingiu 12 milhões.

Pelo que acabo de expor se deduz que a situação económica do Estado não se encontra inteiramente dependente da União Indiana. As suas relações comerciais passaram, a ter novo rumo, desviando-se para o Reino Unido, Estados Unidos da América, metrópole e províncias ultramarinas, para alguns países europeus e para o Japão, o que veio provocar uma mudança de valores na sua balança comercial.

O que hoje liga, sob o aspecto económico, o Estado da Índia à União Indiana é o facto de haver dezenas de milhares de goeses a ganharem a vida no território daquela República, tendo deixado em Goa as pessoas de família a seu cargo.

É evidente que o bloqueio económico imposto a Goa, Damão e Diu pelo Governo de Nova Deli teve como consequência imediata o desvio forçado das importações e exportações do Estado da índia.

O espírito de incompreensão e de teimosia pela anexação do território e população da província portuguesa levou o Governo de Nova Deli ao encerramento da sua delegação em Lisboa e à prática de vários actos de animosidade e de política de má vizinhança.

E, afinal, em resultado do bloqueio económico, voltou-se o feitiço contra o feiticeiro, pois o anal recaiu sobre a União Indiana, atingindo directamente aqueles que connosco há muitos anos mantinham relações, comerciais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Opondo-nos dificuldades oficiais ao trânsito de pessoas e de mercadorias o Governo do país vizinho sujeitou a população portuguesa daquela nossa província a ficar privada, de um momento para o outro, dos géneros alimentícios, principalmente hortícolas, que recebíamos da zona fronteiriça de Belgão.