dos direitos aduaneiros, o maior amparo das contas do Estado.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - À parte a estreiteza dos mercadas, que só a melhoria dos níveis de vida, no interior, e uma acção difícil e contingente, no exterior, poderá atenuar, não há grandes dúvidas de que as maiores aflições da nossa indústria provém da debilidade técnica, da concorrência estrangeira e da pulverização dos estabelecimentos.

Privados até agora, e quem sabe por quanto tempo, do apoio laboratorial de investigação e experimentação une outros Estados concedem aos seus nacionais - falta grave e queixa viva que não é só da indústria, mas nesta é mais absoluta -, os nossos fabricantes não encontram para se aperfeiçoarem a mais poderosa ferramenta de civilização moderna, porque não lhe consentem os recursos, como é óbvio e salvo limitadas e raras excepções, afeiçoarem-na por si próprios.

Dizem-nos as contas que no ano de 1953 se gastaram pela Direcção-Geral dos Serviços Industriais apenas 302 contos em tudo quanto pode compreender investigação e estado ao serviço da indústria; o mesmo é dizer que nada, atentas as deficiências com que lutamos.

A criação de um laboratório nacional de indústria tem sido repetidas vezes preconizada, até desta tribuna, e seria claramente tão poderoso factor de fomento que se concebe mal a falta.

Estranho país este, em que se criou e instalou com largueza, aliás avisadamente, um Laboratório de Engenharia Civil, mas se mantêm em vida precária os laboratórios agrícolas e na massa dos impossíveis o laboratório nacional da indústria!

Não há muito tempo que os jornais noticiaram esperarem-se do funcionamento do Laboratório de Engenharia Civil ganhos da ordem de 200 000 contos nos próximos dez anos, por força das economias tornadas possíveis pêlos seus estudos.

Sucedendo isto num domínio mais permeável aos ensinamentos da sabedoria alheia e já rico de mais vasta experiência própria, é lícito perguntar que é que se aguarda para dar à incipente mas indispensável indústria portuguesa o ânimo de um estabelecimento similar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Penso que o laboratório nacional de indústria, a par de investigações novas, haveria de ter acção importantíssima no simples contraste da qualidade dos fabricos actuais e no apuro das suas possíveis deficiências.

O contraste da qualidade, apoiado em normas eficientes, representa a meus olhos o melhor, se não o único meio de reparar os efeitos da pulverização de empresas em que já se caiu e donde muito custará sair.

Condenadas, no nosso mercado pobre, a fazerem-se a concorrência pelos preços à custa da qualidade, só uma verificação constante da solidez, da resistência e do bom funcionamento dos produtos poderá livrar o País de grandes prejuízos e a indústria de grande descrédito.

O Sr. Melo Machado: - Esse é o melhor condicionamento da indústria.

O Orador: - Perfeitamente de acordo com V. Ex.ª Por outro lado, ainda que animados dos melhores desejos, falta a muitos industriais a possibilidade de verificarem eles mesmos, por não poderem sustentar a despesa da aparelhagem de ensaio, a verdadeira perfeição do seu trabalho. Não é raro adquirirmos artigos nacionais que se revelam defeituosas no uso, embora a apresentação traduza evidentes desejos de os fazer bons; ora, a substituição da experiência no laboratório central à experiência pelo público decerto permitiria, a breve trecho, e com segura economia, encontrar os modos de igualar à aparência externa a qualidade intrínseca.

Vozes: - Muito bem!

sofreu novo atraso com a guerra da Coreia, e o consequente rearmamento maciço, mas agora está tomando novas forças e apresenta-se com aspectos que, no dizer tanto dos que a observam de alto, como dos que lhe sentem os embates, já não são só de energia impetuosa e avassaladora, mas sim revestem características de autêntica ferocidade.

E a esta ferocidade que opomos nós? Principalmente a ilusão de defender o consumidor e o leal acatamento de acordos de liberalização de trocas, que, pelos vistos, os outros países consideram remédios excelentes . . . mau para uso externo somente!

Vozes: - Muito bem!

capitalistas.

E nós temos de trabalhar, mas é para o que se vende cá no País, porque os estrangeiros preferem comprar-nos as matérias-primas, e não a mão-de-obra, pois essa a querem eles da sua.

Vozes: - Muito bem!