O Orador: - Para isso adoptemos um lema: ajudemo-nos a nós próprios, em vez de ajudarmos a importação.

E, ainda por mais dura e difícil que seja a luta, mantenhamos os mercados das nossas exportações principais ou tradicionais, tentemos também criar novos mercados para elas, mas não esqueçamos que os riscos de crise geral serão tanto menores quanto forem o número e a variedade dos produtos de exportação. Portanto, há que animar a agricultura e a indústria na venda para o estrangeiro de outras mercadorias. Mas isto sem hesitações, sem quebras de ritmo sem as peias e considerações demagógicas que fizeram perder à nossa agricultura tantos mercados importantes para o seu azeite, os seus ovos, as suas frutas e os seus primores.

Quem interrompe fornecimentos e deixa fugir a clientela raramente readquire a posição comercial que conquistara.

No comércio externo, como em tudo o mais, o segredo da vitória resume-se nesta única palavra: querer.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Camilo Mendonça: - Sr. Presidente: ao subir a esta tribuna para intervir na discussão das contas públicas, desejo, antes de mais, acentuar que não pretendo proceder a uma análise de determinados indicadores, nem fazer qualquer estudo sobre a nossa situação económico-financeira.

Esse trabalho vem sendo feito, ano após ano, com indiscutida competência, mas também com devoção e perseverança, pelo nosso ilustre colega Araújo Correia, relator da Comissão de Contas.

Vozes: - Muito bem!

repartições públicas, ganham a vida como engenheiros, módicos, advogados, etc. Falarei como homem da rua a quem não são indiferentes os problemas do seu país o as aspirações dos seus concidadãos.

Sr. Presidente: para os homens que hoje têm menos de 40 anos - que dentro em pouco serão a maioria, dos Portugueses - o equilíbrio e a estabilidade financeiros, as finanças sãs, constituem uma conquista que não pode estar em causa, uma conquista que não pode perder-se, uma conquista que, sabem-no bem, se fica a dever a Salazar. Quase trinta anos sucessivos de estabilidade financeira fizeram com que não se conceba a possibilidade de viver em instabilidade, mas também com que se vivam outras preocupações, novas aspirações.

E é relativamente inútil procurar satisfazer esses anseios recordando os esforços despendidos, as lutas travadas, moderar essas inspirações invocando riscos que não sentiram, justificar a prudência da acção mostrando a grandeza da obra feita, estabelecer, enfim, confronto com o que acontecia há trinta anos.

Uma coisa é conhecer a situação do País antes do Estado Novo, outra ter vivido essa época. Compreende-se bem que a reacção de uns e de outros tem de ser naturalmente diferente. Para uns é experiência vivida, para outros representa um ensinamento da história próxima, constitui um motivo de gratidão devida a Salazar e aos homens que com ele restituíram o País a si próprio e reconstruíram a nossa vida.

Vozes: - Muito bem!

fez - e foi muito - precisamente o que poderia fazer-se, não admitem outras possibilidades além daquelas, que eles próprios viram, ora estribados num conservadorismo que não pode caber no espírito da Revolução, ora esquecidos de que não pode pregar-se a estômagos vazios, ora convencidos de uma suficiência que não se compreende nem admite na época do trabalho de equipas, e não julguem todos quantos, por isto ou por aquilo, assim pensam que aquela nota poderá ter passado em claro, desapercebida a uma opinião que, a pouco e pouco, até por instinto, foi formando esse sentimento, criando essa funda aspiração.

Nem a minha, geração se formou sob o signo da fatalidade de uma pobreza, nem a evolução social do nosso operariado, em parte pela arrancada dos primeiros anos, em parte pelos efeitos da guerra e da maior conveniência internacional, nem, de uma forma geral, a nossa gente, mercê dos horizontes que se lhe abriram, compreende que, tendo-se realizado as condições do desenvolvimento económico do País, este se não processe no ritmo adequado nas proporções convenientes às possibilidades que iodos sentem ou reconhecem existir.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: desde os pareceres das contas às opiniões, cada vez mais frequentemente expressas, aqui e além, no plano interno; desde os relatórios do O. E. C. E., nomeadamente os referentes a 1953 e 1954, até aos estudos publicados pela O. N. U., particularmente o referente à situação económica da Europa em 1953, no plano externo; o problema do nosso mais intenso desenvolvimento é posto sensível-