não puseram ainda em prática quaisquer medidas de liberalização formal da importação de produtos da zona dólar.

Percentagem da liberalização em 30 de Setembro de 1955 em relação às importações privadas feitas dos Estados Unidos e do Canadá em 1953.

«Ver quadro na imagem» É demasiado recente a experiência de muitos países neste sector para que possam tirar-se conclusões seguras sobre o futuro da política iniciada.

Não há, no entanto, dúvida de que às maiores facilidades dadas pela Europa à entrada de produtos americanos se seguiu um agravamento da balança do comércio dos países membros da O. E. C. E. com a zona dólar. Mas, dadas as características dessa maior liberalidade de trocas - preponderância das matérias-primas e dos produtos alimentares básicos -, esse agravamento da balança comercial veio a significar afinal o desvio das linhas de abastecimento dos países europeus para o mercado americano, aconselhado pêlos melhores preços verificados neste último mercado. Com este desvio beneficiou a indústria europeia, que, passando a adquirir matérias-primas a preços mais baixos, aumentou a sua capacidade de luta contra a produção americana, não só no próprio mercado da zona dólar, mas, e sobretudo, em terceiros mercados. E este aumento do poder de concorrência favorece a manutenção do alto nível de actividade económica em que os países europeus se colocaram e se mantêm. Deverá, todavia, recordar-se que as medidas de maior liberdade dada à importação da zona dólar e o consequente desvio para este mercado das linhas de abastecimento vêm provocar sérias apreensões em centros fornecedores europeus - nomeadamente a zona do esterlino -, a quem as dificuldades de pagamentos em dólares consentiram até aqui a venda das suas matérias-primas a preços que, por vezes, têm sido em 20 por cento superiores aos verificados no mercado americano.

Este aspecto interessa igualmente a Portugal, não só no que se refere a alguns excedentes ultramarinos, mas também ao escoamento de produções metropolitanas, nomeadamente a resina. Pode afirmar-se, porém, que a liberalização da importação da zona dólar não prejudicou até hoje o comércio intereuropeu, que continua em fase de expansão. Esse facto deve-se, por um lado, à composição da liberalização para a zona americana, que engloba sobretudo matérias-primas e produtos alimentares, e resulta, por outro, do desnível entre os custos da mão-de-obra nas duas zonas. Não se pode ainda hoje prever em que medida a extensão da liberalização dólar - que em muitos países europeus é francamente limitada, nomeadamente no sector doa produtos acabados - virá a modificar a composição do comércio mundial, tal como as restrições do pós-guerra o tinham feito surgir. Sem esquecer a delicadeza de que o problema se reveste para os países ou para as zonas monetárias cujas exportações são concorrentes das exportações americanas e sem perder de vista as eventuais dificuldades de ordem económica que a concorrência da produção americana pode trazer à europeia, julga-se que a política de liberalização frente à zona dólar será, sobretudo, determinada, para quase todos os países, em função da evolução da balança geral de pagamentos, e da balança dólar em especial, e ainda em função das facilidades de pagamentos que outras zonas fornecedoras, como a da U. E. P., continuarem ou voltarem a oferecer. No que respeita ao equilíbrio da balança de pagamen tos com a zona dólar tem importância decisiva o juízo que se fizer sobre o volume e permanência das despesas americanas na Europa, que, como se sabe, vem permitindo cobrir o dollar gap acusado pela balança de comércio europeia.

Acontece que quanto ao sentido de evolução destas despesas há divergências fundamentais de opinião, como pôde verificar-se, ainda recentemente, na reunião de Istambul.

Outro dos aspectos decisivos para o futuro da liberalização com a zona dólar será o das modificações que os Estados Unidos estejam efectivamente dispostos a fazer no sentido de facilitarem à produção europeia a sua entrada em território americano.

Ora, se apesar de tudo, é de admitir que as despesas americanas na Europa se mantenham nos próximos anos em alto nível, já a modificação da política comercial e proteccionista dos Estados Unidos parece objectivo bem mais difícil de realizar, dadas as limitações impostas pelo Congresso, que, até hoje, só em parte sancionou as recen tes propostas do Presidente no que respeita aos problemas tarifários e à política geral de importações.