cessidade de proceder a certos reajustamentos impostos pelas características da actual conjuntura dos mercados. Os 385 000 contos em que se cifra o aumento do déficit da balança de comércio da metrópole com o estrangeiro no período que vai de Janeiro a Julho, e que, como se viu, representam cerca de 36 por cento do agravamento verificado na balança geral de pagamentos, resultam, quando comparados com números correspondentes a igual período do ano anterior, das seguintes alterações na composição da balança.

Comércio externo da metrópole

(Em milhares de contos)

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Verifica-se, assim, que a metrópole aumentou substancialmente as suas importações e exportações, embora o aumento destas não tenha chegado para cobrir a expansão que aquelas sofreram. Note-se, desde já, que estes movimentos de importação e exportação se mantêm dentro das proporções de anos anteriores, uma vez que o coeficiente de cobertura da importação não sofreu alteração sensível.

O quadro XIX acusa um aumento da importação em todas as zonas, com vantagem manifesta para a da U. E. P. - o que está também de acordo com as características, já tradicionais, do sistema de coordenadas do nosso comércio externo. Dentro dessa tradição igualmente se situa o sensível acréscimo da exportação para a Europa - o velho mercado dos produtos portugueses -, acréscimo que traduz ainda os ganhos indiscutíveis que a nossa exportação tem tido com a política de liberalização das trocas seguida pelos países membros da O. E. C. E. Pena é que a exportação para a zona dólar se tenha desenvolvido também dentro de uma tradição que precisamos decididamente de abandonar: os caudais da exportação metropolitana para esta zona engrossam sempre que, por motivos de perturbação na política internacional, se verifica a valorização excepcional de certos materiais e se dá um movimento de constituição de reservas estratégicas de certos produtos; logo, porém, que se sai destes períodos críticos e se caminha para a normalidade dos mercados, a exportação metropolitana para a zona dólar regressa ao nível anterior.

Reconhece-se que a extensão deste mercado, as exigências caras do seu processo de comerciar e a altura a que por vezes chegam algumas das suas protecções pautais sejam factores de desalento para o comércio exportador da metrópole - caracterizado pela pulverização das unidades distribuidoras, com a consequente falta de técnica e capacidade financeira, e, além disso, obrigado a trabalhar massas de produt os de pequeno volume e das mais diversas características.

O reconhecimento destes factos não pode, no entanto, levar-nos à renúncia do mercado americano; deverá antes provocar reforço de uma acção concertada entre a actividade privada e o Estado - pelos organismos de coordenação económica e pelo Fundo de Fomento de Exportação -, capaz de nos dar no mercado americano o lugar que nele podemos e precisamos de ocupar. Na maior importação da zona «outras» participam com posição de relevo as trocas com o Brasil. O especial condicionalismo em que somos forçados a desenvolver o comércio com este país impõe-nos a realização de compras, como meio de fornecer ao Brasil possibilidades de aquisição em Portugal. Neste movimento de importação c exportação há, em geral, desfasamentos. O déficit de 31 000 contos que o quadro XIX apresenta nesta zona não tem, por isso, carácter anormal: traduz, em grande parte, a iniciativa que o Governo tomou de proceder a compras substanciais - compras por vezes realizadas em condições menos favoráveis que as oferecidas por outros mercados - e que terão a sua contrapartida na exportação de produtos portugueses.

Dentro desta zona há ainda a fazer referência ao desenvolvimento do comércio com a Argentina e com outros mercados, movimento este que se espera ganhe não só em estabilidade como em profundidade. É lícito esperar que no ano próximo os números referentes a esta zona apresentem, melhoria, pois que na coluna respectiva do quadro XIX se registarão também os resultados do comércio com alguns países do Leste europeu - comércio que neste momento está a ser em Genebra objecto não só de estudo mas já de concretização.

em 1955.

Comércio da metrópole som o estrangeira

(Em milhares de contos)

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