O assunto, pela sua indiscutível relevância, não poderia passar despercebido à, Assembleia, Nacional, muito mais quando é certo que esta Câmara sobre ele assentou suas ideias com base em posições peremptòriamente assumidas no relatório do Governo e parecer da Câmara Corporativa que acompanharam o Plano de Fomento que discutimos e aprovámos em 1953.

Por mim, e como Deputado pelo distrito do Porto, que a tão magno e momentoso problema está ligado por interesses directos, que são interesses directos da Nação -e que, por isso mesmo, se dispõe a pugnar por eles até ao fim-, desejo ficar desde já habilitado a discuti-lo num plano em que só razões objectivas contem; solicito, portanto, do Governo o fornecimento, a título devolutivo, se tanto for necessário, e no mais curto prazo de tempo, dos dados que constam deste requerimento que tenho a honra de enviar para a Mesa:

Requerimento

«Requeiro que me sejam fornecidos, com a maior urgência, os seguintes elementos: Dados técnico-económicos fornecidos ao Governo e sobre os quais se baseiam, quer o processo de fabrico proposto, quer a localização para a siderurgia nacional;

b) Informação do Ministério da Economia quanto à possibilidade ou não possibilidade de o País dispor de energia eléctrica em quantidade e em preço que permitam considerar a viabilidade da electrometalurgia dentro de um prazo compatível com a entrada em serviço da instalação em causa;

c) As informações que acerca do projecto da instalação da siderurgia em Portugal foram prestadas pelas Direcções-Gerais dos Serviços Industriais e de Minas;

d) Informação quanto às possibilidades - que creio se poderão desde já presumir como satisfatórias - do escoamento do tráfego através do porto de Leixões, que uma instalação siderúrgica situada no seu hinterland não poderá deixar de lhe criar, mas que pode exactamente encontrar, no início da sua laboração, este porto devidamente ampliado e apetrechado por razões que subsistiriam mesmo que a siderurgia se instalasse no Sul, visto tal ampliação e apetrechamento estarem incluídos no Plano do Fomento, promulgado pela Lei n.º 2058, e constarem de projecto já aprovado pelo Governo e em via de execução, portanto».

actualizar devidamente os dados de que disponho para fazer a minha anunciada intervenção, tenho a honra de enviar para a Mesa o seguinte

Requerimento

«Requeiro que, com a maior urgência, mee sejam fornecidas as seguintes indicações, relativas ao Aeroporto das Pedras Rubras, no Porto: Quais as alterações nele realizadas durante 1955 com vista a criar-lhe características de aeródromo de alternância do Aeroporto de Lisboa;

b) Qual o derrube de arvoredo a que se procedeu também no decorrer deste ano e quais as verbas para o efeito concedidas e até agora despendidas;

c) Qual o número de aviões de passageiros que desde o começo do ano deixaram de aterrar no Aeroporto da Portela por este se encontrar fechado e qual o prejuízo que tal impedimento lhe acarretou».

Tenho dito.

O Sr. Pinto Barriga: - Sr. Presidente: se me tivesse sido dada a palavra na sessão anterior ter-me-ia comovidamente associado aos votos de sentimento desta Assembleia pela morte dos Profs. Doutores José Alberto dos Reis e Armindo Monteiro. Não fui discípulo do primeiro destes ilustres professores, mas o meu saudoso pai ensinou-me a admirá-lo, e, pouco antes da sua morte, ao ser proclamado advogado honorário, sentiu uma íntima satisfação não só pela distinção honrosíssima e extremamente rara que lhe tinha sido conferida, mas ainda, e sobretudo, por ter sido feito na companhia do Prof. José Alberto dos Reis.

Armindo Monteiro foi meu companheiro de formatura e doutoramento e amigo dilecto, cuja fraternal amizade sempre apreciei. Do que valeu em vida testemunha a sua obra.

Em sessões passadas desta legislatura requeri informações que ou não me chegaram ou, quando foram expedidas, não correspondiam ao pensamento que me tinha guiado na redacção desses pedidos informatórios. Nunca é de mais testemunhar toda a justiça aos titulares das respectivas pastas, que têm sempre demonstrado a melhor boa vontade de atender aos meus requerimentos, mas as dilações de uma certa burocracia e de certos organismos diferem, delongam a expedição dos meus requerimentos.

Esses elementos burocráticos constituem como um segundo Estado dentro do Estado: podemos-lhe aplicar a saborosa expressão americana the big little powers.

Insisto, renovando, assim, em toda a sua extensão e intenção, os meus requerimentos não respondidos, mal ou evasivamente respondidos: o escol de técnicos de estatística, que os temos e dos melhores, infelizmente parecem não desejar acordar à realidade da vida económica e financeira certas burocracias, certos organismos, que preferem dormir sossegadamente em volta do material estatístico obtido em dados e enquadramentos de pura rotina. É o que continuamente verificamos com surtos sucessivos da alta do custo de vida, que as estatísticas negam radiosamente, com o manifesto gáudio do man in the street, do homem da rua, e a indignação das donas de casa, que sentem essa