tratados com êxito relativo e que antigamente sucumbiam, somando-se aos doentes novos, engrossam sensivelmente as taxas que exprimem a morbilidade.

Acrescentem-se, como factores que contribuem para este aumento, o radiorrastreio (que põe a descoberto muitos casos que antigamente passavam despercebidos, sem que por isso deixassem de existir) e a propaganda, que, instruindo a população, leva um certo número riu indivíduos a procurar o auxilio médico. Pelas razões que ficam expostas, apenas poderemos apoiar os nossos raciocínios na taxa de mortalidade.

Sempre no ano de 1953, verificamos que a taxa mediu da mortalidade pela tuberculose, referida a mil habitantes, no continente a nas ilhas, foi de 0,627. Considerando a mesma taxa nas três zonas do País, encontramos o valor mais baixo na zona centro, com 0,472, a seguir o valor médio, na zona sul, com 0,639, e a taxa de mortalidade mais pesada cabe à zona norte, com 0,765, ou seja quase o dobro do valor apontado para o Centro do País.

Porém, discriminando os números, e descendo das zonas para, os distritos, verificamos que a mais elevada taxa aparece no distrito do Porto, com o valor de 1,195, sensivelmente duplo da taxa média de todo o País (0,627). Mas, apertando ainda mais o exame dos números estatísticos, e analisando-os por concelhos, descobrimos aspectos verdadeiramente confrangedores para a área do Porto. Assim, vejamos:

O concelho do Porto, que, de 1946 a 1951, entre os demais concelhos de Portugal, ocupou o pior lugar, com taxas que oscilavam entre 4,066 por mil e 3,591, por mil melhorou ligeiramente a sua posição em 1902.

Mas tal melhoria não nos podo alegrar, pois que, em 1953, ocupando o concelho do Porto o terceiro lugar, em vez do primeiro, entro os piores com uma taxa de 2.392 por mil, vemos que os dois primeiros lugares são agora ocupados pelos concelhos de Matosinhos e de Vila Nova de Gaia, respectivamente com taxas de 2,649 e 2.575 por mil.

Sabendo-se que Matosinhos e Caiu apenas se separam da cidade do Porto por razões de ordem administrativa, constituindo, na realidade, os três concelhos um núcleo populacional uno, conclui-se que a situarão mais angustiosa se observa na área da cidade do Porto.

Discriminemos os concelhos de mais pesada mortalidade, por ordem decrescente, nos fins de 1953, por mil habitantes:

Matosinhos ........... 2,649

Gaia. ................ 2.575

Póvoa de Varzim ...... 2,011

Daqui resulta a dolorosa e insofismável conclusão de que os concelhos de mais elevada mortalidade pela tuberculose são justamente os limítrofes da cidade do Porto. As causas de tão desagradável situarão não são difíceis de descortinar: insalubridade das habitações, ausência de meios profilácticos e terapêuticos substanciais, baixo nível de vida, etc.

Seria de toda a lógica supor que, tendo os organismos encarregados da solução do problema conhecimento de ser a área do Porto aquela que mais urgentemente necessita de socorros, para ela lançassem em primeiro lugar a sua atenção, planeando, mas minuciosamente do que para os menos necessitados, as medidas tendentes a diminuir o mal. Será isto o que sucede? Vamos ver que não! Cabe agora aqui passar em revista os meios de que o País dispõe pura o combate à tuberculose, conformo os quadros A e B o demonstram.

Considerando os dois pontos basilares - o número de camas de sanatórios (tuberculose pulmonar e tuberculose óssea) e o número de dispensários - faremos o seguinte quadro (números referentes ao Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos e estabelecimentos por ele subsidiados):

Número de habitantes .. 2 427 091

Dispensários .......... 31

Número de habitantes .. 2 444 946

Dispensários ............. 34

Se fizermos as proporções relativas ao número de habitantes de cada zona, encontramos:

24.88 camas por 100 000 habitantes;

1 dispensário para 151 687 habitantes.

26.7 camas por 100 000 habitantes;

l dispensário para 78 867 habitantes.

40.9 camas por 100 000 habitantes;

l dispensário para 107 005 habitantes.

Já aqui se nota este aspecto absurdo: de ser a zona de mais pesada mortalidade aquela que dispõe de menor apetrechamento. E não se objecte que os sanatórios não estabelecem distinções de procedência para a admissão dos doentes, porquanto, como determinam razões económicas (como transporte e outras) e sentimentais (vizinhança do meio familiar, facilidade de visitas, etc.), é de toda a conveniência que na medida das indicações climáticas, o doente se afaste o menos possível da sua própria região. E é isso que efectivamente se verifica entre nós na, prática?

Isto quanto aos sanatórios. Quanto aos dispensários - elementos importantíssimos na luta -, nenhum argumento deste género poderá ser invocado. Mas pode dizer-se: o que lá vai, lá vai! Vamos reorganizar em bases mais justas! E assim chegamos ao ponto crucial, ao ponto cruciante.

No quadro E menciona-se o programa de realizações em curso. Analisando-o e conjugando-o com o quadro B, verificamos que a zona norte é dotada com 100 camas em sanatórios e 6 dispensários; a zona centro é dotada com 542 camas e 5 dispensários e a zona sul com 319 camas e 4 dispensários. Munidos destes informes, constrói-se o seguinte resumo de proporções. Depois de realizado o plano anunciado em 1953, teremos, em relação à população:

29 camas por 100 000 habitantes;

l dispensário para 110 318 habitantes.