há vinte anos, a uma formo-a obra de luta antituberculosa entre os estudantes, a qual ultrapassou a dos demais países. Esta começou, mercê da iniciativa das próprias associações dos estudantes quando, em 1923, no congresso da sua Federação, em Clermont-Ferrand, por proposta de dois estudantes de Medicina - um de Paris e outro de Lyon - , se decidiu construir um sanatório para estudantes que lhes permitisse a cura da tuberculose sem perderem o contacto com os estudos.

Em Outubro de 1924 iniciava-se a construção desse sanatório em Saint-Hilaire du Touvet mercê fia campanha nacional lançada pêlos estudantes, do apoio (pie lhes deram mestres e tisiologistas dos mais afamados e graças à generosa protecção do Governo Francês.

Só em 1933, porém, os seus 250 leitos começaram a funcionar. Assim se iniciou, (por iniciativa dos estudantes e pela generosidade, pública, uma grande obra, que depois o Estado subsidiou largamente.

A este sanatório seguiu-se o Lar dos Convalescentes. a residência de post-cure para aqueles que já não precisavam de estar sanatorizados, que podiam retomar contacto com os estudos universitários, mas ainda não estavam em condições de vida normal.

Foi perto de Grenoble que se instalou, na Ville Belledonne. Começou por dispor de instalações para 96, mas hoje pode albergar 200 estudantes.

E, porque havia estudantes que frequentavam cursos e institutos que não existiam senão em Paris, a este Lar outro se seguiu, em 1942, na própria capital, de carácter provisório, por aluguer de um hotel, mas que ainda hoje funciona.

Em 1947 adquiriram unia nova residência em Sceaux, anexa da de Paris e que com ela dispõe de uma capacidade de 164 leitos.

A estes estabelecimentos de post-cure vieram juntar-se depois os de pré-cure, destinados a receber os estudantes no próprio dia do diagnóstico da sua doença, e para que se não comprometesse, pelo atraso, o êxito da sua cura, por virtude da «bicha» para o sanatório de Touvet. criou-se também um serviço especial de triagem, de envio para tratamento.

Mas a obra abrangeu depois os estudantes dos liceus c do ensino técnico, com a instalação dum novo sanatório no Castelo de Neufmontiers-en-Brie, no departamento do Sena e Marne. A 45 km de Paris, com 102 leitos.

Após cinco anos de funcionamento, decidiram colocar-lhe ao lado um belo e magnífico sanatório para 250 camas.

i-o em acabamento e verifiquei que nada ali faltava para a sua dupla, função de sanatório e de liceu. Inquiri do custo - cada cama ficaria por 4 milhões de francos 2.3 milhões da parte médica e 1.5 milhões da parte escolar o que na nossa moeda corresponde a cerca de 320 contos!

A sua utilização está calculada para cem anos mas o Dr. Deuady que preside a, esta obra, pensa que ele não funcionará como sanatório durante mais de quinze. anos. Depois disso, ou ficará para o liceu ou será destinado a doenças mentais, que estão num crescendo assustador.

E, senão reumatismo as doenças cardíacas a poliomielite. Nada se perde: nem a construção, nem o mobiliário, nem o pessoal aí preparado.

Assim se estabeleceu a pouco e pouco uma cadeia contínua de instituições, que vão desde o rastreio, do diagnóstico dos casos ignorados, até á recuperação total do estudante tuberculoso, com serviços de tratamento imediato, de sanatorização e de readaptação pós-sanatorial, completado ainda por um serviço social e dominado pela preocupação da profilaxia da recaída, sem que o estudante perca o seu contacto com os estudos.

As camas de que dispõe nas três secções andam por 1500, como já disse, e para os sanatórios são enviados cerca dr 1300 estudantes por ano. Visitei algumas destas instituições e não lhes oculto a emoção que senti ao inteirar-me do seu elevado alcance social e do ambiente moral reconfortante que ali existia entre aqueles doentes com origens, mentalidades e preocupações tão afins.

E se aqui lhes falo nelas com certo desenvolvimento é porque me parece que este novo período de luta entre nós. onde a juventude paga tão duro tributo à tuberculose poderia muito bem encarar o início duma formosa e utilíssima obra de protecção e amparo ao estudante tuberculoso.

Neste sentido dirijo o meu apelo a S. Ex.ª o Presidente do Conselho, a SS. Ex.ª o Ministros das Finanças, do Interior e da Educação Nacional e a SS. Ex.ª os Subsecretários de Es tado da Assistência Social e da Educação Nacional. Se já começámos com o rastreio, porque não havemos de completar a obra?

Vozes : - Muito bem !

O Orador: - Com o sistema actual de internamento poucos será o os estudantes que se não percam para a carreira que tinham escolhido, uma vez que sejam atingidos pela tuberculose.