(...) de viver permanentemente em regime, de protecção aturada, se não forem contrariadas, por acção fomentadora. as causas determinantes removíveis do estudo actual.

Quanto ao cercal de regadio, o arroz, porque do milho já disse o que considero suficiente, apenas notarei que a auto-suficiência conseguida, por notável trabalho da nossa agricultura, carece, para que a Nação possa dela tirar todo o proveito, que ele seja localizado apenas onde os custos de produção, incluindo salários satisfatórios, possam permitir a sua concorrência nos mercados externos.

Tendo sido este o principal destino das terras beneficiadas pela hidráulica agrícola extensiva, é justo que a Nação possa tirar todo o benefício dos largos investimentos já realizados neste sector.

Finalmente, quanto à batata, cultura em que se conseguiu, mercê do esforço notável da lavoura, o abastecimento quase completo dos mercados nacionais, haverá ainda algo o fazer, especialmente no que se refere à produção de batata de semente, melhoria das condições de conservação, organização racional dos transportes e do seu comércio.

Porém, em relação a este produto agrícola, atingiram-se já médias de produção muito satisfatórias, quando comparadas com as produções de outros países da Europa de condições mesológicas semelhantes à nossa. Muito haveria ainda a dizer, mas difícil é em período tão curto fazer resumo que seja espelho de estrutura tão diversificada.

Ao apontar as características dominantes desta estrutura, fomos denunciando já, como VV. Exa. Srs. Deputados, tiveram ocasião de ouvir, aqui e acolá, soluções parciais para os males de que enferma a nossa estrutura agrária.

Mas para modificação radical das nossas condições de existência só por via de profunda alteração dessa estrutura, especialmente em referência a um aspecto que está, digamos, na base de todos os outros.

Quero referir-me à melhoria acentuada das condições hídricas do território cultiv ado. Só a ela me vou reportar, por julgar desnecessário neste lugar analisar outros aspectos que são simples corolários do importante teorema que pretendemos demonstrar, e que pode ser assim enunciado: a queda pluviométrica anual, correlacionada com as condições helitérmicas, é de molde a permitir a realização, em grande parte do território, de uma cultura intensiva capaz de determinar aumento sensível do nível de vida do nosso rural. E, com o desejo de abreviar o tempo desta intervenção, vou apenas enunciar as grandes linhas em que se desenvolveria essa demonstração. Distribuição das chuvas:

serras do Algarve, água suficiente para um regadio intenso.

O Sr. Sebastião Ramires: - Não é exacto!

O Orador: - Estou plenamente de acordo que as serras do Algarve não dão água suficiente, como acontecia quando estavam inteiramente revestidas de arvoredo, mas o que é facto é que há ainda uma parte das águas que se infiltra nesse território. E desde que se fizesse o devido aproveitamento com trabalhos do rega, principalmente hoje com as possibilidadps que esse sistema nos dá, ainda se poderiam aproveitar para a cultura muitos terrenos algarvios.

O Sr. Amaral Neto: - V. Exa. dá-me licença? V. Exa. entende que se trata de uma área suficientemente grande para influir de qualquer modo na economia algarvia?

O Orador: - Conforme. Direi, a propósito, que ainda este ano se regaram, com assinalado êxito, numa província ultramarina portuguesa, cerca de 90O há, com despesas que nào se podem considerar elevadas.

Mas prosseguindo:

b) No decorrer das estações verifica-se, em todo o País, uma acumulação da precipitação nos meses mais frios e uma época seca nos meses de Verão. No extremo norte litoral a época seca quase não existe (quer dizer, é só relativa: 30 mm em Agosto), ao passo que se torna cada vez mais extensa à medida que avançamos para o Sul, onde chega a atingir seis meses, praticamente, sem chuva.

Conclusão. - Impõe-se a redução máxima do escoamento superficial, tanto da água da chuva como das águas de degelo (a água de escoamento superficial em regime torrencial é toda perdida para o mar!).

Para tanto importa armazenar ao máximo a água no solo e a sobrante em reservatórios (muitos pequenos reservatórios são mais eficazes do que poucos muito grandes - efeitos secundários microclimáticos!). Distribuição das temperaturas. - O exame das médias mensais e, melhor ainda, das décadas, nos meses de maior pluviosidade, mostra-nos que, sobretudo nas zonas mais secas, são superiores às temperaturas mínimas de vegetação da maior parte das culturas - nalgumas regiões privilegiadas mesmo para culturas muito exigentes (Algarve e alguns pontos do litoral ao sul do Tejo).

l) Ao contrário do que geralmente se pensa, a chuva não cai no Sul do País numa época de