problema do ensino secundário em Portugal não é um problema de concorrência mas um problema de construção.
Carece o ensino liceal de profunda e extensa reforma no sentido de criar uma base sólida, de marcada continuidade quanto às modalidades informativa e formativa? Ninguém o contesta, embora as bases psicológicas da educação sejam, a meu ver independentes dos programas.
A nossa indisciplina mental, tal como a nossa estruturação moral, exigem que a escola adapte os seus propósitos a uma série de interesses que variam na proporção directa das necessidades que o tempo impõe e cuja inobservância tantas vezes determina o que em psicologia da educação se chama as «fugas do real» e os «reflexos da defesa».
A forma kantiana, cuja essência nos ensina que a «melhor maneira de aprender é fazer», é um postulado da pedagogia do esforço, que a legenda parenética do «savoir par coeur n'est pas savoir» condensa e traduz.
A iniciativa no próprio desenvolvimento de uma que stão, a personalidade, que tende a afirmar-se e que o exame mudo desprezava, mecanizando examinadores e examinandos, requer um ambiente de colaboração por parte de todos os que ensinam, combatendo a atmosfera de descrédito que principalmente se cultiva em determinadas épocas do ano - as dos exames.
E notório que o ensino liceal secundário continua a merecer ao País o maior interesse.
O ensino particular não se tem mostrado à altura da missão que lhe compete, e não por culpa do professorado nem dos directores dos colégios.
A culpa está nas próprias famílias, que procuram os colégios a pensar, não no ensino, mãe no diploma; e, porque pagam, julgam-se no direito de exigir a passagem ou a admissão a exame dos seus filhos ou educandos, por má que seja a sua preparação.
Sr. Presidente: adiro, sem reservas, a esta realidade e reconheço que o ensino particular em estabelecimento tem feito quanto tem podido para libertar de onerosos encargos o próprio Estado.
Há que valorizá-lo, purificando-o.
Ensino oficial
1951-1952:
1952-1953:
Ensino particular
1951-1952:
1952-1953:
(a) Este número não condiz com os dados mencionados na estatística.
O movimento de alunos no ensino particular em estabelecimento é, pois, maior do que no ensino oficial. Por triénio, no ensino oficial, 75 231, e no ensino particular, 84 399.
Quanto ao número de edifícios autorizados pela Inspecção do Ensino Particular, revela-se no quadro seguinte:
1952-1953 ............ 302