mas deixa-se medrar aquém-fronteiras a dissolução moral de que ele há-de servir-se para levar a cabo a sua obra.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Assume-se desta maneira a mesma atitude cega daquele que, agitando-se em busca de remédio para afastar a possibilidade de uma doença, não se desembaraçasse ao mesmo tempo dos germes desta que já nele houvesse...

Pelo testemunho da história e da consciência, sabem os governos, sobretudo os dos estados de origem cristã, que a causa, em última análise, das desditas da humanidade, entre as quais sobressaem as guerras, não é outra senão a desordem moral, pela qual vieram e podem vir todos os males ao Mundo, mas bem pouco, em geral, se esforçam por atalhar eficazmente essa desordem.

Em Portugal, felizmente, vem procurando respeitar-se os direitos da alma crista da Nação, e, numa obra bendita de resgate, que nunca será de mais exaltar, tornaram-se algumas louváveis providências legislativas para assegurar o domínio da moral e garantiram-se à Igreja as condições mínimas para o desenvolvimento da acção que dela se deve esperar. Entretanto, nem tudo o que luz é oiro, e não basta afirmar os bons princípios e confiar no que já está feito. Certo é, bem sei, que antes da Revolução Nacional pouco se pensava e menos se fazia quanto a este problema; mas é necessário também nele continuar a Revolução até ao fim.

E necessário ir mais longe em extensão e em profundidade, fazendo mais e fazendo melhor, principalmente com lógica, pelo menos a mesma dos inimigos da nossa civilização.

E há coisas que se passam mas se encontram em desarmonia com os princípios aceites.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sem aludir agora a publicações pornográficas clandestinas que escapam à polícia, fazem carreira nas mãos da juventude certa literatura, certas revistas, que, sob pretextos vários, nomeadamente artísticos, só servem para corromper; nenhum de nós as quereria em suas casas. Estará certo que tal se consinta no meio da sociedade e sem restrições?

Não falando em toilettes femininas que não raro aparecem em público e seriam simplesmente ridículas se não fossem gravemente indecorosas, estadeia-se pelas praias, apesar do que está legislado, um lamentável nudismo. Estará certo que assim seja quando já se reconheceu que não pode ser?

Nos parques e jardins públicos e às vezes nas ruas verificam-se, com fraca ou nula repressão e talvez com a antecipada certeza de que nenhuma será exercida, atitudes mais do que inconvenientes entre pessoas de diferente sexo. Será isto dignificante ou, quando menos, sem importância para a saúde moral da sociedade?

Em matéria de cinema: continua a exibir-se, a meio de filmes bons, os traillers de filmes condenáveis, como se espectáculo não fosse tudo o que se exibe, conforme, aliás, já foi oficialmente declarado; continuam a afixar-se publicamente cartazes e fotografias de filmes reprováveis, a cuja exibição os nossos filhos estão legalmente proibidos de assistir, mas cartazes e fotografias que eles, todavia, podem ver e examinar à vontade; e continua a ser legalmente possível a classificação frequentemente incompreensível dos filmes em relação a idade dos espectadores, pois não resta dúvida de que em muitos casos é justamente a partir dos 13 e dos 18 anos que, quantas vezes mais pelas cenas do que pelas teses, certos- filmes mais mal podem fazer. Fará tudo isto sentido com os propósitos e os esforços inegavelmente já efectivados para a sã educação da juventude e a consolidação de uma nacionalidade moralmente forte?

São incalculáveis, mas são com certeza muitos e graves, na ordem moral, os males que para a sociedade derivam dos factos apontados, sobretudo porque têm como mais relevante efeito, e até como instrumento, a corrupção da mulher, isto é, precisamente do símbolo da virtude da pureza.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nem se diga que, tomado de escândalo farisaico, estou a exagerar ou a ver o mal onde não existe.

Prouvera a Deus que eu estivesse enganado.

Julgo, porém, que não me iludo; e tão seguro me sinto de constatar, apenas e objectivamente, o mal, que não receio dar por abonadora do fundamento do meu alarme a própria consciência recta dos que fazem o favor de me ouvir, u qual decerto lhes segreda que a natureza humana, em determinadas circunstâncias, de que a devemos resguardar, fatalmente resvala e decai. E até às pessoas, que eu sei que pode haver, a quem, desgraçadamente, nada importe a imoralidade ou, o que é pior, a quem ela agrade... mas para explorar noutrem, desejando-a, aliás, sempre muito afastada dos que lhes são verdadeiramente queridos - a essas pessoas, porventura mais dignas de lástima que do desprezo do silêncio, eu não duvidaria talvez opor, na suprema esperança de o poder acordar, ainda que somente lá bem no fundo, o testemunho da sua mesma consciência...

Não ficará, decerto, o Governo indiferente perante os males morais denunciados, que dia a dia mais crescem e se enraízam e estão exigindo o rigoroso cumprimento das leis vigentes e a sua revisão no que for necessário ao prosseguimento da obra de saneamento moral que a Revolução Nacional inaugurou, para honra nossa, e há-de completar, para bem comum da sociedade portuguesa.

Vozes: - Muito bem !

havia operado a maior parte das suas maravilhas porque não tinham feito penitência, pôde dizer, falando para a cidade de Cafarnaum: «Se em Sodoma se tivessem feito os milagres que em ti se fizeram, ela subsistiria até ao dia de hoje»?