que escapa ao registo tudo o consumido do norte ao Sul do País no particular e muito do destinado ao consumo público nos pequenos meios. Escapa tanto mesmo que se calcula que esse número seja superior ao controlado, situando-se a sua quota total em cerca de l milhão de cabeças, o que nos levaria, partindo da média de peso dos controlados, a cerca de 90 milhões de quilogramas no total anual, ou a cerca de 40 milhões de quilogramas deixando de parte as gorduras.

É bem certo, porém, que o contingente que traz, ao consumo público dos grandes encontros se cifra, em pequena percentagem: cerca de 7,2 por cento do registado quanto a Lisboa e de l por cento no Porto quanto ao ano de 1930 e de, respectivamente, 4,2 e 1,8 por cento em 1954.

Representa esta situação uma perda efectiva de posição na solução da nossa falta de carnes verdes, quando a comparamos com épocas anteriores, nas quais só Lisboa consumia, e quase na coincidência, com a falta de carnes de outras espécies, quantidades que se podem fixar nos seguintes números:

começando então a cair por modificarão de hábitos do consumo perante um animal que se não transformou para corresponder ao que dele era solicitado.

A observação levada mais atrás ainda, para fora do período da guerra, não faz senão continuar o que aqui fica apontado.

É certo também que a nossa posição quanto a preços dos produtos desta origem, em relação com os do mercado internacional - mais baixo o nosso preço da carne e mais alto o da gordura - , nos vai permitindo uma posição de exportação normal de carne preparada com tendência crescente o nos tem levado, perante a necessidade de resolver a nossa saturação de gorduras, a lançá-las nesse mercado em exportação forçada, com larga soma de prejuízo. Quanto aos animais vivos ou em carcaça, nada temos conseguido na exportação.

A nossa posição, porém, mesmo no aspecto da exportação de carnes preparadas, só se firmará efectivamente e com vantagem se soubermos melhorar a qualidade do que oferecemos, pela melho r qualidade da matéria-prima e da sua preparação, de forma que a marra de origem portuguesa não tenha desde logo o condão dias fixar no preço mais baixo da concorrência.

Vozes : - Muito bem!

O Orador: - Que não são de desprezar os valores do exportado em carnes bem o demonstram os seguintes números, em milhares de escudos:

1951:

Carnes preparadas e conservadas ............... 100 000

9 700 000

1952:

Carnes preparadas e conservadas ............... 700 000

17 750 000

16 700 300

E tudo isto som prémio de exportação.

Começamos felizmente a trilhar o caminho necessário para a modificação do nosso suíno, embora timidamente e sem a necessária acção oficial, traduzida na modificação e de valorização do valor relativo carne-gordura, mas estudando na que temos e ensaiando processos da modificação e de valorização pelo aproveitamento do valor do cruzado como porco de ocasião para as maiores exigências do consumo.

O que tínhamos podo ser definido nas seguintes apreciações: o porco do Norte, mais de carne do que o do Sul, é tardio no desenvolvimento e mau de conformação, o que lhe dá muita percentagem de osso e pouco desenvolvimento das peças ricas. Vai entrando no cruzamento com raças inglesas de carne, o que bastante o vai melhorando para o aproveitamento imediato.

O do Sul, seleccionado por gerações para produtor de gorduras, vai embora, com todas as desconfianças ataques a ideias novas, lutando mesmo com as tradicionais formas do seu aproveitamento na transformação de ferragens usuais em carne. Está já sujeito a estudo quanto as suas possibilidades de transformação para as actuais exigências do mercado por selecção e por cruzamento também.

O êxito dependerá do que soubermos fixar e estruturar; e, se o conseguirmos modificar, não virá longe o tempo em que o porco retome a posição, que já teve, de largo contribuinte para a resolução da nossa falta de carnes, posição que em muito perdeu pelo seu afastamento da realidade da preferência actual do consumo.

Começamos aqui também uma verdadeira resolução, iniciando-nos um caminho há tanto seguido por outros.

O Sr. Abrantes Tavares: - V. Ex.ª dá-me licença? Houve uma tentativa para determinar qual a porção de ração necessária para levar um alfeire às a arrobas qual a que se gastava para o levar das 4 às 7 arrobas. Tinha a impressão de que a ração gasta para levar os porcos às 7 e 8 arrobas chegaria para engordar dois suínos até às 4 arrobas.

O Orador: - Estou absolutamente de acordo com V. Ex.ª Também creio que nessas últimas condições a produção seria mais barata. Temos interferido sobretudo nas gorduras, mas parece, que nós próprios só temos criado uma mecânica de encarecimento.

O Sr. Abrantes Tavares: - Talvez o processo a seguir deve-se ser o de utilizar outro tipo de porcos.

O Orador: - Mas, confirmando a verdade, de que todas as intervenções até aqui custosamente efectuada, porque tinham em vista apenas o caso presente, teriam de ser repetidas os futuro, estamos neste momento em grave crise de carência de suínos e dos seus produtos.

Não se evitou a queda desastrosa dos últimos anos no preço na produção, criou-se menos e o que se criou foi ainda dizimado por grave surto epidémico, para a qual não houve um apetrechamento sério que permitisse evitá-lo ou atenuá-lo.