O Orador: - E não roqueiro, desde já, a publicação das palavras proferidas por S. Ex.ª o Presidente eleito do Brasil por não dispormos de uma versão oficial do seu discurso.

O Sr. Presidente: - Será publicado no Diário das Sessões, já que V. Ex.ª o requereu e a Câmara deu o seu assentimento.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Nanes Mexia, para concluir a efectivação do seu aviso prévio acerca das carnes.

O Sr. Nunes Mexia: - Sr. Presidente: continuando na efectivação do aviso prévio, tenho constatado que, quanto a carne, se pude afirmar que é fraca a nossa capitação.

Mas se quanto a carnes se pode afirmar que é fraca a nossa capitarão, temos de constatar que a maior deficiência para as necessidades do consumo se verifica quanto à de maior apetência, a proveniente do gado bovino. Temos assim vi e pensar num problema de qualidade, do preço em fundão dessa qualidade, pois que não podemos pensar que poderemos continuar a contar com a proveniente de animais de refugo, cansados de trabalho, de longa descendência ou envelhecidos na produção de leite, nivelando pregos por essa categoria de carne.

Ela é a mais cara em vasto de produção porque é a que mais unidades forraginosas precisa pura a transformação em carne.

É assim, quando produzida para esse fim, um produto caro, e essa realidade está a levar economias mais ricas que a nossa para a preocupação da criação de raças mistas de carne e leite, permitindo assim uma maior defesa na produção e um escalonamento de preços por animais de escolha, criados para um mercado de qualidade, e pelo preço mais baixo então dos de refugo.

Nós pudemos contar até há pouco com a sua defesa pelo mercado do boi do trabalho; não podemos ainda, e levará tempo a perdermo-lo, pensar que possamos firmar a sua defesa na produção de leite.

Não há dúvida, porém, de que temos de tender para esse fim.

Com um índice de transformação em carne de um mínimo 16 para 1, isto é, de 16 unidades forraginosas para l kg de carne e de 1,5 para l na produção de leite, faz a este um aumento muito mais barato na substituirão equivalente, e com todas as vantagens, pois que se pode pensar que 6 l de leite correspondem a 1 kg de carne, sendo ainda de muito melhor valor energético, altamente fornecedor de várias vitaminas necessárias ao nosso organismo e essencial como elemento de protecção.

As vantagens do seu consumo têm sido largamente demonstrarias por experiências feitas por muitos investigadores.

Leighton e Clark, observando cerca de 1300 crianças da Escócia e da Irlanda, divididas em quadro grupos, verificaram que, após dois anos de execução do protocolo preestabelecido, os dois grupos a que havia sido fornecido leite inteiro ou desnatado (cerca 500 cm2 por dia) evidenciavam notável melhoria sobre os outros dois.

Lopes Parreira dá-nos este quadro, no qual se mostra o valor comparativo quanto a preço de calorias de vários alimentos reputados a 1 kg de peso liquido:

(Ver quadro na imagem)

Dentro do conceito mundial, julga-se da boa alimentação dos povos pelo seu consumo em carne e leite de vaca.

E se o leite nos aparece assim como alimento de alto valor energético, de protecção, como fonte mais barata de uma boa base da alimentação e ainda como uma possibilidade de ser razão de fixarmos e defendermos a nossa criação de gado bovino, para o fornecimento de carne, não valerá a pena alguma coisa investir para a correcção dos nossos hábitos alimentares, a favor de uma mais sã alimentação?

Não seria possível, procurando influir neste sentido em útil campanha, em anos consecutivos e em dois ou três concelhos em cada ano, fornecer leis às crianças das escolas, não já no significado de experiência que outros já fixaram, mas com o fim de se influir nos nossos hábitos alimentares?

Aqui deixo a sugestão à consideração de quem de direito, como uma possibilidade de uma campanha, a bem da saúde pública e da economia nacional.

Vejamos agora os preços médios dos nossos gados no pagamento à produção e na venda ao consumidor, a sua formação e a comparação com os preços praticados noutros mercados.

Lisboa e Porto têm no nosso comércio de carnes, pela quota que absorvem, influência tão decisiva que são os preços praticados nestes dois mercados que dão expressão a todo o processo. Referir-me-ei, pois a estes e só aos outros quando se verificarem diferenças que demonstrem a preocupação de, sobre estes mercados, fazerem convergir as possibilidades do fornecimento do País.

Evidentemente que me referirei a preços médios, os chamados de garantia, ou que servem de base dos preços dos produtos, sem me prender a alterações de ocasião ou artificiais, como as que vivemos neste momento, no qual o Fundo de Abastecimento intervém, cobrindo o necessário para que sobre Lisboa convirja o pouco que houver para matança.

Preços médios pagos à lavoura por quilograma limpo

Bovino adulto, incluindo o couro ............ 15$70

Adolescentes, incluindo o couro ............. 17$92(4)

Ovinos adolescentes com a pele .............. 15$78

Ovinos adultos sem a pele ................... 11$00

Ovinos adultos com a pele ................... 14$37(23)

Caprinos .................................... 10$00

Suínos:

Equídeos, incluindo a pele .................. 11$00