melhor e -, dando-lhe um empurrão, ele cai verticalmente, e fica de pé no fundo da embarcação.

Os animais embarcados nestas condições com destino ao consumo do continente fórum, em 1954, em número do 125.

Sr. Presidente: embora os elementos que acabo de apresentar não tenham valor material para serem objecto de consideração especial no problema do abastecimento de carnes, creio que, aliados a outros de igual grandeza, talvez mereçam alguma consideração, e estes contam-se em grande número naquelas ilhas.

Antes de procurar examinar as possibilidades de contribuição daquele arquipélago pura o abastecimento de carnes do continente vou procurar equacionar o problema, no seu conjunto nacional, servindo-me dos elementos fornecidos pelo despacho do Sr. Ministro da Economia de 18 de Novembro último, o que me dispensa a apresentação de fastidiosos números para chegar a mesma conclusão.

Assim, verifica-se que a carne do gado bovino é a espécie que mais se atrasou em relação à. evolução demográfica, pois enquanto o acréscimo populacional, desde, o período 1910-1912 até ao mais recente, 1950-1952, é da ordem de 46 por cento, a sua participação no consumo não vai além de 33 por cento, enquanto a carne dos pequenos ruminantes e dos suínos foi, respectivamente, da ordem dos 170 e dos 290 por cento.

Nestas condições, a carne de bovino constitui o principal problema do nosso abastecimento de carnes, dado que a produção nacional, não chegando paru as necessidades do consumo, obriga a despender elevadas divisas com a sua importação.

De 1946 a 1954, como já foi dito pelo Sr. Deputado Nunes Mexia, importou-se carne e derivados 110 valor de 544 200 contos, que, tendo sido vendida ao preço da tabela, deu um prejuízo no Fundo de Abastecimento de cerca de 152 000 contos.

Se examinarmos, agora o problema em relação ao conjunto de todas as espécies de carne, verificamos que a sua capitação e - das mais baixas do Mundo e que, quanto às necessidades da população, expressas em proteínas, representa uma parte insignificante do que seria necessário. O déficit verificado nas proteínas é, felizmente, atenuado pelas que são fornecidas pelo nosso pescado. Neste aspecto a posição de Portugal ocupa um dos primeiros lugares na lista dos consumidores de peixe do Mundo e tudo indica que ela venha ainda a subir, dada a notável obra realizada neste sector importante da nossa economia, sob a inteligente e ponderada orientação do Sr. Almirante Américo Tomás, ilustre Ministro da Marinha, e dedicada e dinâmica execução do Sr. Comandante Henrique Tenreiro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A comprová-lo apresentarei os elementos estatísticos da produção de pescado no de 1951 a 1954 no seguinte quadro:

Em 1951: Toneladas

Em 1952:

Em 1953:

(a) Não se conhece ainda o número exacto desta produção admitindo-se que fosse, pelo menos igual à do ano passado.

Sr. Presidente: ao apresentar estes números, não posso deixar de afirmar a V. Ex.ª que embora eles representem muitas canseiras, muita dedicação e muita persistência, eu não os poderia ter apresentado nesta Assembleia se a notável obra verificada neste sector não tivesse sido executada em obediência aos princípios e benefícios da nossa «Revolução em Paz». No entanto, a contribuição de tão importante produção de pescado só atenua o deficit de proteínas que se verifica na alimentação da nossa população, e para que esse deficit desapareça teremos de convergir todos os esforços para o aumento da produção de carnes, dado que a solução da importação não é o caminho aconselhável, como muito bem o demonstrou, na sua brilhante intervenção, o Sr. Deputado Nunes Mexia. Temos de a pôr de parte e só recorrer a ela quando as necessidades do País a exigirem.

Portanto, o único caminho a seguir é diligenciar, imitados os meios ao nosso alcance, aumentar u produção. A tarefa não é fácil, pois depende de muitos factores, todos eles difíceis e complexos, desde o da preferência do consumidor até ao seu poder de aquisição.

No entanto, o fundamental é, sem dúvida, o custo da produção. O económico está no substrato de todas as actividades humanas.

Vozes : - Muito bem !

O Orador: - Nenhuma empresa deixará de ser aniquilada se der prejuízos ou dela não auferir lucros compensadores. O estudo dos custos de produção cm qualquer indústria é fundamental para, a partir dele, se fixarem os preços justos de venda.

Não sou criador de gados nem tão-pouco tenho quaisquer interesses na lavoura, mas a minha consciência leva-me a afirmar que não julgo possível elaborarem-se com justiça tabelas de preços quando elas sejam baseadas em números que não correspondem à realidade e, ainda por cima, com carácter permanente.

É indispensável defender o consumidor de todas as especulações, e elas não são -poucas, mas também é indispensável dar ao produtor o que a ele lhe pertence, sem o que o problema das carnes será agravado cada vez mais.

A intensidade dos abates verificada antes da actual crise, não tendo correspondido a um real aumento de produção, não foi mais do que o desfazer - do nosso património em gado bovino. As poucas ou nenhumas vantagens ob tidas com a sua exploração, ainda agravadas com sucessivas secas que se registam, levaram os proprietários de gado a vendê-lo por qualquer preço para o açougue.

Ainda não deixará de contribuir para o agravamento da nossa produção de carnes o aproveitamento de in-