regressar de novo no primeiro sistema, embora u empresa de navegação tenha de aumentar os preços da tabela com o fim do fazer face ao aumento das despesas resultantes.

A necessidade do se regular, como é indispensável, a contribuição de carne dos Açores ao abastecimento do continente aconselha a pôr de parte o transporte do gado vivo c a substituí-lo pelo envio da carne em frigoríficos.

Não vou demonstrar as inúmeras vantagens deste sistema, mas mio posso deixar de salientar que o referido transporte de carne em frigorífico, além de ser muito mais económico, daria lugar ao desenvolvimento naquelas ilhas de outras pequenas indústrias que têm a pecuária como base das suas actividades.

Para isso é indispensável a instalação de matadouros frigoríficos em locais que a geografia e a economia daquelas ilhas indiquem como sendo os melhores.

A cidade da Horta, com o seu esplêndido porto, situa-se incontestavelmente num daqueles locais.

Finalmente, Sr. Presidente, a previsão do que se irá passar naquele arquipélago, quando ele contribuir com todas as suas possibilidades para a solução do problema de abastecimento de carnes, obriga a não se descuidarem outros problemas ligados intimamente ao das carnes.

Com excepção da ilha de S. Miguel, não há ricos nem pobres nos Açores. A propriedade encontra-se muito dividida e ó só da terra que o seu povo consegue tirar rendimentos. Nestas circunstâncias, não é possível contar com a criação de gado que tenha por único objectivo o comércio da sua carne.

Isso não lhe retribuirá o seu esforço, nem lhe daria n rendimento necessário para as suas mínimas necessidades. O único rendimento susceptível de ser tirado daquele gado ú o que produz a venda do sen leite. Sempre foi assim e sempre será assim naquelas ilhas. Só tenho a minha disposição os elementos estatísticos do arrolamento geral dos gados referido a 1040, e por eles se verifica que o número de cabeças existentes no continente e nos Açores era, naquele ano, respectivamente, de 831 674 e 112 691.

Seja qual for o critério que se siga para se fazer uma estimativa do número de cabeças actualmente existente, chegaremos sempre à conclusão de- que se continuará a verificar uma enorme diferença entre os dois efectivas. Se partirmos da hipótese, por muitos aceite, de que o efectivo bovino do continente não sofreu nenhum aumento, e se aplicarmos a percentagem de 20 por cento ao efectiva dos Açores. encontraremos para os dois, respectivamente, 831 G74 e 135 229 cabeças, isto é, uma proporção de 1 para 6, aproximadamente.

O Sr. Pedro Cymbron: - No distrito de Ponta Delgada já há uma estatística que já actualmente 55 000 cabeças.

O Orador: - Melhor. Esse número vem reforçar as minhas conclusões.

O Sr. Teixeira de Sousa: - E no Pico? V. Ex.ª pode fazer o favor de dizer se houve aumento?

(Ver quadro na imagem)

Pretendi com isto apenas demonstrar que nos Açores todo o gado bovino é aproveitado para a produção de leite e que o aumento do seu efectivo que resultar do incremento que se prevê irá aumentar consideravelmente a produção de lacticínios, o que obriga a considerar este problema com a necessária antecedência, dado que há pouco mais de um uno houve um excesso de produção no conjunto continente-Açores que tantos clamores e perturbações provocou.

Este caso é um daqueles a que se referiu o Sr. Deputado Nunes Mexia, em que perdemos quando importamos e voltamos a perder quando exportamos.

O problema da manteiga apresenta-se também com uma situação complexa. Embora intimamente ligado com o fias carnes, não julgo oportuno tratá-lo nesta intervenção, pois se o fizesse não só a alongaria demasiadamente como lambem correria o risco de sair fora da ordem do dia.

Sr. Presidente: depois desta minha modesta intervenção, que eu próprio reconheço que teria sido desnecessária se a minha qualidade de Deputado da Nação a dispensasse, vou terminar as minhas palavras, mas, antes disso, desejo formular um voto: Deus permita que o caminho que se vai seguir, e que se encontra iluminado com o notável despacho do ilustre Ministro da Economia, nos leve rapidamente à solução que mais convier aos interesses da Nação.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

Sr. Borges do Canto: - Sr. Presidente: os meus cumprimentos para V.Ex.ª e a reafirmação do meu respeito e muita admiração, ao usar da palavra nesta sessão legislativa.

Não penso trazer à discussão do assunto deste notável e oportuno aviso prévio qualquer subsídio de valor. Não tenho tal pretensão.

Julgo mesmo que a questão, tratada com a proficiência e largo conhecimento de quem a ela tanto se tem dedicado - o ilustre Deputado Sr. Nunes Mexia foi apresentada à Assembleia com tal desenvolvimento, com tão esclarecidos pormenores das suas causas e efeitos, das origens dos seus acidentes e do conveniente procedimento a opor-lhes ou da forma mais prática e útil do seu condicionamento, a questão, repito, foi apresentada por tal forma esclarecedora e concludente que a poderíamos considerar esgotada e suficientemente elucidativa para o melhor caminho das realizações tendente a uma solução adequada e profícua.

Além disso, temos como ponto de partida aquele despacho do Ministério da Economia, publicado no Diário do Governo de 18 de Novembro último, considerado no