próprio aviso, cuja doutrina e preceitos nos parecem assaz proveitosos, uma vez que se remova a sua julgada insuficiência por uma conveniente «actualização da orgânica dos serviços para uma acção bem presente e oportuna», isto é -

permito-me eu dizer - desde que se cumpra inteiramente, criando-se os meios e condições necessários para esse fim.

Mas sobreleva tudo isso a circunstância de não ser eu um técnico nem de pecuária, nem de economia, nem do comércio de carnes. Neste particular tenho tão-somente a técnica de quase toda a gente: olhar com desconfiança qualquer peça de carne que ,se nos ponha na frente, pela maior desconfiança na possibilidade de a triturar. Daí a convicção intuitiva da necessidade de ser melhorada u qualidade.

Vozes: - Muito bem!

Economia que a Junta Nacional dos Produtos Pecuários deve estudar a - possibilidade de mais amplos fornecimentos dos Açores o que no aviso - prévio se estabelece a razão das nossas deficiências por mini aproveitamento de todas as nossas possibilidades de produção.

Creio que de tudo isso são susceptíveis os Açores, e torno a dizer, designadamente o distrito de Angra do Heroísmo, que conta nos seus cinco concelhos com um total de quase 43 000 bovinos, segundo um censo não muito recente, sendo 20 000 no concelho de Angra do Heroísmo 10 000 no de Vila da Praia da Vitória, 5300 no das Velas, 4300 no da Calheta e 2700 no de Santa Cruz da Graciosa, ou sejam 30 000 na Terceira, 9600 em S. Jorge e 2700 na Graciosa, isto para um total de 70 000 nos outros dois distritos, ou de 113 000 no arquipélago.

Resulta destas ligeiras considerações que é de um flagrante interesse para os Açores o assunto deste aviso prévio e que bem se compreendem que mal iria a um representante desse arquipélago nesta Assembleia não vir expor-lhe, em tão momentoso problema, o que se lhe afigura possível necessário, para que o seu distrito cumpra a sua - função, aplicando - a sua riqueza e o seu trabalho na satisfação deste interesse nacional, tudo limitado, embora, aos meus conhecimentos, às minhas noções.

É esta a razão da minha subida a esta tribuna.

Sr. Presidente: vem de longínqua data este pendor do distrito de Angra do Heroísmo para a actividade agrícola, constituindo base da sua riqueza as suas pastagens e os seus gados, reduzidas a insignificante expressão ns suas possibilidades industriais que não só refiram a lacticínios.

Houve tempo em que a referida actividade se estendia à produção e exportação de cereal, mas isso agora limita-se, ainda que em pequena escala, à Graciosa, pois nas outras ilhas ele não chega para o consumo de casa. Aqui influiu certamente o desenvolvimento da pecuária, no qual se procurou mais cómodo factor, talvez, da sua economia.

Assisado procedimento? Desde há longos anos tendo ouvido discutir essa causa, propondo uns que a lavoura volte às antigas culturas, reduzindo as pastagens, teimando outros, porém, no contrário.

Tem havido crises, marcando a vantagem ou necessidade, de uma ou da outra, posição; mas, de há anos a esta parte, o mercado do continente consome a carne, consumia e voltou a consumir a manteiga, de modo que a posição do gado e dos lacticínios é a que perdura c se mantém. A verdade seja que é essa a posição que convém neste momento, uma vez que se apela para os Açores e se lhes pede mais e melhor carne.

Não basta, porém, produzir mais o melhor carne. É necessário, é mesmo indispensável, transportá-la em condições do melhor aproveitamento.

Estas exigências geram problemas que muito importa resolver, para que o concurso açoriano ao continente, no abastecimento de carne, satisfaça completamente ns duas partes. E esses problemas são de particular interesse para o distrito de Angra, pelas razões já apontadas e ainda por outras que adiante exporei.

No entanto, perguntar-se-á se só agora, com este apelo no continente, surgiram esses problemas, quando há lauto tempo a criação e exportação de gado constituem riqueza no distrito.

Não é assim. Esses problemas têm sido todos estudados e tratados com a vontade decidida de se conseguir uma sedução satisfatória.

Honras se prestem à Junta Geral do Distrito e câmaras municipais, principalmente a de Angra, e seus técnicos; aos produtores também, que com inteligência, procurado aplicar as lições da sua experiência e os ensinamentos colhidos na melhoria dos seus produtos. Infelizmente, estamos longe do que é preciso.

Mas examinemos os problemas mais no seu enunciado do que nas suas soluções, que competem aos técnicos.

A matéria-prima:

A produção de carne pode aumentar? Pode conseguir-se uni aumento da população pecuária? Esta é considerada já grande, mas a qualidade pode melhorar e p or aí conseguir-se unia maior exportação, por um maior rendimento das reses, contanto que as necessidades locais sejam satisfeitas.

Tem-se notado um maior consumo no distrito, principalmente na Terceira, mercê dum nível de vida um pouco melhor e de um aumento sensível da população.

Deve-se, no entanto, esclarecer que o mercado local é normalmente abastecido com gado de peso inferior ao mínimo estabelecido para exportação, o que garante a esta. um melhor produto e permite um preço mais acessível à população.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A questão de ser possível manter a exportação no quantitativo dos últimos anos até 1954 mais de 2000 bovinos, em face daquele maior consumo,

tem-se agitado ultimamente na capital do distrito, e um jornal da terra. Diário Insular, ouviu o governador a esse respeito, pretendendo acalmar o temor existente de que um tal procedimento fosse desfalcando o armentio da ilha.