Seja como for, tem de melhorar-se o equipamento, desenvolver-se a industrialização frigorífica, promover-se a associação dos produtores, com seus livros e registos genealógicos, e vigiar-se, o problema dos reprodutores típicos.

As técnicas modernas e os conhecimentos actualizados não podem dormir no seio das comissões e hão-de difundir-se pêlos empresários capazes para os convencer e ajustar à política geral.

Lembremo-nos que não houve perdas na Holanda, na Dinamarca, na Alemanha, etc., que não pudessem ser recuperadas em alguns anos e assim hoje se vê terminada a restituição dos efectivos.

A Espanha restaurou os seus rebanhos dizimados durante a guerra civil.

Que esforços não são possíveis para modernizar e melhorar este capítulo?

O Estado deve estudar, apurar conhecimentos, fixar ideias e intervir criteriosamente, fornecer os reprodutores de élite, ajudar financeiramente.

Tem de haver uma carta de lameiros e pastos para orientar criteriosamente a conversão das forragens em sangue, com a contribuição do regadio e das forragens artificiais, sendo muito interessante a intervenção do Prof. André Navarro a este respeito.

Aqui não pode haver políticas de emergência, nem oportunismos- impõe-se um programa cerrado, seguido com rigor, sem desistências nem afastamento, de critério, para ser levado vitoriosamente até final.

Tem de haver, além de pensamento nítido, vontade de realizar, constante e segura, dirigida para objectivos verdadeiramente nacionais.

Os interesses poderosos que ameacem obter ganhos extra e marginais terão de ser combalidos ou reduzidos pela tributação.

A exploração bovina está em franca decadência, está em perigo, reclama planejamento imediato e disciplina séria; não me repugna que lhe seja facultado um atractivo de preços, mas devo advertir sobre alguns aspectos menos seguros deste problema.

Um preço que é elevado repuxa pêlos outros todos, provoca deslocações de capitais e actividades e favorece às vezes, classes que não são aquelas a que se destinou

A produção qualificada merece compensação, mas o português prefere o pequeno lucro exagerado à taxa que remunera moderadamente em negócios de maior volume.

Modernize-se a manada nacional e, sobretudo, não só deixe caminhar para o seu abatimento e eclipse.

Se há capítulo onde o corporativismo pode funcionar com plenitude, regular os interesses em jogo, coordenar movimentos, trabalhar em largo prazo e com largas vistas é este - e isto não é slogan, destes em voga, mas um apelo aos dirigentes para que se não perca mais tempo.

Amanha a criação bovina será tarde.

Há além destes um problema de procura global tão inquietante que não comporta soluções simples ou apreçadas - é o do poder geral de consumo do País.

É um problema de orçamentos familiares, construído entre os clarões e as pequenas misérias da vida, que só admite acerto na medida em que salários, ganhos e remunerações puderem s er mais elevados.

Enquanto a vida moderna nos for apresentando energia cara, medicamentos caros, transporte automóvel mais frequente, novas solicitações à capacidade de despender, não sobrará muito para pagar mais. Há aqui um dilema: pela técnica, pelas melhorias, pela eficiência, pela organização mais perfeita da agricultura

portuguesa, pelo embaratecimento de certos sectores é que se devem obter adicionais à capacidade para remunerar como é devido e realizar o grande esforço que ainda falta fazer neste capítulo.

O que se fez com as lãs, queijos e montanheira foi notável e merece louvores.

Quanto ao gado bovino - amanhã, será tarde!

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.

A próxima será na terça-feira, dia 31, tendo como ordem do dia a continuação e encerramento deste debate e também o debate relativo à Convenção Internacional sobre Direitos de Autor.

Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 35 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão;

Carlos Mantero Belard.

João Afonso Cid dos Santos.

José Dias de Araújo Correia.

José Soares da Fonseca.

José Venâncio Pereira Paulo Rodrigues.

Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque

Srs. Deputados que faltaram à sessão;

Abel Maria Castro de Lacerda.

Alberto Cruz.

Amândio Rebelo de Figueiredo.

Antão Santos da Cunha.

António Carlos Borges.

António Cortês Lobão.

António Júdice Bustorff da Silva.

António da Purificação Vasconcelos Baptista Felgueiras.

António Russell de Sousa.

António dos Santos Carreto.

Augusto César Cerqueira Gomes.

Augusto Duarte Henriques Simões.

Carlos de Azevedo Mendes.

Elísio de Oliveira Alves Pimenta.

Ernesto de Araújo Lacerda e Costa.

Gaspar Inácio Ferreira.

Henrique dos Santos Tenreiro.

João da Assunção da Cunha Valença.

João Carlos de Assis Pereira de Melo.

João Mendes da Costa Amaral.

Joaquim de Moura Relvas.

Joaquim de Sousa Machado.

José Gualberto de Sá Carneiro.

Luís de Azeredo Pereira.

Luís Maria da Silva Lima Faleiro.

Manuel Cerqueira Gomes.

Manuel Lopes de Almeida.

Manuel Maria Sarmento Rodrigues.

Pedro Joaquim da Cunha Meneses Pinto Cardoso.

Ricardo Vaz Monteiro.