bricAbraque, tem Sofrido uma mutação radical, mercê da competência de gente nova ou renovadora e mercê, dos auxílios substanciais do Estado para a sua transformação espacial e estética.

Ainda há misérias por esse Portugal fora em museus provinciais e municipais, onde a assistência técnica não existe e o pessoal nasce do amadorismo, por vezes dedicado, mas pouco eficiente.

Ora, impõe-se aproveitar tanta riqueza aferrolhada e mal ordenada.

Impõe-se, no conjunto da riqueza museológica, estabelecer uma orgânica coordenada, que resulte no maior e melhor aproveitamento a favor da cultura geral da população.

Vozes: - Muito bem !

O Orador:- Um museologista categorizado -o Dr. Mário Gonçalves Viana- sintetiza em expressivas palavras o pensamento que julgo ser o de todos os seus ilustres confrades v de todos os pedagogos:

A museologia propende a transformar decisivamente os museus em instrumentos de cultura por excelência, em actividades vivas, capazes de realizarem uma obra pedagógica no seio das Universidades, de colaborarem com a escola e de atingirem todas as camadas sociais.

É como se vê, digo eu, um problema inseparável da educação nacional.

Alguns dos nossos melhores museus estão tentando chamar a atenção do público por meio de conferências, exposições temporárias e publicações, das quais devo salientar o Boletim do Museu de Arte Antiga e o Arqueólogo Português, agora em segunda série em moldes que honram o seu promotor, o director do Museu Etnológico.

O que se faz em Portugal -e onde se faz- é muito pouco para atrair ou penetrar em todas as camadas sociais.

No Museu Britânico há um programa de conferências, realizadas por conservadores, que constituem um verdadeiro curso para conhecimento das opulentas colecções ali expostas. E são quatro conferências, diárias, duas de manhã e duas de tarde.

Com o pessoal técnico limitadíssimo dos nossos museus, tal ou outro sistema seria utópico.

Com a exiguidade de vencimentos em vigor para funcionários de museus e igualmente de bibliotecas, possuidores de cursos superiores e estágios, só por extrema dedicação realizam o muito que ainda é possível observar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-O problema tem de ser encarado de frente e corajosamente.

O que existe em matéria de património artístico e arqueológico é um típico exemplo de uma desorganização, aqui e além, melhor ou pior organizada.

Urge um estudo do problema e a sua solução.

Este problema parece que não se verifica, por exemplo, no Brasil; onde existe um organismo que estabelece a coordenação em todos os sectores interessados.

Assim, todos os serviços de restauro, protecção e inventariação das obras de arte e dos monumentos estão a cargo daquele organismo nacional.

Entre nós seria de desejar um organismo semelhante, com ramificações por todo o País. Essas ramificações seriam com base na divisão do território em três zonas - norte, centro e sul - e apoiadas nos três principais museus regionais dessas zonas. Criado o museu regional em Braga seriam fulcros de acção Braga, Coimbra, e Évora.

Na cúpula e na orientação superior, os museus nacionais, em conjunção com as entidades que o Governo entenda necessárias pura boa eficiência dessa coordenação.

É claro que este plano implica maior quantidade de pessoal adequado, técnico e auxiliar. Implicaria a conclusão do inventário artístico nacional, de que há já publicados os volumes referentes a Coimbra cidade e Coimbra distrito. Santarém, Leiria e Portalegre. Estão em preparação os inventários de Évora cidade e Évora distrito e o de Aveiro.

Não julgo conveniente a divisão por distritos, porquanto se não trata de questão administrativa, mas de zonas de influência artística e arqueológica.

Seria, pois, estabelecida uma rede de vigilância, de organização e aproveitamento de todo o património artístico e histórico nacional.

Tarefa difícil, dada a dispersão e interesses estabelecidos, mas cabe ao Governo encarar o problema e encontrar a melhor solução.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - A próxima sessão será amanhã, com a mesma ordem do dia: continuação do debate sobre o aviso prévio do Sr. Deputado Abel de Lacerda.

Está encerrada a sessão.

Eram 17 horas e 45 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Abel Maria Castro de Lacerda.

Antão Santos da Cunha.

António Calheiros Lopes.

António Camacho Teixeira de Sousa.

Carlos Mantero Belard.

Jorge Botelho Moniz.

D. Maria Leonor Correia Botelho.

Paulo Cancella de Abreu.

Ricardo Malhou Durão.

Venâncio Augusto Deslandes.

Srs. Deputados que faltaram à sessão;

Adriano Duarte Silva.

Alberto Cruz.

Albino Soares Pinto dos Reis Júnior.

Amândio Rebelo de Figueiredo.

António de Almeida.

António Russell de Sousa.

António dos Santos Carreto.

Augusto César Cerqueira Gomes.

Augusto Duarte Henriques Simões.

Carlos de Azevedo Mendes.

João Afonso Cid dos Santos.

João Carlos de Assis Pereira de Melo.

João Cerveira Pinto.

Joaquim de Moura Relvas.

Joaquim de Pinho Brandão.