missão a que V. Ex.ª presidiu e da qual tive a honra de fazer parte.

Como V. Ex.ª afirmou já, a missão tem consciência de ter cumprido com dignidade e sento-se feliz pelo ambiente de extraordinário carinho de que sempre se sentiu rodeada.

A Câmara ouviu com vivo interesse as palavras que V. Ex.ª acaba de dirigir-lhe.

E eu quisera -por dever de justiça- dar aqui testemunho da forma, verdadeiramente extraordinária, como o Presidente da Assembleia Nacional chefiou a missão portuguesa.

Nós trazemos ainda nos olhos e no coração -trazemos já na saudade- a visão magnifica dessas terras de Santa Cruz, onde os Portugueses levaram um dia os primeiros alvores da mensagem cristã e que do génio luso houve, em essência e raiz, o milagre da sua unidade, unidade que se projecta na sua grandeza continental e, assim, faz do Brasil uma das maiores nações do orbe.

Dos laços de mútua compreensão e amizade que nos unem e fazem que os dois países independentes se integrem numa só comunidade, da presença no Brasil de tantos e tão esforçados portugueses resulta, necessariamente, um sentido especialíssimo para a presença da missão portuguesa entre as que, de cerca de sessenta países, ali foram levar os votos comuns de grandeza e prosperidade neste novo período de vida política que tão auspiciosamente se inicia.

Quase vencendo os limites do tempo, a missão pôde ter contacto com as figuras mais representativas de todos os sectores da vida brasileira: da Igreja e das forças armadas, da Universidade, da política, da vida social, cultural e económica.

Desse convívio com a gente brasileira se tomou e firmou consciência do imenso destino histórico que aguarda, nos séculos vindouros, esse grande pais. E em toda a parte se sentiu, bem vivo, o interesse e o carinho dos Brasileiros pelas coisas da vida portuguesa, de tal modo que de cada conhecimento nascia ou se confirmava uma amizade.

Daquela mesma simpatia compreensiva e viva admiração pelas realidades portuguesas encontrámos eco nas palavras dos ilustres representantes de tantas nações amigas.

Mas, se no alvoroço de tantas emoções alguma poderia ainda ir vibrar mais fundo na nossa alma, tal foi certamente a que colhemos na visita a essa magnifica colónia portuguesa.

Superando a extraordinária dignidade e aprumo e a subtil inteligência com que presidiu a todos os actos da missão, o conselheiro Albino dos Reis, num esforço admirável de dedicação e espírito de servir - para além de todos os limites previsíveis de resistência física e, quantas vezes, contra o conselho prudente dos restantes membros da missão -, quis visitar todos os lugares onde uma voz portuguesa pedia a sua presença.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-No Rio de Janeiro e em S. Paulo, na Embaixada de Portugal e na sede de inúmeras associações portuguesas, em toda a parte, insensível à fadiga e aos rigores do clima, incansável, ele atendeu com igual interesse os portugueses que lhe falavam das suas grandes empresas económicas e os que, modestamente, lhe pediam apenas que trouxesse um abraço à velha mãe, que, deste lado do Atlântico, por eles chora e reza sua saudade.

Em todos os lugares e sempre o nosso Presidente soube dizer com perfeita oportunidade e equilíbrio a palavra justa da mensagem que de Portugal ali levávamos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-E o seu discurso brilhantíssimo no banquete do Clube Ginástico, em que nos despedimos da colónia portuguesa, ficará a marcar uma das horas mais altas da vida dessa boa gente, dessa comunidade admirável. Garantem no - ainda para além dos aplausos vibrantes com que Portugueses e Brasileiros o secundaram- as lágrimas incontidas que lhes saltaram aos olhos.

Por tudo quanto hei dito, sei que interpreto o pensamento de todos os elementos da missão e creio que exprimo o sentir da Câmara manifestando a V. Ex.ª, Sr. Presidente, as nossas mais vivas homenagens.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Ao regressar a Portugal e rememorando o preito consolador ao nome português que, constantemente, testemunhamos nas terras do Cruzeiro do Sul, quero saudar o nosso venerando Chefe do Estado -cuja visita ao Brasil se aguarda com alvoroço- e o insigne Presidente do Conselho- o «nosso Salazar», como, em expressão carinhosa, Brasileiros e Portugueses o designam, na fórmula mais simples e mais alta que encontraram para consagrar o seu imenso prestígio.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Sejam para o Brasil as minhas últimas palavras.

Num alvorecer de esperança, um novo presidente toma em suas mãos firmes os destinos da grande pátria irmã.

Permita Deus que, na prosperidade e na paz, possa conduzi-la na senda gloriosa dos seus grandes destinos.

Estes votos, que quase todos os países lhe exprimiram, mais que de nenhum outro são os nossos - deste pilar europeu da grande comunidade luso-brasileira, cuja projecção e firmeza (sagradas e provadas nas horas da ameaça injusta contra a integridade e a liberdade da província portuguesa de Goa) constituem já uma das grandes forças morais e políticas do Mundo.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Pelo que respeita à qualidade funcional, bastava ir a chefiá-la o Presidente da Assembleia Nacional para isso lhe emprestar a mais alta, a mais acabada categoria; mas quando à qualidade funcional se juntam as qualidades pessoais de V. Ex.ª a coisa aparece particularmente realçada.

Vozes: - Muito bem!