O Orador:-É claro que para acompanhar V. Ex.ª importava procurar pessoas que, de alguma maneira, lhe fossem proporcionais. O cuidado que houve em as escolher atingiu completo êxito. Eis porque me parece que fica bem à Assembleia congratular-se com o êxito da missão e agradecer a V. Ex.ª e a todos os que a compuseram os sacrifícios a que de tão boa vontade se submeteram para a desempenharem cabalmente.

A afirmação das nossas congratulações.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente:-Em meu nome e em nome da missão que tive a honra de chefiar, agradeço as palavras que acabam de ser proferidas e os apoiados com que a Câmara as sublinhou.

Pausa.

O Sr. Presidente:-Tem a palavra, para um requerimento, o Sr. Deputado Pereira Jardim.

O Sr. Pereira Jardim: - Sr. Presidente: pedi a palavra para mandar para a Mesa o seguinte

Requerimento

«Desejando voltar a ocupar-me, no seguimento de anteriores intervenções, de certos aspectos relativos ao empreendimento hidroeléctrico do Revuè, requeiro que, nos termos regimentais, me sejam fornecidos pelo Ministério do Ultramar os seguintes elementos: Cópia do contrato celebrado entre a Sociedade Hidroeléctrica do Revuè e a Electricity Supply Commission, da Rodésia do Sul;

b) Programa de realizações adoptado, seus fundamentos económicos e esquema de financiamento previsto;

c) Trabalhos e estudos efectuados desde Janeiro de 1954 a Dezembro de 1955».

O Sr. Pinto Barriga: - Sr. Presidente: pedi a palavra para enviar para a Mesa o seguinte

Requerimento

«Os concelhos de Oleiros e Pampilhosa da Serra, da província da Beira Baixa, absolutamente abandonados e esquecidos até 1928 no que respeita a obras públicas, e mormente a estradas, começaram a sentir, a partir dessa data, a acção benemérita do Ministério das Obras Públicas, mas, como ainda continuam algumas das freguesias desses concelhos sem quaisquer meios de comunicação por estrada, e na certeza de que se estão efectuando trabalhos nesse sentido, requeiro que pelo Ministério das Obras Públicas me seja facilitada nota e informação dos trabalhos realizados ou a realizar para abertura de estradas nas freguesias dos concelhos de Oleiros e Pampilhosa da Serra que ainda não estejam ligadas por esse meio u rede geral de vias de comunicação do Pais».

O Sr. Melo Machado: - Sr. Presidente: envio para a Mesa dois requerimentos: um dizendo respeito ao Ministério da Economia, outro respeitante ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. São os seguintes:

«Requeiro que pelo Ministério da Economia (Repartição do Comércio Externo) me sejam fornecidos urgentemente os seguintes elementos em relação aos tratados de comércio com os países da U. E. P. recentemente findos ou prestes a atingir o seu termo:

Utilização potencial (boletins emitidos) e, na medida do possível, a utilização que tiveram e que já foi conhecida do Ministério da Economia».

«Requeiro que pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros me seja fornecida nota elucidativa sobre a execução dos tratados de comércio com os países da U. E. P., no sentido de saber se se cumpriram integralmente de uma e de outra parte e, em caso contrário, as falhas encontradas e as mercadorias principalmente atingidas».

O Sr. Presidente:-Vai passar-se à

O Sr. Presidente:-Continua o debate sobre o aviso prévio do Sr. Deputado Abel de Lacerda acerca da situação dos museus, palácios e monumentos nacionais.

Tem a palavra o Sr. Deputado Águedo de Oliveira.

O Sr. Aguedo de Oliveira: - Sr. Presidente: não desejo retribuir as amabilidades que o Sr. Deputado Abel de Lacerda desperdiçou comigo.

Desta sorte os cumprimentos que vou dirigir-lhe são sinceros.

A museologia vive do gosto refinado, da carolice, da dedicação total, da generosidade dos amadores e coleccionadores de obras-primas.

A história daquele gosto -a que agora vejo chamar ciência- acompanha o desenvolvimento da consciência pátria, os seus mais acrisolados sentimentos.

Este aviso prévio deve-se assim a um qualificado coleccionador de objectos artísticos, a um entendido, de grande dinamismo, consagrado nas lides da estética e que, sozinho, realizou obra meritória, criando um museu.

O Sr. Abel de Lacerda é um novo, assiste ao triunfo fácil da sua geração e não lhe foi dado ver como a geração de sen pai lutou na adversidade. Com obras de arte fez profissão; isso não poderia ser realizado sem conhecimento, sem experiência, sem vocação.

De uma colina de Atenas se afirmava estar consagrada às musas e ai, asseguram, se gerou a palavra «museu».

Como as musas eram belezas antigas, dotadas de graças e feminilidade, servidas de imaginação, devem datar dessa altura os discussões, desentendimentos e diversidades de pontos de vista que caracterizam, hoje e sempre, a república das belas-artes e os arraiais artísticos.

A estética é um principado buliçoso, e cada escritor, critico, historiador de arte ou artista um fogoso combatente, raramente de acordo com o sen vizinho.

O estrépito das armas e os arruídos no areópago das musas abafam as recordações de Tróia.

Estas discussões são eternas e reverdecem na frescura perene daquelas damas.

Já alguém lhe chamou Vanity Fair, comparando-a na inanidade às lutas do egoísmo e na desproporção às dissonâncias de uma feira.

Não é preciso ser profeta na nossa terra: se criarmos um órgão supremo e poderoso, as discussões, nada pacíficas já nesta altura, subirão de tom e a orquestração jamais igualada.

Como ia dizendo, a história da museologia é recente, mas o gosto de coleccionar e organizar galerias começou com o alvorecer das civilizações.

Verres, Cícero e Augusto foram coleccionadores de preciosidades, apaixonados, viciosos e exclusivistas - sacrificavam tudo a uma nova peça ou aquisição, não descansavam enquanto não incorporassem a obra-prima apetecida na sua galeria.