através da extraordinária grandeza da sua obra, a quem Deus, em seus altos desígnios, chamou o recebeu na eternidade do seu destino, convertido e integrado nas doutrinas do Evangelho, onde tudo é amor, perdão e beleza.

E, ao lembrar tão alta personalidade, recordo os valores saídos daquela Faculdade, muitos dos quais, justamente integrados nas Faculdades de Letras de Lisboa e Coimbra, ascenderam à cátedra por direito de conquista. Porque não há-de voltar à vida esse instituto de tão belas e valiosas tradições? Como recusar ao Porto, onde existe tanta sede de cultura, uma Faculdade da Letras? Significativa interrogação, com bem apropriada resposta.

Sr. Presidente: o mapa que tenho presente é elucidativo e claro quanto à frequência da Faculdade extinta, criada nos termos do disposto no artigo 11.º da Lei n.º 861, de 27 de Agosto de 1919, e que foi extinta por Decreto de 14 de Abril de 1928.

Só julguei conveniente pôr em confronto a frequência das três Faculdades: Lisboa, Coimbra e Porto.

Estes números são eloquentes. Nada há que acrescentar à demonstração dos altos serviços prestados à cultura.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: o Instituto de Alta Cultura, magnífico organismo, honra do Estado Novo na sua tão notável como proveitosa acção, no desenvolvimento da obra cultural realizada, pôs na renovação e actualização dos problema universitários o melhor do seu interesse.

No Porto a falta de uma Faculdade de Letras faz-se amarguradamente sentir, especialmente hoje, que à Universidade está adstrita uma função educativa, bem compreensível na inquietação espiritual e no anseio de progresso da própria mocidade que a frequenta.

Para suprir ou atenuar a falta desse organismo criou o Instituto de Alta Cultura, em colaboração técnica e económica com a Câmara Municipal, o Centro de Estudos Humanísticos, anexo à Universidade, cuja inauguração se fez em Maio de 1947.

Assim se deu satisfação parcial às legítimas aspirações espirituais e culturais do corpo universitário e da cidade.

Do que tem sido a actividade exercida pelo Centro falam com eloquência não só os rel atórios do magnífico reitor universitário, como os boletins do próprio Centro; a manutenção dos seus cursos, as suas sessões de estudo, a sua revista de cultura portuense -Studium Generale-, repositório das provas de trabalho dos que no Centro de Estudos Humanísticos, com permanente fidelidade, se consagram às tarefas que lhe devem ser próprias, como diz em antelóquio o Prof. Luís de Pina, a publicação em separata de lições feitas por alguns dos seus professores e investigadores, as conferências realizadas por humanistas dos mais categorizados, nacionais e estrangeiros, versando temas respeitantes à literatura, à história, à filosofia, à arte e à, etnografia, a sua numerosa frequência e o nível de valor do seu corpo docente, tão competente como desinteressado. Situa-se em primeiro plano a figura distinta, austera, de um grande espírito, que à vida da Nação tem dado, nos seus diversos sectores, muito do seu generoso e inteligente esforço.

O Prof. Luís de Pina, quer como catedrático da Faculdade de Medicina, quer como Deputado da Nação, quer como presidente da Câmara Municipal do Porto, quer ainda como provedor da sua Misericórdia, tem deixado bem marcada a sua alta. personalidade.

Como director do Centro a sua obra merece o louvor da Nação, pela honestidade e dignidade com que é realizada e pelo muito que representa de amor à cultura e à própria cidade.

E, ao falar do Prof. Luís de Pina, seja-me permitido lembrar um seu colaborador, secretário e professor do Centro Humanístico, o Dr. António Cruz, jornalista, ensaísta, conferencista, notável homem de letras e ilustre, director da Biblioteca Municipal do Porto, espírito da mais alta estirpe, tão devotado às tarefas do espírito.

Sr. Presidente: a frequência do Centro é-nos fornecida pelo mapa que apresento e que a mostra desde a, sua fundação até ao presente:

Ano lectivo de 1947-1948 ........ 103 (35 universitários)

Ano lectivo de 1949-1950 ........ 232 (55 universitários)

Ano lectivo de 1950-1951 ........ 195 (43 universitários)

Ano lectivo de 1952-1953 ........ 310 (50 universitários)

Ano lectivo de 1953-1951 ........ 181 (36 universitários)

(a) O aumento extraordinário de inserções neste ano foi devido ao facto de terem começado a funcionar dois cursos de língua alemã.

Posto que o Centro de Estudos Humanísticos exerça uma intensa actividade cultural de tão grande utilidade, a sua vida é difícil, mantendo-se à custa de grandes e pesados sacrifícios. Impõe-se o restabelecimento da Faculdade de Letras na Universidade do Porto, com todos os privilégios e direitos, em pé de igualdade com as restantes. O vice-presidente do Instituto de Alta Cultura, o grande reitor da Universidade do Porto, Prof. Amândio Tavares, bem compreende essa necessidade, empenhando-se no seu renascimento, pondo-o como cúpula, da vasta obra realizada dentro da sua Universidade.

Porque negar ao Porto direitos e atributos que o tornam merecedor de um instituto de interesse cultural e intelectual, de notável movimentação, onde as humanidades sejam professadas? Não acusa ele um passado cheio das melhores e mais admirável actividades nas letras, nas artes e nas ciências? Ao lado do seu labor fecundo, da sua actividade febril e constante no seu comércio e na sua indústria, viveram sempre instituições para cultura do espírito, amparadas e mantidas pela sua Câmara Municipal. E que excelsas e nobres figuras se erguem perante nós e se recordam, repetindo aqui o que o Dr. Luís de Pina compilou em conferência por ele realizada em 1947:

Na verdade, tantas dessas figuras merecem n nossa admiração, figuras do Porto, desde Vasco de