Numa população a crescer mantêm-se os saldos fisiológicos nos últimos anos, apesar do surto de 1948. O saldo líquido, por motivo da emigração, continua a diminuir. E, se for considerado o ultramar, o saldo líquido ainda desce para 51 678.

Quer dizer: factores inesperados tornaram mais lento o crescimento da população.

Este fenómeno pode ter graves consequências no futuro.

Para que Portugal possa desempenhar a sua função histórica necessita de uma população sadia e em número crescente, tanto na metrópole como no ultramar.

O próprio país metropolitano ainda não está ocupado devidamente. Muitos dos seus recursos económicos esperam aproveitamento, que há-de necessitar de maior densidade demográfica.

Por outro lado, são velhas as normas da política nacional que impelem ao povoamento de novos países ou à manutenção da influência do sangue nacional em nações de origem portuguesa, como o Brasil. O recrudescimento da emigração para este país e para Angola e M oçambique, acentuado nos últimos anos, comprova esta antiga tendência.

Como será possível atender às exigências metropolitanas e ultramarinas, afora as necessidades de além-Atlântico, com o decrescimento da taxa da natalidade acusada nos últimos tempos?

Sendo, aliás satisfatório o fenómeno do decréscimo na mortalidade, que ainda pode ser maior, ele não é suficiente para satisfazer as exigências populacionais.

A ideia de excedentes demográficos, que parece prevalecer em muitos circulos, não considera o que se acaba de dizer.

Devem tentar-se todos os esforços no sentido de impedir agravamentos na taxa da natalidade, por medidas eficazes que tendam a proteger as famílias numerosas.

Não se consideram nesta análise os aspectos morais do problema, por serem óbvios. E não pode haver dúvidas sobre o melhor modo de evitar a emigração excessiva. Só melhoria acentuada no nível de vida pode impedir a saída de contingentes emigratórios como os dos últimos anos. A despesa deste departamento passou de cerca de 7600 contos, em 1940, para mais de 30 000, em 1954. Tem um dos mais altos índices de aumento de despesa.

Quase todas as dependências e serviços tiveram melhorias, que foram importantes nalguns casos, como se nota no quadro seguinte:

(ver quadro em imagem)

(a) Os serviços que competiam à Junta Sanitária de Águas foram integrados nos serviços técnicos da Direcção-Geral de Saúde a partir do 1950.

(b) A diferença para mais é resultante do aumento de subsídios atribuídos ao Instituto Superior de Higiene dr. Ricardo Jorge, aos serviços anti-sezonáticos e aos Dispensários Centrais de Higiene Social de Lisboa e Porto.

Referindo os números a 1953, verifica-se um aumento de 2228 contos, distribuído pela sanidade terrestre e marítima, subsídios e despesas privativas.

Foi grande o acréscimo nos subsídios, ao todo 1796 contos.

A decomposição da verba total mostra que as maiores valias se referem principalmente ao Instituto Superior de Higiene Dr. Ricardo Jorge, a serviços sanitários e a dispensários. A despesa dos serviços anti-sezonáticos subiu para 3000 contos. Tem compensação inscrita no capítulo das «Consignações de receitas», que em 1954 acusa a cobrança de 2142 contos.

No quadro que segue indica-se a distribuição dos subsídios:

(ver quadro em imagem)