(ver tabela na imagem)
A alta nas importações e a baixa nas exportações afectou naturalmente o saldo da balança do comércio e ressentiu-se na cobrança dos impostos indirectos com mais cerca de 21 000 contos, provenientes, na totalidade, das importações.
O nítido aumento nos valores da importação representado por estes números revela as possibilidades de Angola como país consumidor e explica as dificuldades que a partir de 1954 se manifestaram no Fundo Cambial.
Talvez houvesse certo exagero na importação de automóveis para passageiros, acentuada, parece, em 1955. Deve, contudo, recordar-se que a província está em vias de desenvolvimento económico intensivo e que até nos aspectos sociais a existência do automóvel utilitário tem vantagens. Sem entrar a fundo na questão das importações, com o fito de seleccionar as de maior influência na vida interna, parece ser necessário contê-las dentro dos limites de 1953 ou 1954, enquanto não for possível novo surto nas exportações. O melhor aproveitamento do material importado, sobretudo para trabalhos públicos, é certamente uma necessidade urgente.
A baixa desses saldos, assinalada noutra secção do parecer, proveio em parte da descida nos valores da exportação de café de Angola.
Na verdade, as exportações de Angola, sem incluir o café, mantiveram valores idênticos em 1953 e 1954, como se verifica nos números que seguem:
(ver tabela na imagem)
Quer dizer: todas as exportações, excluindo a do café, tiveram o ligeiro aumento de 3000 contos em 1954.
Apesar de diminuições apreciáveis nalguns produtos, a província conseguiu manter a sua exportação no nível do ano anterior.
O facto de a balança de pagamentos da comunidade e o próprio equilíbrio económico das suas províncias dependerem de maiores valias nos preços de um ou outro produto é um dos graves e sérios problemas da vida da Nação. Já se indicou em pareceres anteriores a maneira de o resolver.
A cifra relativa a peixe - farinha, peixe seco, óleo e conservas - ainda não diz tudo sobre esta indústria, que sobreleva já hoje todas as outras, porque, além e produzir para exportação, alimenta larga percentagem dos indígenas e abastece parte dos mercados citadinos.
Não é este o lugar para estudar em pormenor a gama das exportações da província, que pode ser alargada. Mas já hoje ocupam posição de relevo o sisal, o milho, o açúcar, o algodão, as madeiras e outras.
Convém estudar o aperfeiçoamento de cada uma delas, porque, infelizmente, em alguns casos, até nas culturas europeias em que não há necessidades de capital, ainda são fracos os rendimentos.
E, assim, em 1954, a diferença entre as cambiais adquiridas e concedidas foi fortemente negativa - quase se atingiu o déficit de 500 000 contos.
A situação neutralizou-se naquele ano através da conta dos saldos de anos anteriores, e deste modo, de 772 323 contos, que era o Fundo Cambial em fins de 1953, entrou-se em 1955 com apenas 340 749 contos - números ainda sujeitos a revisão, visto tratar-se de registo.
Embora no mercado de valores comerciais representativos de compras e vendas de divisas nos bancos o saldo das divisas compradas a mais fosse bem maior, elas não influíram no respectivo fundo.
O problema da importação e exportação e do Fundo Cambial exige, pois, cuidados especiais, sobretudo quando a província está empenhada em obras de fomento que requerem grandes importações.
Recomenda-se vigilância constante e activa nas operações do Fundo Cambial, que não é difícil nem trabalhosa, mas requer firmeza e observação antecipada dos mercados e preços.