nas povoações se devem em parte a faltas nos meios de transporte, o que não deverá dizer-se de Angola, onde, exceptuados dois ou três caminhos de ferro, a maioria das ligações do interior com os portos do litoral se tem de fazer exclusivamente por estradas, visto terem sido descuradas as possibilidades de rios que, parece, podiam e podem ser grandes auxiliares de uma boa rede de transportes, pela navegação fluvial que podem permitir.

Acabaram por ser reconhecidas estas verdades e está agora em vias de organização, estudo e execução um plano rodoviário que servirá de base a futuros desenvolvimentos. Os problemas levantados pela questão dos transportes em Angola merecem cuidadoso estudo financeiro. Embora os recursos da província, escalonados por anos, possam fundamentar um plano de execução acelerado de meios de transporte, é indispensável ponderar as necessidades mais urgentes e dar-lhes prioridade indiscutível.

O primeiro aspecto é o do dilema estrada-caminhos de ferro. Valerá a pena inverter largas quantias em caminhos de ferro de penetração sem tráfego compensador? Não será mais vantajoso assegurar a penetração por uma boa estrada, que drene para os términos dos caminhos de ferro existentes e estações intermediárias o tráfego actual e o que for desenvolvido pela própria abertura da estrada?

Não poderão ser adiados projectos de vias férreas até melhor desenvolvimento das zonas atravessadas servidas pela estrada?

Tem a província meios financeiros que lhe permitam atacar simultaneamente os dois problemas - o das estradas e o dos caminhos de ferro?

Estas considerações importantes e delicadas precisam de ser cuidadosamente debatidas. O óptimo é inimigo do bom e os recursos são limitados.

O exame do tráfego ferroviário, exceptuando o do Caminho de Ferro de Benguela, que serve um vasto hinterland e tem assegurado transporte de ricas zonas mineiras, é bastante diminuto. Tendo em conta as despesas de manutenção e exploração do caminho de ferro, parece deverem ser cuidadosamente pesados, atravês de previsões, orçamentos e estudos económicos minuciosos, os prós e os contras da construção de um caminho de ferro.

No caso actual será de vantagem construir, por exemplo, o Caminho de Ferro do Congo? Não teria valido a pena adiar a sua construção e servir todo a zona atravessada por uma boa estrada, que encaminhasse para Luanda e estações do seu caminho de ferro os produtos da zona económica? Aliás, essa estrada está a ser construída através da região dos Dembos e terá, pelo menos parcialmente, objectivo idêntico.

Deixam-se estas linhas para consideração dos responsáveis pelo futuro das comunicações da província.

Plano rodoviário O plano rodoviário compreende estudos a efectuar de interesse nas seguintes estradas:

Como se nota, a rede principal, na qual se apoiarão de futuro as estradas regionais, compreende numa primeira fase cerca de 6100 km. Fina parte será asfaltada - cerca de 1500 km -, sendo o restante convenientemente estabilizado, de modo que, na medida das necessidades, possa vir a ter também no futuro pavimento aperfeiçoado.

25. Uma das características de Angola, sobretudo no litoral, é a natureza difícil do solo para a construção de bons pavimentos, que exigem fundações reforçadas para poder suportar tráfego intensivo.