A existência de um laboratório adequado ao estudo dos pavimentos e fundações parece responder a esta necessidade.

A rede de estiadas que acima se indicou procura satisfazer, numa primeira aproximação, diversos fins: um, o dreno para os caminhos de ferro de Luanda, Amboim, Benguela e Moçâmedes dos produtos de zonas intermédias - são as estradas adjuvantes; outro, assegurar comunicações rápidas entre as capitais de distrito e a cidade de Luanda, além de ligar pelo norte, leste e sul a província com os vizinhos. E o caso da E l, que liga Léopoldville à cidade do Cabo, através de Angola, servindo ao mesmo tempo os caminhos de ferro da província. Do mesmo modo Matadi, no Congo Belga, fica ligado a Luanda pela E 4. Outros traçados, nomeadamente o da E -3, põem o Norte em comunicação com o Sul em Pereira de Eça através da capital de Angola.

Finalmente a E 7, com origem no Lobito, atravessará a província no sentido oeste-leste, e no marco fronteiro perto de Teixeira de Sousa, entroncará com a rede do Congo Belga e mais a sul, por nda, com a da Rodésia. O plano de dez anos em que se pretende construir, iniciado em 1954, compreende cerca de 6100 km- que representam a rede acima enunciada. Destes 6100 km, a maior parte ainda é formada por estradas de terra estabilizada. [DEL: :DEL] Tão largo programa de construção em espaço de tempo relativamente curto necessita de organização adequada. A execução dos estudos só por si representa uma tarefa difícil.

Sabe-se a morosidade com que na metrópole prosseguem os estudos, aliás de distâncias muito menores e utilizando mapas às vezes em escalas apropriadas, como a de 1 : 25 000.

Considere-se agora um terreno cheio de vegetação espessa, como em certas zonas de Angola, acidentado e ravinoso muitas vezes, em clima tropical, e Ter-se-á nota das dificuldades em obras desta natureza.

Para concluir o plano dos 6100 km no prazo de dez anos considera-se indispensável estudar traçados definitivos na razão de cerca de 400 a 500 km por ano, visto uma parte já ser conhecida.

Construíram-se para esse efeito brigadas com dois engenheiros, quatro topógrafos, um chefe de acampamento e um capataz, além de cerca de cinquenta indígenas. Julga-se que uma brigada assim constituída, com trabalho no campo durante seis meses, poderá estudar 60 km a 70 km por ano. Hão-de, pois, ser necessárias sete brigadas. Existem actualmente cinco. O encargo de cada brigada é da ordem dos 700 contos por ano, que parece razoável, e, tendo em conta o esforço realizado e as condições em que o trabalho é feito, parece até ser baixo o custo. Assim, os trabalhos de estudo andarão à roda de 5000 contos. Vistas as coisas pela lado prático - das necessidades da província, das condições actuais dos transportes, da conveniência em acelerar a construção da 1.ª fase do plano rodoviário, o critério seguido pela direcção das obras é de aprovar. Se for prosseguido o esforço agora iniciado, embora tardiamente, e não faltarem os meios financeiros para a sua execução, a malha fundamental das comunicações por via ordinária poderá ser em breve uma realidade.

Custo do programa O orçamento do programa rodoviário para os próximos dez anos -conclusão de 6100 km de estradas- arredonda-se .em cerca de 1 000 000 de contos, assim divididos: Trabalhos:

1485 km a 350 contos por quilómetro ............519 450

4637 km a 90 contos por quilómetro ...........417 330 Estudos .......51 000

1 000 000

A alguns parece optimista a estimativa organizada pelos serviços. Se atendermos aos custos metropolitanos, como se publicam noutro passo deste parecer e também se inseriram no do ano passado, a estimativa é baixa.

Há que atender, porém, ao regime de trabalhos iniciado em Angola, que parece ser o mais conveniente para as distâncias e empreitadas de extensão, que permitem o uso de material moderno de grande rendimento, como escavadoras, tractores e outros.

O relator das contas visitou alguns trabalhos. Procura-se reduzir ao mínimo o emprego de mão-de-obra, difícil de recrutar na província e de muito baixo rendimento. Além da vantagem de se poupar mão-de-obra, indispensável noutros misteres que não podem usar meios mecânicos, ou só os usam em pequena escala, o sistema da mecanização das novas estradas tem a grande vantagem de familiarizar o pessoal com o uso de máquinas e assim criar o espírito de rendimento e rápida execução de obras, tão pouco dos costumes nacionais.

Não conhecendo o pormenor dos orçamentos que serviram de base à estimativa do plano, não é possível emitir juízo seguro sobre a sua viabilidade.

Algumas empreitadas em curso parecem justificar o acerto das estimativas. Mas, ainda que elas pequem por defeito no conjunto, a importância da obra e as suas repercussões na vida económica da província são tais que ela deve prosseguir sem desânimo nem delongas.

Todas as considerações de ordem financeira devem ser postas de parte no sentido de não faltar com os