A exploração do Caminho de Ferro do Luanda produz saldos, se considerarmos a diferença entre as receitas o as despesas; a do Caminho de Ferro de Moçâmedes produz deficits, que em 1954 atingiram perto de 5000 contos.

No primeiro houve retrocesso, tanto nas receitas como no tráfego, em 1954; no segundo melhoraram estes dois importantes factores da exploração.

No quadro seguinte dá-se ideia das receitas e despesas nos últimos anos, em contos:

(Ver Quadro na Imagem).

A posição financeira do Caminho de Ferro de Luanda piorou apreciavelmente em 1954, com a diminuição de receitas, que atingiram o máximo em 1903, e por motivo do aumento de despesas.

Tanto o tráfego de mercadorias como de passageiros tive sensível baixa de 1953 para 1954.

Nas mercadorias, com grande projecção nas receitas, a baixa em peso foi da ordem das 37 500 t, num total de 260 000 tem 1953 e 222 500 tem 1954. A quebra no tráfego de passageiros ainda foi maior, visto terem caído de 433 000 para 288 400.

Duas razões concorreram para estes graves sintomas de futuras dificuldades: a crise de exportação e a concorrência da camionagem, patente quando se examinarem as importações de veículos motorizados logo a seguir à conclusão de alguns troços do estradas agora em construção. No Caminho de Ferro de Moçâmedes o déficit é .permanente e lende a manter-se como mostram os números, apesar do desenvolvimento da carga e das receitas.

O Caminho de Ferro do Amboim é deficitário. Os encargos de juros e amortizações de empréstimos concedidos para a sua construção se aperfeiçoamento são pagos por garantia de juros através do Ministério do Ultramar. As receitas andam a roda de 4000 contos i.» as despesas subiram em 1953 para 5460 contos. Finalmente, o Caminho de Ferro de Benguela, que liga o Lobito com o Congo Belga e atravessa a província, tem aumentado sempre as suas receitas.

Partindo de 72 000 contos em 1946, já atingiram 361 000 em 1954, com despesas de cerca de 340 000 contos. Os saldos têm pois, sido altos. Atingiram mais de 100 000 contos em 1901 e perto de 142 000 contos em 1952. Porém, em 1954 reduziram-se para 16 400 contos. O movimento de mercadorias já sobe a 2 088 000$, o que é notável e representa grande aumento desde 1946 (960 000 t). Os números que se acabam de transcrever para o tráfego e receitas e despesas dos portos de Luanda, Lobito e Moçâmedes e dos caminhos de ferro da província mostram hesitação em 1954. O gradual aumento notado na carga, nas receitas e nas despesas, e até equilíbrio nos saldos, fraquejou apreciavelmente - sinal evidente de dificuldades de natureza económica e, no caso dos caminhos de ferro, de concorrência pela estrada.

Os problemas que esta hesitação pode trazer para a província são sérios e convém ajuizar a tempo da situação, porque o erário público é onerado pelos deficits. se os houver.

Os caminhos de ferro servem a economia, mas em zonas já desenvolvidas devem pagar as suas despesas dentro dos limites possíveis.

Haverá, pois, que ser ponderada a construção de novos caminhos de ferro e não permitir a influência de estimativas optimistas de tráfego hipotético.

Quanto aos portos, tanto o do Lobito como o de Luanda têm diante de si um grande futuro, e actualmente as cifras do sen movimento e as das receitas e despesas mostram contínuo progresso. A construção de silos no Lobito há-de ainda reforçar o movimento deste porto. Uma das dificuldade» no desenvolvimento económico de países novos, em formação, é a falta de cartas geográficas em escala própria para reconhecimentos de toda a espécie.

Angola sofreu bastante tempo deste mal, como, aliás, outros territórios africanos. Não são fáceis os levantamentos topográficos. A própria natureza do terreno e as condições climáticas dificultam os estudos.

Os serviços geográficos e cadastrais da província já publicaram algumas cartas e parece que o serviço em muitas regiões está em pleno desenvolvimento.

No orçamento das despesas ordinárias os pagamentos efectuados subiram a 6440 contos em 1954, e o Fundo de Fomento consignara o pagamento de 9465 contos.

Serviço meteorológico A despesa do serviço meteorológico somou 5294 contos. Como é conhecido, os serviços meteorológicos de Angola, e de modo geral do ultramar, trabalham em acordo com os da metrópole. A verba despendida em 1954 com os serviços militares foi de 93 360 contos.

As rubricas mais salientes, além da de pessoal, são ns da alimentação a praças (7528 contos), fardamento e calçado (5034 contos), construções e obras novas (18 580 contos) e despesas com a instrução o preparação militar (4848 contos).