Na melhoria e evolução dos transportes com o Algarve também não pode deixar de ser levada em conta a construção do aeródromo de Faro, realização que não se contém dentro dos limites de interesse regional, mas sim do nacional e -para que não dizê-lo?- do internacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É do domínio público o transtorno que causa a quanto - por avião se dirigem ao continente português e que tem em dias de mau tempo na região da Lisboa de procurar refúgio nos aeroportos do Norte de África e Sul de Espanha.

Sentem as companhias de navegação aérea estrangeiras que fazem escala por Lisboa o quanto lhes custa ir procurar fora do País a segurança que o aeródromo de Faro, como campo de recurso, lhes poderia dar lautas vezes.

Está provado exuberantemente que na quase totalidade dos dias em que isso tem acontecido na província do Algarve o tempo teria permitido uma aterragem fácil.

O conhecimento dos factos, a necessidade de completar a nossa rede de aeródromos -aconselhada como medida de defesa nacional e interesse público- e, ainda, a de pôr à disposição do Aeroporto de Lisboa um recurso sério de segurança são motivos mais do que suficientes para impor a construção urgente do aeródromo de Faro.

As razões conhecidas para adiar a sua construção depois de adiantados estudo» e de volumosas verbas inscritas no orçamento não justificam por si sós, dada a facilidade do as remover, o estudo de indiferença a que este importante empreendimento foi votado depois de o Governo o incluir e pôr em evidência na sua notável política de realizações.

O Algarve deve ser ajudado e olhado desde já com desvelado carinho na resolução dos seus problemas ligados ao turismo para que possa em 1960, data prevista para a inauguração do monumento ao infante D. Henrique, estar em condições de receber com dignidade e conforto tanto viajante ilustre que de todas as partes do Mundo ali se deslocará para prestar homenagem à memória daquele que foi uma das maiores figuras da história universal, no ambiente em que viveu e gerou a epopeia dos Descobrimentos.

Seria de grande gosto para o Algarve e de prestígio para o País ter nessa ocasião a sua projectada rede de hotéis já a funcionar, as suas ligações ferroviárias facilitadas e mais cómodas e o seu aeródromo em movimento.

Ao terminar estas minhas breves considerações faço votos para que este instrumento que estamos a forjar seja de facto o meio útil que se procura para elevar o turismo nacional ao plano desejado e que os homens a quem for entregue o seu manejo o façam com altura sentido de verdadeiro interesse turístico e das realidades nacionais.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão. Amanhã continuará o debate na generalidade e entrar-se-á também na especialidade.

Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 15 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Américo Cortês Pinto.

André Francisco Navarro.

Antão Santos da Cunha.

António Calheiros Lopes.

António da Purificação Vasconcelos Baptista Felgueiras.

Artur Águedo de Oliveira.

Caetano Maria de Abreu Beirão.

Carlos Manterá Belard.

Carlos Monteiro do Amaral Neto.

Henrique dos Santos Tenreiro.

José dos Santos Bessa.

Luís de Arriaga de Sá Linhares.

Manuel Maria Múrias Júnior.

D. Maria Leonor Correia Botelho.

Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque.

Paulo Cancella de Abreu.

Ricardo Malhou Durão.

Ricardo Vaz Monteiro.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Agnelo Orneias do Rego.

António Carlos Borges.

António Russell de Sousa.

António dos Santos Carreto.

Augusto César Cerqueira Gomes.

Camilo António de Almeida Gama Lemos Mendonça.

Elísio de Oliveira Alves- Pimenta.

João Afonso Cid dos Santos.

João da Assunção da Cunha Valença.

Luís Filipe da Fonseca Morais Alçada.

Luís Maria da Silva Liana Faleiro.

Manuel Cerqueira Gomes.

Manuel Lopes de Almeida.

Manuel Maria Sarmento Rodrigues.

Manuel Marques Teixeira.

Pedro de Chaves Cymbron Borges de Sousa.

Pedro Joaquim da Cunha Meneses Pinto Cardoso.

Rui de Andrade.

Propostas enviadas para a mesa:

Proposta de emenda

Tenho a honra de propor que na base VIII do capítulo III da proposta de Lei n.º 515 sobre turismo, sejam suprimidas as palavras inserias a seguir à expressão «interessadas» mantendo-se contudo todo o n.º 2.º da mesma base, que ficará, portanto, assim redigida:

Base VIII A criação das regiões de turismo é da competência da Presidência do Conselho, sob proposta das câmaras municipais ou juntas de turismo interessadas ou com o seu prévio abordo.

2. O decreto que criar a região de turismo delimitará a área que deve constitui-la e fixará a respectiva sede.

O Deputado, Augusto Duarte Henrique Simões