suas posições contra os ataques virulentas do comunismo, que as declarava um crise permanente e anti-social.

E devemos reconhecer que, se algumas vezes a crítica comunista pode ter razão, não a tem nos falsos e catastróficos remédios que propõe.

Precisamente neste momento não falta quem chame a atenção para o que se está passando com a grave crise de abundância de produtos agrícolas de que sofre a agricultura americana, industrializada em regime capitalista.

Como é sabido, a América do Norte protegeu a sua agricultura, garantindo aos seus empresários preços lucrativos e compras maciças das produções.

Perante a impossibilidade de encontrar escoamento para a pletora dos produtos armazenados, em vez de queimar os excessos ou deitá-los ao mar, como fez noutras crises, acaba de resolver pedir aos produtores que limitem as suas culturas, indemnizando-os por cada hectare que deixarem de cultivar!

E ainda o critério capitalista de manter os lucros a todo o custo, mesmo na falta de consumo!

Mas esta situação anómala só poderá manter-se enquanto as outras indústrias n puderem suportar quando, porém, a crise atingir toda a produção industrial - como prognostica Manoilesco -, não haverá outro remédio senão a diminuição fatal dos lucros dos empresários capitalistas ou a sua falência!

Manoilesco considera o sacrifício dos lucros capitalistas excessivos essencial, não só à subsistência da economia ocidental, mas à própria salvação da Europa !

De nada vale multiplicar os produtos pela automatização das fábricas, à busca de maiores lucros, se os operários, despedidos aos milhares, acarem sem trabalho e. por isso, em situação de desemprego e subconsumo.

A tese optimista da fácil reabsorção do desemprego tecnológico começa a cair em descrédito perante as legiões de desempregados que reclamam o direito ao trabalho!

A rentabilidade da industrialização gigantesca e crescente, sem olhar às possibilidades de consumo, é um dos mitos do industrialismo, que nenhum automatismo poderá salvar.

A renda ou os benefícios não poderão ser proporcionais aos investimentos, nem ao aumento da produção, mas apenas às possibilidades do consumo e ao equilíbrio social dos rendimentos.

Daqui a necessidade duma organização corporativa e o valor social e humano duma fórmula económica que assenta na conciliação dos interesses e na garantia da paz social, tão indispensável ao fortalecimento e à defesa da ordem interna, das nações como a coordenação das forças militares o é para a defesa da ordem internacional.

Em conclusão: a reforma corporativa é conveniente e oportuna à defesa da paz social; torná-la possível é um dos imperativos políticos da nossa revolução nacional; e, desde que esse imperativo corresponde ao sentido renovador da história e à defesa dos mais altos interesses nacionais, na possibilidade do seu triunfo está empenhada a honra e o valor da nova geração! Importa, porém, desfazer duas ilusões que a podem comprometer: uma que supõe que a arrancada corporativa poderá dispensar uma persistente e sacrificada batalha; outra que- declara a Revolução Nacional já esgotada de forçam para tamanha empresa, que o mesmo é dizer já vencida pelo derrotismo e pela falta de fé instalados no seu próprio seio!...

Mas a Revolução continua e estamos certos de que os seus condutores saberão afastar todas as ilusões que contrariem os seus objectivos essenciais, e por isso mais uma vez podemos confiar no seu patriótico triunfo.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão. A próxima será no dia 10, e não haverá, portanto, sessões nestes dias intervalares, por ser necessário que as comissões às quais foi mandada baixar esta proposta ultimen o seu exame e se preparem convenientemente para a discussão que vai continuar-se na sessão do dia 10.

Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 15 minutos.

Srs. Deputados que entraram, durante a sessão:

André Francisco Navarro.

António Calheiro Lopes.

Eduardo Pereira Viana.

José Dias de Araújo Correia.

D. Maria Leonor Correia Botelho.

Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque.

Ricardo Malhou Durão.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Abel Maria Castro de Lacerda.

Adriano Duarte Silva.

Agnelo Orneias do Rego.

Amândio Rebelo de Figueiredo.

António de Almeida Garrett.

António Carlos Borges.

António da Purificação Vasconcelos Baptista Felgueiras.

António Russel de Sousa.

António dos Santos Carreto.

Augusto César Cerqueira Gomes.

Carlos de Azevedo Mendes.

Elísio de Oliveira Alves Pimenta.

Francisco Eusébio Fernandes Prieto.

Gaspar Inácio Ferreira.

João Afonso Cid dos Santos.

João Alpoim Borges do Canto.

João da Assunção da Cunha Valença.

João Carlos de Assis Pereira de Melo.

João Cerveira Pinto.

Joaquim de Moura Relvas.

José Gualberto de Sá Carneiro.

José dos Santos Bossa.

José Soares da Fonseca.

Luís Filipe da Fonseca Morais Alçada.

Manuel Cerqueira Gomes.

Manuel Colares Pereira.

Manuel de Magalhães Pessoa.

Manuel Maria Sarmento Rodrigues.

Manuel de Sousa Rosal Júnior.

Pedro de Chaves Cymbron Borges de Sousa.

Pedro Joaquim da Cunha Meneses Pinto Cardoso.

Ricardo Vaz Monteiro.

Rui de Andrade.