O Orador: - São na verdade valorizadoras citas palavras textuais:

Facto proeminente da vida política portuguesa foi o recente Congresso da União Nacional, dado que conduziu u que tivesse projecção pública o tratamento de problemas de cimeira importância e dado que, através de certos discursos de congressistas altamente responsáveis na Administra-lo, da discussão das numerosas teses e, por fim, das conclusões votadas, pôde surgir com ele - para olhos perscrutadores - todo o panorama do estado actual do País, do económico ao social, do cultural ao político, numa represento cão viva e impressionante.

... ter em consideração estes múltiplos aspectos do acto que vem de realizar-se parece ser dever cívico de quantos consagram à causa pública atenção e trabalho.

Adiante os signatários reconhecem que se lhes impôs esse dever; e declaram que lhes determinou sempre satisfação o facto de «ver tratados com elevação e competência alguns dos mais importantes temas nacionais».

Outro período:

Vários destes (portugueses) -fala-se em dois milhares - acabam de trazer à nossa vida política, numa atitude merecedora do maior apreço, o contributo do seu estudo e a prova do seu - interesse frente aos problemas nacionais.

Mas de mistura ou em seguimento destas palavras outras, e numerosas, denunciam, além de irritação pela prova dada da vitalidade da Revolução, a ideia ou o propósito de sempre: a deturpação de intenções, o objectivo dissolvente e desagregador, a estafada insistência pela livre expansão da opinião - de uma opinião que não é opinião pública, mas apenas a opinião que os signatários advogam.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - É certo que a União Nacional não pode alegar poderes monopolizantes para interpretar e manifestar as necessidades e os anseios de todo o «povo português», no que respeita aos problemas básicos de interesse geral.

Mas sabe, sabemos todos, o que significam e a que conduzem os «outros depoimentos» que os signatários da representação pretendem tornar mais conhecidos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O que perturbaria inevitavelmente a paz interna, a «paz dos espíritos» -de que pretendem, talvez humorìsticamente, ser paladinos-, seria, precisamente, permitir o regresso à livre discussão facciosa dos princípios fundamentais cuja execução tem redimido o País e dos melindrosos problemas em que assenta a prodigiosa recuperação política, económica e social de que a Nação tem tão largamente beneficiado.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Fora do pretenso «monopólio» - que, aliás, a União Nacional se não arroga, até porque fora das suas fileiras há muitas inteligências e muitas vontades com idêntico pensar e idênticos propósitos-, mas do imenso e patriótico «monopólio» de ideias e propósitos construtivos, de que a União Nacional pode realmente ser intérprete, fora do âmbito desse «monopólio» só ficam aqueles políticos saudosistas do regime que levou a Nação ao desalento e à ruína e o Estado à desordem e ao descrédito.

Apoiados gerais.

Quando discordaram de actuações, quando criticaram vivamente desusa e imperfeições, quando manifestaram insatisfação, os congressistas da União Nacional fizeram-no, de facto, em inteira liberdade, entregues à lealdade do seu domínio próprio; é porque esses congressistas respeitavam sempre, acima de tudo. os princípios fundamentais; os seus propósitos não eram demolidores, mas visavam o aperfeiçoamento do actual sistema político: as suas intervenções e comentários eram construtivos, tendentes à plena satisfação dos objectivos puros e completos da doutrina política. que todos professam.

Vozes : - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A discussão entabulada, a vivacidade dos debates, a formulação das opiniões em nada se pareceram com as que caracterizariam as assembleias ou comícios que os nossos opositores preconizam, paru inadmissível retrocesso a fórmulas e sistemas que deram já entre nós as suas provas e que são de tão triste memória.

Apoiados gerais.

Sr. Presidente: abstraio de apreciar as opiniões emitidas na representação a que me refiro sobre sufrágio orgânico e sufrágio universal, tanto mais que se pretende deturpar uma das conclusões do Congresso, quando nela fé alude, a uma tendência e a um lógico caminhar progressivo no sentido daquele sufrágio orgânico e a representação a comenta como precipitada e inconveniente indicação para uma realização imediata.

Também não me deterei a sublinhar a falta de autoridade moral desses partidários da velha política demo-liberal ao fazerem ressaltar, jubilosamente, algumas críticas u situação económica do País e ao nível de vida de parta da população.

O Sr. Daniel Barbosa : - Sr. Presidente : peço a palavra.

O Orador: - Traduzem eles essas críticas como denunciantes de a inferioridade» e «atraso»; eles que não querem reconhecer, por mais que aos olhos lhes salte, toda a evolução, todo o progresso económico e social que o País tem vivido desde 1920; eles, cujo desacreditado sistema político a prevalecer desde então não teria feito senão agravar, até às últimas e desastrosas consequências, a vida económica, a vida social da Nação e o «bem-estar humano» a que aludem!

Vozes : - Muito bem, muito bem!

Vozes : - Muito bem, muito bem!