Parece, porém, a um assaz reclamado pedagogista que a reforma a empreender entre nós não devia ter começado pelas sobras públicas belas» e. quanto ao ensino, particularmente, é um erro a construção dos novos edifícios.

E porquê?

Porque antes do pensamento sobre as pedras mortas deve vir o pensamento sobre as pedras vivas.

Ora o conspícuo escritor foi Ministro da Instrução Pública e a sua já fecunda «teta» pedagógica, como então dia íamos nós, estudantes universitários, nada conseguiu produzir.

Sabeis que a mola do sistema britânico consiste numa coisa que, por ser deles, lhe chamaremos como eles chamam: o self-government. Sem dúvida. - prosseguia - a sociedade, a família e o ambiente educam o inglês no self-government: mas lá está também a escola e intundi-lo nesse molde.

E a nossa? Sabe ela ao menos o que isso é? ? Não faz a mínima ideia, e eis uma das razões por que a maquineta não anda.

Ora o sagaz «afinador», como a si próprio hoje se denomina, então Ministro, não logrou lubrificar a maquineta, não obstante o seu talento. A coisa agora anda à volta de «pedras mortas e pedras vivas», como já então parecia depender de lubrificantes ... O plano Dalton havia de vir depois ...

Pedradas injustas, pura não dizer facciosas.

vigor e da cultura da raça, visto que é na escola que a nossa juventude vive e passa a maior parte do dia, definhando-se e atrofiando-se por falta da mais elementar higiene escalar. Adiante ...

O problema actual é já outro e esse não saberia o próprio saudoso e construtivo pedagogo resolvê-lo senão pela improvisarão.

O problema já não é apenas de programas e de métodos. O problema é de volume de frequência, tal como se está observando em quase todos os países da Europa.

Muito interessante revelar o número de alunos matriculados no ano escolar de 1900-1901 nos trinta e três liceus e escolas secundárias municipais, incluindo as ilhas adjacentes, desenvolvimento considerado colossal pelo professor José Maria de Queirós Veloso na sessão de 21 de Agosto de l908 na Câmara dos Srs. Deputados: 3596.

É do conhecimento geral o número de requerentes só no ensino liceal e técnico no ano lectivo actual: globalmente mais de 70 000. Que variedade de problemas, repito, não é necessário dominar!

Assim, no ensino não oficial em regime de internato convém que não predomine a mera intenção lucrativa alias sem projecção pecuniosa no polar professorado seu servidor.

Não há inspecção eficiente nem possível fiscalização ordenadora, e todavia esse ensino impõe-se como absolutamente indispensável para alívio do próprio Estado, cuja intenção deve ser de paradigma e de modelo, para que na congeminação de processos e de artifícios se não venha a cair na lotaria dos resultados.

Os programas do ensino técnico tendem a retundir-se progressivamente e já se fala em opor às humanidades antigas as humanidades técnicas.

Recentemente o Museu Social Francês, com o concurso da Confederação dos Trabalhadores Intelectuais, discutiu a questão das relações entre a técnica e a cultura, emitindo o seguinte voto:

A técnica do ofício determina cultura quando o homem recebe, na verdade, educação profissional, conhecimento e domínio dos instrumentos de trabalho, susceptível de se desenvolver na moral da própria conduta. A competência não pode ser universal e cada um deve integrar a sua actividade no conjunto, e é nisto que consiste a cultura, e não em vãs generalidades.

A secção conclui todavia que na formação técnica como na educação em geral o homem, com fim de si próprio, não deve perder-se de vista.

A técnica, que não é senão um meio, não deve ser tida como um fim.

Esta parece ser a noção do homem adaptada a um século de profunda revolução industrial. O próprio pensamento não é já apenas; uma faculdade de compreensão da verdade, mas um instrumento de acção.

É evidente que o problema é, quanto ao ensino, escolher entre dois caminhos: ou ser um instrumento de formações de élites, como há trinta anos era o ensino secundário, e seleccionar então o seu recrutamento, orientando importantes efectivos para outros graus paralelos, acolhendo todos os candidatos, mas distinguindo os destinados ao verdadeiro escol dos que hão-de preencher os quadros médios da vida pública.

Certos títulos académicos desintegraram-se da nomenclatura profissional corrente e perderam prestígio.

O desemprego intelectual não resulta apenas da a bundância, mas também muito da mediocridade.

Sr. Presidente: por estar no uso da palavra aproveito o ensejo para enviar para a Mesa o seguinte requerimento, que com o ensino se relaciona:

Requerimento

«Ao abrigo das disposições do Regimento, requeiro que, pelo Ministério do Ultramar, me sejam fornecidas as seguintes informações quanto ao ensino liceal e relativas a l de Janeiro de l956: Quadro de professores efectivos do 1.º ao 9.º grupos, discriminados por liceus, grupos e sexos.

2) Indicação dos professores efectivos em exercício do l.º ao 9.º grupos, discriminados por liceus, grupos e sexos.