vês destas palavras de S. Ex.º o Sr. Presidente do Conselho num dos seus formosos discursos:

Até onde responderão pela miséria material e moral do povo a estrada que não foi aberta, o caminho que não foi consertado, a fonte que não se canalizou, a escola que se não mandou abrir, uma lei que se não fez, um despacho que não chegou a ser dado, a desatenção aos abusos, a desprotecção dos fracos?

Nada mais claro nem mais verdadeiro, e, se o Chefe do Governo assim o compreende, podemos albergar fundadas esperanças de que se prosseguirá neste caminho com redobrada energia.

Já não sou interessado como presidente de câmara e suponho que isso me dá mais autoridade para reclamar o alargamento das verbas que se destinam a fim tão útil.

Desculpem-me pelo muito tempo que lhes tomei e pelo muito que os aborreci, tratando tão mal assuntos de tão alto interesse (não apoiados), mas já agora morrerá comigo este jeito de me apaixonar pelos problemas candentes da administração pública, em especial por todos aqueles que mais directamente se prendem com a terra e com os que nela mourejam - dura, apaixonada e patriòticamente.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Amanhã haverá sessão, à hora regimental, com a mesma ordem do dia. Está encerrada a sessão.

Eram 19 horas.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

António Abrantes Tavares.

António Augusto Esteves Mendes Correia.

António Carneiros Lopes.

Carlos Mantero Belard.

D. Maria Margarida Craveiro Lopes dos Reis.

Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque.

Ricardo Malhou Durão.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Abel Maria Castro de Lacerda.

Agnelo Ornelas do Rego.

Alberto Cruz.

Alberto Pacheco Jorge.

Antão Santos da Cunha.

António de Almeida Garrett.

António da Purificação Vasconcelos Baptista Felgueiras.

António Russell de Sousa.

António dos Santos Carreto.

Augusto César Cerqueira Gomes.

Carlos de Azevedo Mendes.

Castilho Serpa do Rosário Noronha.

Ernesto de Araújo Lacerda e Costa.

Gaspar Inácio Ferreira.

Jerónimo Salvador Constantino Sócrates da Costa.

João Afonso Cid dos Santos.

João da Assunção da Cunha Valença.

João Carlos de Assis Pereira de Melo.

João Cerveira Pinto.

Joaquim de Pinho Brandão.

Jorge Pereira Jardim.

José Gualberto de Sá Carneiro.

José dos Santos Bessa.

José Soares da Fonseca.

Luís de Azeredo Pereira.

Luís Filipe da Fonseca Morais Alçada.

Luís Maria da Silva Lima Faleiro.

Manuel Cerqueira Gomes.

Manuel Maria de Lacerda de Sousa Aroso.

Manuel Maria Múrias Júnior.

Manuel Maria Sarmento Rodrigues.

Manuel Marques Teixeira.

Pedro Joaquim da Cunha Meneses Pinto Cardoso.

Urgel Abílio Horta.

Propostas de lei e parecer da Câmara Corporativa a que se referiu o Sr. Presidente no decurso da sessão de hoje: A exiguidade do nosso mercado interno tem constituído desde sempre o mais sério obstáculo ao progresso tecnológico e à expansão saudável das actividades industriais portuguesas.

Sem mercados não pode, com efeito, haver produção, como sem esta não pode haver aperfeiçoamento de fabricos, melhoria de qualidades e técnica progressiva

Não admira, por isso, que, com tais premissas e perante a concorrência externa, a indústria nacional tenda a avançar com dificuldade, não só sob o aspecto da rentabilidade dos empreendimentos, mas até no da própria conquista e conservação dos níveis técnicos de produção que a economia moderna exige e o País cada vez mais necessita.

Porque todo o progresso económico e a elevação do nível de emprego e de vida da população se acham intimamente correlacionados com as possibilidades de expansão do trabalho português no Mundo, compreender-se-á porque se não julga conveniente a manutenção de um tal estado de coisas e se entende chegado o momento de pôr ao serviço da indústria portuguesa um organismo que possa contribuir para corrigir, no campo da técnica, o conjunto de factores adversos que têm obstado ao seu desenvolvimento.

Na verdade, independentemente da fragilidade do mercado que lhe serve de suporte, a grande massa das actividades industriais portuguesas sofre ainda, no geral, de um grave defeito: o de um perigoso e antieconómico superequipamento, associado a uma extrema pulverização de fabricos e unidades.

Daí a situação paradoxal em que essas unidades se debatem, necessitando, para poderem concorrer no mundo de hoje, de altos níveis técnicos em instalações e pessoal, mas cujas potencialidades são contrariadas por uma dimensão e exploração que, não só não permite as amortizações de maquinismos e instalações ao ritmo das actividades similares estrangeiras, como ainda, o que é mais grave, não consente sequer a investigação e a assistência técnica privativa que estão na base de todo o progresso industrial moderno.

São, com efeito, infelizmente, frequentes os casos de indústrias - como a algodoeira, a dos lanifícios, a do papel, a da borracha, a dos resinosos, a metalomecânica e a de fundição do ferro - em que as possibilidades de produção nacional excedem largamente as necessidades do consumo; e mais frequentes são ainda os casos de maquinismos em que os tempos de utilização anual