experimentado, com tão bons resultados, em França, poderíamos salvar muitos deles.

Como já disse o ano passado, estas instituições não são simples estabelecimentos de ensino onde se tratam doentes, mas, como diz Rist, sanatórios onde se faz o ensino!

Aqui renovo o meu apelo aos ilustres Ministros do Interior e da Educação Nacional e aos Srs. Subsecretários de Estado da Assistência e da Educação para a execução da obra. Ela é possível, fácil e vale bem o que nela se gastar.

Ao lado deste problema da tuberculose podiam alinhar-se os da nossa situação no que respeita à assistência materno-infantil, problema a reclamar medidas urgentes e de largo alcance; o da saúde rural, de não menor importância e que pode e deve ser encarado conjuntamente com aquele e outros problemas num plano de larga projecção; o da higiene industrial, hoje praticamente no zero e do qual dependem tantos problemas da mais alta importância que continuamente se estão agravando com o desenvolvimento industrial do País e que dentro em pouco mais graves e delicados serão com os novos rumos da energia nuclear; a remodelação e o fornecimento de meios à Junta Sanitária de Águas; a fiscalização científica do comércio de medicamentos, etc.

No relatório destaca-se a importância da saúde do povo e afirma-se que esse problema vive na dependência doutro mais vasto - o da melhoria das condições de vida e do aperfeiçoamento moral, intelectual e económico do povo.

Isto e verdade, mas também é verdade que nem todos os aspectos da saúde do povo regridem com o mesmo ritmo e paralelamente à melhoria das condições de vida. E alguns reclamam medidas específicas, impõem preferências e soluções urgentes, para evitar que se agravem progressivamente, mesmo a despeito das melhores condições de vida que no País se forem criando.

Mas, como disse há pouco, estes problemas serão oportunamente considerados, para não estar a sobrecarregar esta intervenção sobre a Lei de Meios.

Out ro problema de maior interesse foi apontado no relatório que precede a Lei de Meios para 1957 - o da enfermagem.

Nele se declara que o problema preocupa seriamente o Governo, e traz-se como prova dessa preocupação a enumeração dos três decretos publicados desde 1939 a 1902. visando a organização da enfermagem nos serviços hospitalares e a reorganização do seu ensino.

Prestamos homenagem ao esforço realizado e aos homens do Governo que decretaram tais medidas. Mas lamentamos riamente que os beneficiei que delas resultaram uno tivessem sido tão latos como se esperavam!

Que ficaram muito aquém das nossas necessidades demonstrou-o exuberantemente, com notável clareza e louvável desassombro, S. Ex.ª o Subsecretário de Estado da Assistência Social, no seu magistral e admirável discurso da Misericórdia de Braga.

Nele se afirmou que as 400 alunas diplomadas, em cada ano, pelas nossas 19 escolas de enfermagem estuo longe de cobrir as nossas necessidades e que será necessário quadruplicar de 1960 a 1967 o seu actual rendimento para cobrir as necessidades calculadas para tal data - à volto de 16 000 profissionais de enfermagem, em base de 1500 habitantes, como recomendam os técnicos especializados internacionais. Mas atente-se bem noutro aspecto do problema: se é certo que em 1955-1956 das nossas 10 escolas saíram 421 diplomadas, também é verdade que só 87 são enfermeiras - as outras 334 são simples auxiliares.

Ouvimos com o maior agrado, não só os conceitos expendidos acerca da nobre, indispensável e lata função da enfermeira -demonstração duma clara noção deste problema-, mas também o enternecido apelo que S. Ex.ª fez aos «corações em flor de raparigas que andam buscando um rumos e às que cardem em puro entusiasmo de quererem afirmar-se na vida pelo exercício duma função social útil ou que se debatem na perplexidade às vezes dolorosa de escolher um ganha-pãos.

Foi assim escancarado perante o País, com a nobreza e a elevação re esforço realizado pelo País na construção dos hospitais e noutros sectores da saúde e da assistência públicas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Aquele rendimento há pouco referido das 87 enfermeiras e das 334 auxiliares de enfermagem fiz-nos meditar seriamente sobre o recrutamento que se está fazendo para as nossas escolas de enfermagem, sobre a resposta ao apelo do Sr. Subsecretário de Estado e sobre o nível futuro da nossa enfermagem.

Precisamos de enfermeiras, mas de enfermeiras com n nível cultural que lhes permita fazer subir notavelmente as várias modalidades desta nobre e delicada profissão.

Às exigências de preparação cultural para a entrada na escola e da permanência durante os anos de frequência escolar temos de oferecer, em contrapartida, vencimentos capazes e quadros suficientemente amplos nas várias instituições.

Qualquer rapariga com a instrução primária pode ocupar, sem outras exigências, um lugar de catalogadora ou dactilógrafa, com o vencimento que não anda longe do da enfermeira, sem as responsabilidades inerentes a esta profissão, com um número de horas livres que é muito diferente do destas últimas e sem as limitações que andam ligadas ao exercício da profissão. E, com dobrada razão, assim pensam aquelas que têm o 2.º e o 5.º ano dos liceus.

Se não houver uma reforma substancial neste capítulo, duvidamos muito de que os atractivos de nobreza da profissão possam vencer as vantagens da comodidade e as prementes necessidades da maioria das raparigas, e assim serão baldados os nossos esforços para resolver este delicado assunto.

Confio em que os estadistas esclarecidos que tomaram a peito resolver este problema hão-de encontrar forma de atrair a mocidade feminina de Portugal para uma das mais nobres e generosas missões da mulher.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Há um passo do douto parecer da Câmara Corporativa que não quero deixar sem um