fornecido pelo Anuário Estatístico do Ultramar em relação ao ano de 1905.

Quer dizer: no espaço de cinco anos nem sequer l km de estrada se construiu em Cabo Verde que é talvez a terra portuguesa menos servida de vias de comunicação.

E até sem ter em consideração a apatia e a inactividade durante cinco anos, aquele número, por si sugere-nos reflexões bastante amargas.

Já em 1952 estabeleci a comparação do que se passa em Cabo Verde com o que deparamos nas ilhas adjacentes.

A comparação, se não é inteiramente apropriada, pois existem diferenças a considerar, não deixa, todavia, de ter a sua razão de ser visto que se trata de regiões com a mesma natureza geográfica.

O confronto é impressionante. Dá-nos ideia do abandono a que tem sido votado o arquipélago de Cabo Verde e da sua triste situação em matéria tão importante.

Com uma área superior a 4001) km Cabo Verde tem apenas 557 km de estrada, quando os Açores, com 2300 km2 de superfície, desfruta de 14 70 km de entradas. Só o distrito de Angra, que não chega a atingir a área de 700 km2, dispõe de 451 km de estradas - quase tanto como toda a província de Cabo Verde, onde a ilha de Santo Antão, com 779 km2, tem apenas 60 km de estradas. E note-se: trata-se de uma ilha de excepcionais condições agrícolas, rapaz de produzir importantes quantidades de café, cana sacarina, bananas e laranjas de superior qualidade.

A ilha de Santiago - o celeiro de Cabo Verde -, ilha de grandes possibilidades agrícolas e que é a mais bem dotada de vias de comunicação, tem apenas 218 km de estradas, para uma superfície de 990 km2, quando os distritos do Funchal e de Ponta Delgada, que têm área muito inferior, possuem 369 km e 704 km. respectivamente.

Parece-me também interessante fazer uma ligeira referência às importâncias gastas com a construção e reparação de estradas.

No ano de 1955 foi superior a 29 000 contos a verba despendida pelas juntas gerais, dos quatro distritos autónomos das ilhas adjacentes. Não posso apontar com precisão a quantia gasta em Cabo Verde no mesmo ano, pois as contas publicadas não fornecem elementos para tanto, mas posso sem receio afirmar que ela não passou de escassas centenas de coutos.

Com relação ao ano de 1956 e ao ano corrente já me é possível indicar verbas precisas, extraídas dos respectivos orçamentos. Em 1956 foi atribuída a verba de 340 contos para reparações de entradas e mais 500 contos paru u construção de uma estrada nova na ilha do Fogo. E o orçamento do corrente ano consigna 191 couto» para pequenas reparações. 800 coutos para a reconstrução e grandes reparações e ainda 200 contos para o prosseguimento daquela estrada da ilha do Fogo.

Não obstante o aumento verificado, mantemo-nos como se vê, numa pobreza verdadeiramente franciscana.

Reconhecemos o interesse e a boa vontade de S. Ex. o Governador da província, Dr. Abrantes Amaral. Mas que poderá ele fazer, se não dispõe dos meios necessários ?

não dispõe de recursos para tanto, de esperar é que o Governo faça incluir essas obras no Plano de Fomento em estudo.

Que a inclua e as inunde executar, pois - parece incrível, mas é verdade, -para cúmulo da nossa infelicidade a própria estrada que ligará o norte da ilha de Santo Antão ao Porto Novo, única que se conseguiu fazer incluir no Plano de Fomento em curso, não passou até agora da fase de estudo, apesar de decorridos já quatro anos.

Ë necessário Sr. Presidente, que Cabo Verde seja uma terra bem portuguesa, integralmente portuguesa, não apenas no sentir da sua patriótica população, mas também na fruição dos benefícios de uma administração empreendedora, que aproveite e desenvolva os recursos naturais do seu território.

E necessário que Cabo Verde não constitua uma pouco honrosa excepção neste despertar magnífico e na ascensão gloriosa que tem sido a vida portuguesa nos últimos vinte e cinco anos.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O or ador foi muito cumprimentado.

O Sr. Galiano Tavares: - Sr. Presidente: os serviços agrícolas oficiais de assistência técnica à lavoura no distrito de Portalegre desenvolveram a sua actividade durante largo tempo por intermédio do então Posto Agrário de Eivas, instalado em terrenos do Sindicato Agrícola da mesma cidade, onde hoje se encontra a Estação de Melhoramento de Plantas.

Teve pouca vida o Posto Agrário e a sua acção exercia-se quase exclusivamente nos limites dos terrenos adquiridos, com um agrónomo, servindo de director, um regente agrícola e um prático.

Posteriormente, na Campanha da Produção Agrícola, criada pelo Ministro Linhares de Lima, todos os serviços agrícolas do País tomaram maior incremento, tendo como principal objectivo intensificar a cultura do trigo.

Instalaram-se os respectivos serviços pelo País, dividido em regiões agrícolas, ficando adstritos aos organismos regionais já existentes - postos agrários, postos de fruticultura, etc.