Na estrutura do comércio externo português têm de considerar-se diversos factores antes de formar ideia definitiva.

Sabe-se que a metrópole exporta para o ultramar uma parte importante da sua produção e que a ele recorre para se abastecer de grande número de matérias-primas de que necessita para a laboração das suas indústrias e de substâncias alimentícias. Um exame mais pormenorizado sobre o comércio externo, numa vista de conjunto, indica que em 1954 Angola e Moçambique enviaram para a metrópole cerca de 1 270 000 contos, num total de 1 338 000 contos exportados por todas as províncias ultramarinas, excepto a Guiné, a índia e Macau.

Às duas últimas não devem ter influído perceptivelmente, mas a Guiné manda grande parte da sua produção, sobretudo as oleaginosas, para a metrópole.

Infelizmente os valores desta província não estão completos, por faltarem os das importações do último quadriénio, situação que ameaça prolongar-se e que devia ser corrigida com a possível urgência.

Adiante, nas secções respectivas, será analisado o comércio externo de cada província, e ver-se-á então quais são os seus principais consumidores e os países que lhes fornecem as mercadorias necessárias ao seu consumo.

Embora a metrópole, tanto no que respeita a importação como a exportação, seja o principal mercado de consumo e a bastecimento das províncias ultramarinas, parece ainda haver campo para melhorias sensíveis, dado o desenvolvimento de certas indústrias que requerem matérias-primas de possível produção no ultramar.

Às condições em que em breves anos se desenrolará o comércio numa parte importante do continente europeu, que é simultaneamente fornecedor e consumidor de produtos da metrópole e do ultramar português, hão-de obrigar a uma revisão dos sistemas de trocas hoje em vigor.

Parece deduzir-se, do que se pode prever para o futuro, uma imperiosa necessidade de melhor coordenação, em matéria de comércio externo, entre os territórios da unidade portuguesa.

Essa revisão compreenderia necessariamente o estudo do que poderá ser consumido no ultramar de produtos agora importados do estrangeiro, susceptíveis de serem produzidos na metrópole, e da adaptação de indústrias metropolitanas a necessidades específicas ultramarinas.

O desenvolvimento industrial do ultramar é assunto que não poderá ser agora tratado, mas talvez se possa aconselhar mais intensiva comparticipação de capitais nacionais em indústrias ultramarinas, transformadoras de matérias-primas. À exportação neste caso, e põem-se como exemplo as madeiras, certas fibras e amidos, seria mais valiosa e auxiliaria um povoamento mais intensivo, além de melhorar a balança de comércio.

Mas o problema tem de ser visto também na base do custo do produto fabricado. À existência de indústrias no ultramar, a trabalhar com custos altos, pode dificultar as economias provinciais, em vez de as auxiliar.

Publica-se a seguir um quadro bastante interessante, que permite dar uma ideia das relações entre os territórios nacionais.

Comércio entre os membros da comunidade

(Em milhares de contos)

(Ver tabela na imagem)

Nota. - Não é possível dispor de elementos relativos à Guiné, Índia e Macau.

Um simples golpe de vista mostra que o comércio entre as diversas províncias é bastante pequeno. Por exemplo, em 1954 Angola importou das outras províncias apenas 5000 contos, Moçambique 48 000 contos e S. Tomé e Príncipe 35000 contos - ao todo, as províncias importaram de outras províncias cerca de 100 000 coutos e exportaram para elas apenas 83 000 coutos.

O grande cliente do ultramar é a metrópole, tanto na importação como na exportação.

Em 1955 os quantitativos não se modificaram sensivelmente. À importação total das províncias metropolitanas, que figuram no quadro, subiu para 2 137 000 contos, mais algumas dezenas de milhares de contos do que no ano anterior. À exportação para a metrópole foi ligeiramente superior e cifrou-se em l 374 000 contos. Mas o comércio entre as várias províncias ultramarinas não atinge grandes valores: uns parcos 90 000 contos nas exportações e 118 000 nas importações, sem contar com índia, Macau e Guiné.

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