Não se pode considerar favorável à economia de S. Tomé e Príncipe o ano de 1955. A província tem atravessado crises que se filiam essencialmente na pequena produtividade da sua principal exploração agrícola - o cacau.

Este estado de coisas não é de agora. Já vem de há longos anos e deriva do gradual esgotamento das terras, da falta de substituição das árvores por espécies mais produtivas e convenientemente seleccionadas e da sua idade.

Outros factores têm concorrido para a crise da província. Mas a baixa produtividade parece ser a fundamental. Enquanto não for atacado de frente este problema, a província continuará a sofrer grandemente dos efeitos das variações na cotação dos produtos, porque só a melhoria da produtividade, acompanhada embora de medidas relacionadas com a mão-de-obra e outras, levará a melhores condições económicas em S. Tomé.

A produção unitária dos cacaueiros parece não atingir a média de 300 kg por hectare e é considerada uma das mais baixas, se não a mais baixa, dos territórios produtores.

Ora as condições climáticas e outras são altamente favoráveis a culturas tropicais. O ter deixado cair tão fortemente a produtividade foi, sem dúvida, um erro que a província e, indirectamente, a economia nacional estão a pagar caro no presente momento.

A média da exportação de cacau no decénio de 1910 a 1919 atingiu perto. de 33 500 t e no quinquénio de 1950-1955 desceu para 8000 t - menos de um quarto. Este considerável declínio na produção deveria, sem dúvida, trazer consequências sérias, e se não forem tomadas medidas urgentes no sentido de atalhar o mal, a vida económica da província -outrora próspera - ainda se ressentirá mais.

Não vale a pena investigar agora as causas que impeliram à gradual descida na produção, se originadas nas entidades produtoras ou na indiferença oficial, ou em ambas. O que parece ser indispensável é atacar corajosamente o mal e tomar medidas no sentido de aumentar a produção por hectare, de reocupar terrenos próprios para a cultura do cacau ou de outros géneros tropicais, de diversificar as culturas e assim impedir a quase monocultura na província.

Se for considerado o último triénio, nota-se a predominância acentuada na exportação do cacau. O café, a copra, o coconote e o óleo de palma, juntos, representaram em 1955 apenas o valor de 47 490 contos, num total de exportação de 161 703 contos. O cacau figura na exportação com 113 379 contos. Se fosse possível alargar as produções de qualquer ou, melhor, de todos os produtos acima mencionados, ainda que tal objectivo se alcançasse com redução nas áreas hoje cultivadas de cacau, a economia provincial apresentar-se-ia mais equilibrada e menos sujeita a crises periódicas, que tendem a tornar-se permanentes.

Mas no fundo da questão, quer se trate de quase monocultura do cacau, quer de melhor diversificação, o problema da produtividade é basilar.

Para resolver esse problema há falta na província de um organismo técnico que estude todas as questões relacionadas com a produção de cacau e dos produtos a que acima se faz referência.

A área cultivada da província parece andar à roda de 70000 ha. Destes, cerca de 60000 ha são explorados em regime de plantação de médias e grandes empresas colectivas.

As restantes terras constituem propriedades de agricultores naturais da província, na sua maioria.

O próprio regime da propriedade indica, pois, a possibilidade de formação de um organismo eficiente, essencialmente técnico, encarregado de estudar as razões da baixa produtividade e indicar os remédios. É obra que terá de ser realizada com urgência, porque de outro modo a economia da província, já atingida pela inércia, neste aspecto, de anos passados, continuará a enfraquecer.

Qualquer organismo a constituir deverá evitar peias burocráticas, adoptar métodos práticos e experimentais e recuperar, através de um programa activo, o tempo perdido.

Comércio externo As exportações diminuíram consideràvelmente em 1955 e as importações mantiveram-se. Assim, o saldo, que em 1954 atingira cifra quase igual à das importações, foi reduzido para 36 500 contos - o menor desde 1950, apesar da crise de 1951.

Indicam-se a seguir as importações e exportações, em contos.

O diminuto saldo apurado em 1955 foi devido a duas causas. Em primeiro lugar, o preço da tonelada importada desceu relativamente pouco em relação a 1954. Mas já outro tanto não aconteceu com as exportações, porque nelas a descida das cotações fez descer o preço da tonelada exportada nada menos de 232 unidades, como se nota no quadro seguinte, onde se publicam os índices da importação na base de 1938 igual a 100.