A província de Moçambique tem algumas características económicas que necessitam de ser vincadas ao examinar as suas coutas. Elas diferem, até certo ponto, das de outras províncias ultramarinas.

Um dos factores que muito concorre para a actividade e, de um modo geral, exerce benéfica acção na vida da província é a importância crescente dos seus meios de transporte - sobretudo a influência dos portos da Beira e Lourenço Marques e dos caminhos de ferro que os servem.

Este factor contribui largamente para a balança de pagamentos, que fecha com saldo positivo, e representa na área do escudo um dos elementos preponderantes na sua estabilidade.

O saldo da balança comércio é tradicionalmente negativo - mais de 1 milhão de contos em 1955. Contudo, a posição cambial não piorou. Os rendimentos dos caminhos de ferro e portos, o turismo, acentuado ultimamente no Sul, em Lourenço Marques e em sua volta, e na Beira, e o produto do trabalho de indígenas e até de europeus nos países vizinhos contribuíram para o equilíbrio da balança de pagamentos e neutralizaram os efeitos de um volumoso saldo negativo na balança do comércio.

Procura-se agora alargar o âmbito das receitas do turismo e é possível trazer às praias e outros pontos de interesse na província, como o parque da Gorongosa, muito maior número de viajantes dos países vizinhos.

As próprias condições locais, em relação a zonas do interior situadas a centenas e até milhares de quilómetros do mar, incitam à vinda de maior número de turistas na época própria.

As autoridades moçambicanas têm a noção clara da importância destes anseios de habitantes dos planaltos do interior e procuram adaptar praias, como as de Lourenço Marques, Sepúlveda, Bilene, Beira e outras, às conveniência dos viajantes do interior.

Comércio externo A balança de comércio continua a apresentar um elevado saldo negativo, que em 1955 ultrapassou pela primeira vez o milhão de contos.

É demasiadamente alta esta importância, que foi inflacionada neste ano pelas importações impostas por obras de fomento vultosas no Limpopo, no caminho de ferro do Limpopo e no porto e caminhos de ferro da Beira e outras.

No quadro seguinte dá-se a evolução do comércio externo desde 1938, em milhares de contos.

A seriedade da situação nesta matéria deduz-se da constância ou até decrescimento das exportações e do acréscimo contínuo das importações, que passaram de 1649000 contos em 1950 para 2587000 contos em 1955.

Não é possível fazer este ano um estudo pormenorizado deste importante assunto, mas escrever-se-ão algumas palavras sobre as importações e exportações. E de interesse registar que perto de 50 por cento das importações consistem em máquinas, embarcações, veículos e manufacturas diversas. E, se forem considerados os fios e tecidos, a percentagem eleva-se a perto de 70 por cento.

A província procura apetrechar-se e consome alta percentagem de produtos industriais que não produz. Denota um nível de vida que tende para aumento, e requer maior intensificação de certas indústrias locais.

Nos últimos anos a importação foi como segue, em milhares de contos.

O aumento deu-se em quase todos os capítulos aduaneiros, mas foi mais saliente no dos fios e tecidos e no doa substâncias alimentícias, se bem que também se dessem acréscimos sensíveis em outros. As matérias-primas flectiram por isso, pois desceram de 492000 contos em 1954 para 459000 coutos em 1955.

Em 1955 as maiores importações foram as que constam do quadro que segue, em contos.