Os gastos propriamente ditos da administração geral e fiscalização reduzem-se, deste modo, para 221 264 contos.

A despesa foi maior do que em 1954. Se for subtraído o que se despendeu a mais nos serviços autónomos mencionados, a soma arredonda-se em 9500 contos.

As verbas mais salientes referem-se aos serviços de saúde, de instrução pública, das missões católicas e da segurança pública.

No quadro a seguir indicam-se as despesas para 1954 e 1955, com as variações de um para outro ano. A despesa total destes serviços sobe a 88 142 contos, assim divididos:

Contos

Missão de combate às tripanossomíases..... 7 342

88 142

Nos serviços de saúde compreende-se a verba de pessoal, que é a mais elevada, e a dos diversos serviços anexos, como laboratórios, dispensários, estações anti-maláricas, serviços de combate à lepra, hospitais, manicómios, delegacias, círculos e estações de saúde, nos distritos.

Algumas verbas dos serviços de saúde merecem relevo, como as de dietas, combustível e utensílios de cozinha para todas as suas dependências (8435 contos), medicamentos, apósitos, vacinas, instrumentos cirúrgicos, artigos de farmácia, aparelhos de laboratório (17 628 contos), assistência médica aos indígenas (8756 contos), assistência maternal aos indígenas (2349 contos) e ainda outras.

Algumas doenças graves que afectam as populações indígenas têm sido atacadas vigorosamente nos últimos anos. O combate u mosca do sono, à bilharzíase, à lepra e a outras doenças tem sido objecto de cuidados especiais. Algumas interessantes ideias procuram cortar o mal pela raiz, como a dos fontanários, qu e evitem a promiscuidade das águas, e outras.

Uma das dificuldades com que lutam os serviços de saúde é o nomadismo indígena. Este nomadismo impede uma fiscalização eficaz e o uso de meios que impeçam a propagação das doenças.

O desinteresse do indígena pelo trabalho não depende apenas da sua vontade, espécie de aversão nata. Filia-se também nas suas condições físicas, que são medíocres na maior parte dos casos. As deficiências de nutrição e a falta de higiene são as principais causas de um precário estado físico.

A bilharzíase vesical, a ancilostomíase, a sífilis e outras pestes, além de em certas regiões, a lepra e a doença do sono, converteram durante gerações o indígena num ser débil, apático, que se adapta dificilmente a trabalho intensivo.

Parece que a bilharzíase e a ancilostomíase afectam profundamente a aptidão para o trabalho, pois facilitam muito o depauperamento do organismo.

Uma das condições indispensáveis para evitar a propagação do mal Consiste em impedir que o indivíduo portador de ancilostomíase contamine o solo. No Norte da província promoveram-se campanhas de construção de fossas latrinas, e o pessoal médico, em conjunção com as autoridades administrativas, explicou aos indígenas, em reuniões periódicas, as causas da doença e os meios de a debelar. Parece que este método de evitar a propagação do mal tem dado excelente resultado, pois nota-se cada vez mais o interesse do indígena pela construção de fossas do modelo fornecido pelas autoridades.

O caso dos aldeamentos é mais simples, por haver possibilidade de construir fontanários e abastecer a povoação de água. Este assunto será visto noutro lugar. Mas o problema é mais complicado quando a população se dispersa por largas zonas, em plena mata. No entanto, parece que à face dos resultados obtidos, o indígena vai reconhecendo a validade dos conselhos oficiais e toma, em muitos casos, ele próprio a iniciativa da defesa contra as pragas que mais o infestam.

Assim, a fossa latrina e a água são os dois grandes meios de atenuar a ancilostomíase e a bilharzíase.

A construção de fontes e de poços imunes de escorrências superficiais, em condições que impeçam o indígena de tomar contacto com a água que vai utilizar, é o grande instrumento do combate contra os dois terríveis males que enfraquecem a população. Felizmente que a obra realizada em diversos pontos da província está a tomar incremento, e espera-se que nos anos mais próximos comece a enfraquecer uma das causas mais poderosas do depauperamento da raça. Não se pode dizer que o trabalho realizado seja pequeno, tanto no que se refere às epidemias acima mencionadas como à sífilis, lepra e outras, mas é ainda preciso intensificar as campanhas que já tão bons resultados têm dado.

No caso da lepra, que é um mal sério em certas zonas de Moçambique, como no Norte, há recenseamentos que procuram determinar as zonas e individualizar os doentes.

Construíram-se dispensários nas circunscrições e diversos hospitais. Num, no Boila, perto de António Enes, encontram-se internados para cima de oitocentos doentes. O hospital-granja contém infantário, residência de irmãos religiosos e casas para doentes e sob a sua orientação se colocou o combate à doença em diversas regiões do Norte, que vem desde o cabo Delgado até aos distritos do Niassa e Moçambique.

O problema da lepra parece ter sido atacado com energia nesta parte da província; e, se persistirem o entusiasmo e o esforço agora verificados, ter-se-á dado um largo passo no sentido de enfraquecer o mal. Os problemas da saúde são de grande importância para a província. Não afectam apenas o grau da mortalidade - recuperam também indígenas em fracas condições físicas, aumentam o seu rendimento no trabalho e melhoram assim as suas condições de vida.

Estas realidades já começam a permear a mentalidade indígena o empresas particulares reconhecem hoje