Estas cifras dizem respeito a obras novas. No orçamento das receitas e despesas ordinárias inscrevem-se verbas para a conservação, aquisição e aproveitamento de móveis e imóveis.

De todas, a mais importante refere-se à conservação de móveis, que não é fácil. É dispendiosa em climas como o de Moçambique.

Um apanhado das somas destinadas a este fim e à aquisição de móveis e semoventes pode estabelecer-se como segue, por distritos e em contos:

Como se nota, as verbas de conservação de imóveis são altas e tendem a aumentar.

Na Direcção dos Serviços incluíram-se 3816 contos destinados a suprir deficiências de dotações por intermédio das autoridades administrativas ou outras.

A recente alteração administrativa, com a criação de novos distritos -a antiga província do Niassa é hoje formada por três distritos-, há-de implicar, naturalmente, um acréscimo de despesa na construção de edifícios para instalações de novos serviços ou desdobramento dos que existiam.

Assim, não parece exagerada nem a dotação para novos edifícios nem a da sua conservação.

As dotações acima mencionadas para edifícios não representam a totalidade do que se gastou.

Os distritos, com dotações próprias, constróem edifícios, e às vezes mais economicamente, nas circunscrições e- postos administrativos.

Neste aspecto a actividade distrital é bastante pronunciada, talvez só ultrapassada pelo trabalho interessante nas estradas, ou, antes, picadas, que se abrem ou conservam sob a direcção e impulso da autoridade administrativa - em geral o administrador ou chefe de posto. Nos portos, segundo o apanhado acima descrito, despenderam-se 21 923 contos. Inclui-se nesta verba a soma de 15 000 contos utilizada no porto de Nacala, agora em construção. Mas uma parte importante do que se gastou em portos, em despesas de 1.º estabelecimento, engloba-se nos serviços autónomos, na Direcção dos Serviços dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes. As verbas mais importantes dizem respeito aos portos de Lourenço Marques e da Beira. Adiante se fará maior referência a este assunto. O problema das pontes em Moçambique, como, aliás, também já aconteceu, e ainda acontece com igual acuidade, em Angola, é muito delicado e necessita de ser visto cuidadosamente. Um projecto insuficientemente estudado pode trazer graves prejuízos, com perdas totais do que &e despende. Alguns insucessos sérios nesta matéria trouxeram prejuízos e demoras.

Um projecto de ponte nunca deve ser posto em praça sem a certeza antecipada de que foram previstos todos os possíveis factores que podem influir na sua estabilidade. O princípio é geral e aplicável a todos os países e a todas as latitudes, mas tem maior delicadeza em países novos, onde não há experiência ou existe pouca experiência da estabilidade dos solos e subsolos.

Sondagens cuidadosas, estudo aprofundado do subsolo e de possíveis correntes subterrâneas, o comportamento dos solos sob tráfego intenso, as faixas de rodagem, a acção dos elementos naturais, um sem-número de pequenos nadas, podem influir na estabilidade da ponte e levar à sua irremediável ruína depois de construída ou durante a construção. Se a derrocada for resultante de factores imprevisíveis e insusceptíveis de serem previamente estudados, está-se no domínio das contingências; mas .se a sua ruína resultar de improvisação ou de estudos mal orientados ou cálculos teóricos baseados em fundamento errado ou meras suposições que a imprevidência não permitiu que se estudassem como era mister, então a responsabilidade dos serviços é séria e necessita ser tomada.

Alguns casos em Moçambique requerem atenção, tendo já sido tomadas medidas nesse sentido. Dois suo mais patentes: o do Fungue e o de Tete. Em ambos os casos se provou a necessidade de refundir os estudos e de corrigir os projectos e em ambos houve prejuízos.

A questão não afecta apenas o orçamento, diminuindo as verbas úteis. Também afecta os próprios serviços e a sua idoneidade, além de demorar a entrada em serviço de um instrumento de trabalho que, tanto num como noutro dos exemplos acima citados, é considerado de grande urgência, até do ponto de vista internacional.

No caso do Fungue a estrada onde se situa a ponte liga a Beira a todo o rico interior do distrito de Manica e Sofala e é, além disso, uma estrada internacional entre a África Central, compreendendo as Rodésias e parle do Congo Belga e o porto da Beira. No segundo caso as comunicações da Niassalândia com a Rodésia do Sul, por Tete, são as mais curtas e muito utilizadas.

Espera-se no futuro que os serviços assegurem neste aspecto trabalho rápido e eficaz. As medidas tomadas ultimamente parece corresponderem a necessidades imperiosas.

Estradas O parecer das contas do ultramar relativo ao ano de 1954 classificou como necessidade fundamental em países novos a construção de uma rede eficiente de estradas. Tratou com certo pormenor do caso de Angola e deu a conhecer a malha fundamental das estradas que constituem o plano aprovado e agora em execução naquela província.

O que então se escreveu sobre o problema das comunicações tem significado idêntico e integral em Moçambique.

Esta província é dotada de uma rede de caminhos de ferro que drena para o litoral elevadas cargas de mercadorias. A sua função é muito útil nos dois aspectos de transportar mercadorias dos países adjacentes, como a África do Sul, as Rodésias e a Niassalândia, e de servir ao mesmo tempo as zonas da província que atravessa. Outro caminho de ferro que se antolha de largo